Agronegócio

Preço do leite dispara com custos e entressafra

Combinação de mais despesas no campo e indústria com período de baixa oferta tem pressionado e limitado acesso da população a alimento
Preço do leite dispara com custos e entressafra
A captação de leite em Minas, somente no 1º trimestre de 2022, identificou uma redução na produção de 9,55% | Crédito: Arquivo

Os custos em alta, aliados ao período de entressafra e a uma oferta menor, têm feito com que os preços do leite continuem subindo nos supermercados. Com a forte valorização, o acesso dos brasileiros ao alimento básico tem ficado cada vez mais difícil. De acordo com a pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), somente em Belo Horizonte, no acumulado do ano até junho, o valor do leite pasteurizado já subiu 38,57%.

Representantes do setor produtivo, da indústria e dos supermercados atribuem a elevação exagerada aos custos de produção, que subiram mais de 50% em três anos, puxados, principalmente, pelos preços da alimentação. 

O analista de Agronegócios do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg) Alexandre Gonzaga explica que, devido à alta dos custos, principalmente com a alimentação, a produção de leite no Estado teve queda. E, com a margem comprometida, produtores têm reduzido investimentos e até mesmo saído da atividade. 

“Quando se pega a captação de leite em Minas Gerais, somente no primeiro trimestre de 2022, frente a igual período de 2021, houve uma redução na produção de 9,55%. Isso é resultado dos custos elevados, que já vêm de algum tempo devido à pandemia”, analisa.

Ainda segundo Gonzaga, estudo feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) na pecuária de leite, de janeiro de 2019 até maio de 2022, subiu 56%.

“O resultado dos custos elevados já estamos vendo, que é a queda na captação. Estes gastos estão subindo há mais de três anos. Realmente, os produtores estão investindo menos, reduzindo rebanho, a alimentação e alguns saindo da atividade por falta de lucro. Isso gerou menos leite no campo e disputa acirrada entre as indústrias”.

Entressafra

Gonzaga explica que a menor oferta, agravada também pelo período de entressafra, fez com que, em junho, os preços no mercado spot – entre as indústrias – subissem 42,5%, chegando a R$ 4,96 o litro. “Estamos também na entressafra, com pastagem de menor qualidade. Pela produção de maio, o produtor recebeu R$ 2,70 no pagamento de junho, alta de quase 5%. Para julho, a tendência é de nova valorização”, afirma.

Em janeiro, o preço do leite, no campo, estava em R$ 2,15, o que, na comparação com o valor de junho, representa uma alta de 25,5%. 

Com a queda de produção no campo, a indústria também tem sido afetada e enfrenta alta geral dos custos. O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira, disse que a queda da oferta de leite tem impacto importante no custo das indústrias.

Segundo ele, a baixa de quase 10% na produção representa cerca de 1,8 milhão de litros a menos sendo industrializado no Estado por dia. Nos últimos 12 meses, encerrados em junho, a estimativa é que os custos gerais da indústria tenham subido entre 30% e 35%.

“A indústria está sem disponibilidade de leite no mercado, e isso alavanca os custos. Além disso, outros custos industriais foram atingidos, e muito. Então, temos aí aumento dos gastos com as embalagens, logística, energia, mão de obra. Todos os custos estão aumentados e, obviamente, impactam muito na margem industrial, que fica entre apertada e até negativa dependendo do produto”. 


Celso diz que na produção primária a queda também é justificada  pelo aumento crescente dos custos, principalmente, devido aos preços dos grãos, como o milho e a soja. “São altas muito significativas, resultado da demanda internacional excepcional pelas commodities e agravadas pelo câmbio”. 

Além da alta dos gastos, tanto no campo como nas indústrias, a queda da renda da população também afeta a demanda pelos produtos. 

“É uma equação difícil de fechar. Temos uma indústria com margens apertadas, assim como o produtor no campo. Do ponto de vista do consumidor, hoje, com a renda comprometida pela inflação geral e também dos alimentos, as famílias acabam tendo acesso a uma quantidade menor de produtos e a cesta de lácteos é uma das atingidas”.

Por hora, segundo Moreira, não existe expectativa de mudança de cenário. “Uma redução dos preços vai depender de regime de chuvas satisfatório, para recuperação das pastagens e redução dos custos na propriedade, o que vai refletir em toda a cadeia”. 

Supermercados

Em relação aos preços nos supermercados, Moreira explica que a margem de lucro é variada e os preços livres. Dentre os produtos, o leite e a muçarela, que têm maior giro e menor retorno para o setor supermercadista, a margem fica em torno de 15% a 20%. Porém, em produtos mais sofisticados e com giro menor, como queijos especiais, a margem pode superar 60%.

O presidente-executivo da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Antônio Claret Nametala, diz que o aumento expressivo dos produtos lácteos para o consumidor final é resultado, em parte, da entressafra. Mas, este ano, os custos da agricultura aumentaram ainda mais os reajustes.  

“O aumento no custo do leite é um fator anual. Todo ano esse produto em período de entressafra registra uma alteração que já é prevista. Além disso, é registrado um custo exagerado na agricultura. Seja pelo preço da ração ou de outros insumos para o gado, o preço está em excesso. Então, esses dois fatores influenciam no preço final de mercado,  justificado pela inflação e pelo custo de produção”, avalia Nametala. (Colaborou Dione AS.)

Prêmio revela hoje melhores queijos do Brasil

Brasília – Os melhores queijos artesanais do País serão anunciados hoje, dia 13 de julho, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em solenidade que será realizada de forma virtual, às 14h30, com transmissão pelo Youtube.

A iniciativa faz parte do Prêmio CNA Brasil Artesanal, que valoriza produtos artesanais e tradicionais. Esta edição do prêmio é uma parceria da CNA com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

São 15 finalistas, em três categorias de produtos: artesanais com tratamento térmico; artesanais com 30 a 180 dias de maturação; e artesanais com adições/aromatizados/condimentados.

Os finalistas de cada uma das três categorias irão receber um prêmio em dinheiro, os cursos do Sebrae Empretec e Storytelling e um certificado. O primeiro colocado receberá R$ 6 mil, o segundo, R$ 3,5 mil, o terceiro, R$ 2 mil, o quarto lugar, R$ 1 mil, e o quinto colocado, R$ 500.

Conheça os 15 finalistas:

30 a 180 dias de maturação
Queijos Aiuruoca/MG
Sabor da Alagoa/MG
Roça da Cidade/MG
Parmesão da Generosa/MG
Queijo Cornélia/PR

Tratamento térmico
Maranata Bronze/MG
Perosa/SC
Canastra Melhor de Minas/MG
Lendário da Generosa/MG
Cana Velha Tradicional/MG

Aromatizados
Queijo Sítio da Onça/MG
Queijo Cana Velha /MG
Queijos Almeida Guimarães Rosso/MG
Queijo 3 Irmãos/MG
Queijo Cornélia /PR

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