Preço do leite em Minas tem 4ª queda mensal consecutiva no mês de agosto

O aumento da produção e a dificuldade da demanda em absorver a oferta provocaram, em agosto, mais uma queda no preço do leite. Em Minas Gerais, a redução foi de 0,58%, com o valor médio do litro alcançando R$ 2,70 em agosto, referente à produção entregue em julho. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a retração chega a 5,92%. A desvalorização dos valores pagos aos produtores começou no pagamento de maio, configurando, assim, em agosto, a quarta queda mensal consecutiva.
Conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), assim como em Minas Gerais, em nível nacional houve queda de 0,90% no pagamento de agosto, assim, o litro foi negociado em média a R$ 2,62. Quando comparado com o preço do leite praticado em igual pagamento de 2024, a retração chega a 8,42%, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de julho).
A sequência de queda vista nos preços do leite no campo é resultado do aumento da oferta, em um cenário em que a demanda pelos produtos no mercado final segue aquém do necessário para a sustentação dos valores. Os dados do Cepea mostraram que, em julho, houve um incremento de 1% na produção de leite na média nacional.
O aumento da produção também foi apontado pelos dados preliminares da Pesquisa Trimestral do Leite do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a entidade, no acumulado do primeiro semestre, a produção de leite no Brasil formalizada somou 12,98 bilhões de litros, 6,2% acima da verificada em igual intervalo do ano passado, reforçando a tendência de crescimento observada desde o início de 2025.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“O avanço na produção é explicado, sobretudo, pelos maiores investimentos dos produtores na atividade, devido a margens mais interessantes obtidas desde o segundo semestre do ano passado. O cenário de custos ainda está controlado, com a relação de troca de leite por milho seguindo vantajosa ao pecuarista leiteiro”, explicou a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.
Ainda que as exportações dos primeiros sete meses do ano estejam menores em 5% frente a igual intervalo do ano passado, foram 1,3 bilhão de litros de leite equivalente disponibilizado no mercado, ampliando ainda mais a oferta.
“Enquanto a disponibilidade (produção e importação) avança de forma consistente, o consumo não cresce na mesma intensidade e não consegue absorver a oferta, intensificando as quedas de preços ao longo da cadeia. As indústrias continuam enfrentando pressão dos canais de distribuição quanto aos valores dos lácteos negociados. O mercado de derivados seguiu registrando comportamentos distintos a depender do produto, com estabilidade para o UHT, desvalorização para o leite em pó e alta para a muçarela. Esses resultados evidenciam o momento delicado e a dificuldade dos laticínios em assegurar margem”, disse a pesquisadora.
Conforme os pesquisadores do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite, no leite Spot – negociações entre as indústrias – as cotações arrefeceram ao longo das últimas quinzenas, com maior volume de leite sendo ofertado e menor interesse dos compradores. Além disso, os estoques tiveram ligeiro aumento, há uma forte competição entre laticínios e os varejistas estão buscando recuperação de margens, tudo isso têm mantido o mercado de lácteos mais baixista.
Em Minas Gerais, em agosto, o valor do litro de leite no mercado spot caiu 11,8% frente a agosto de 2024 e 6,2% na comparação com julho.
Para o pagamento de setembro, referente à produção entregue em agosto, a tendência é de nova retração no preço do leite. O Conseleite MG aponta para uma queda média de 1,6% no litro do leite, com o produto sendo negociado em torno de R$ 2,65.
Ouça a rádio de Minas