Agronegócio

Preço pago ao produtor mineiro de leite foi 8,11% menor em dezembro

Preço médio foi de R$ 2,51 por litro; apesar da queda, é maior que em 2021
Preço pago ao produtor mineiro de leite foi 8,11% menor em dezembro
Aumento da oferta e queda no consumo de leite e derivados foram responsáveis | Foto: Eduardo Seidl/Palácio Piratini

O aumento da oferta e a queda no consumo de leite e derivados fIzeram com que os preços pagos aos pecuaristas pelo leite caíssem mais uma vez em dezembro, referente ao produto captado em novembro. De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em Minas Gerais, o produtor recebeu, em média, R$ 2,51 pelo litro de leite, valor 8,11% menor ou R$ 0,22 a menos do que em novembro. 

Apesar do menor valor recebido na comercialização do leite em dezembro de 2022, o preço atual está 16,27% maior que os R$ 2,15 praticados em dezembro de 2021.  

No último mês de 2022, a retração do valor também foi vista nos resultados da média Brasil. Conforme os dados do Cepea, em dezembro, o litro do leite pago ao produtor caiu 6,2% ou quase  R$ 0,17  por litro, se comparado com o valor recebido em novembro. Com a retração, o litro chegou a uma média de R$ 2,52. Esta foi a quarta queda consecutiva ao produtor. 

Em relatório, a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, explica que, apesar das quedas consecutivas, na comparação com o mesmo período do ano passado, é possível observar uma alta real de 13,9% no preço recebido pelo produtor na média Brasil.

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“Considerando-se a média de janeiro a dezembro, de R$ 2,68 por litro, o patamar de preços subiu 13,2% em relação ao registrado em 2021”, explicou.  

A pesquisadora explica ainda que os preços do leite – apesar das quedas nos últimos meses de 2022 – se mantiveram maiores em 2022 (frente a 2021) devido a vários fatores. Entre eles, estão a menor oferta de leite no campo, a redução dos investimentos na atividade e o aumento dos custos de produção.

“Houve redução na oferta, explicada pela combinação de um contexto persistente de alta nos custos de produção e de clima desfavorável por conta do fenômeno La Niña, sobretudo no primeiro semestre. A saída de muitos produtores da atividade e diminuição nos investimentos de médio a longo prazo no campo culminaram em perda no potencial de oferta neste ano”.

Ainda segundo a pesquisadora do Cepea, com matéria-prima limitada, a disputa entre laticínios se manteve acirrada em 2022, sustentando as cotações ao produtor em patamares elevados, principalmente, entre maio e julho – período de entressafra.

“Na entressafra, houve uma queda brusca tanto na captação do leite quanto nos estoques de lácteos.Desse modo, o primeiro semestre ficou marcado pela restrição da oferta e pela subida consistente dos preços ao longo de toda a cadeia”. 

Já ao longo do segundo semestre, os preços voltaram a cair. A grande elevação dos valores tanto do leite como dos derivados em um período de menor poder de compras da população interferiu de forma negativa no consumo. Além disso, com a retomada das chuvas e maior poder de compra dos produtores, resultado da valorização dos preços, houve aumento da oferta de leite no campo. 

“O aumento do preço do leite cru proporcionou ao pecuarista melhor poder de compra frente aos insumos, estimulando a recuperação da produção. A relação de troca com o milho é um bom exemplo: na média de janeiro a novembro, foram necessários 34,2 litros de leite para a aquisição de uma saca de milho de 60 quilos, contra 42,6 litros no mesmo período do ano anterior, ou seja, recuperação de 19,7% no poder de compra”. 

Outro fator que provocou o aumento da oferta de leite no mercado foram as importações. De janeiro a novembro de 2022, o País importou 1,17 bilhão de litros em equivalente leite – alta de 21,4% frente ao mesmo período do ano anterior.

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