Agronegócio

Preços sobem 37% na Ceasa em um ano

Valorização em abril ainda é reflexo dos efeitos do clima adverso do início de 2022 e da alta dos custos de produção
Preços sobem 37% na Ceasa em um ano
Cebola ficou entre as hortaliças que tiveram maior alta de preços, pesando no orçamento | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O clima adverso ao longo dos primeiros meses do ano, que impactou de forma negativa a produção agrícola, aliado ao aumento dos custos de produção, afetou a oferta e os preços dos alimentos, em abril, na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas), unidade Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

No mês, a disponibilidade de produtos ficou 13,7% menor que em março e 6,1% inferior a abril de 2021. Já em relação aos preços, o valor médio do quilo avançou 37,3% frente a abril do ano passado, mas caiu 3,7% se comparado com março. 

Com a movimentação, o faturamento no quarto mês do ano foi estimado em R$ 566,91 milhões na Ceasa Minas, superando em 28,87% os R$ 439,90 milhões registrados em igual intervalo do ano passado.  

De acordo com o chefe da Seção de Informações de Mercado, Ricardo Fernandes Martins, em abril, foram ofertadas 137,57 mil toneladas de produtos em geral, volume que ficou 13,7% menor frente a março e 6,1% inferior a abril de 2021. Em relação ao preço médio por quilo, R$ 4,12, foi observada variação negativa de 3,7% na comparação com março e alta de 37,3% frente a abril de 2021.

“Houve uma diferença muito grande nos preços dos alimentos de abril de 2022 se comparado com o mesmo mês do ano anterior. A situação deste ano tem sido muito pior que a do ano passado, apresentando produtos com altas bem expressivas, principalmente, entre os hortigranjeiros. Isto é resultado do clima adverso, com muitas chuvas nos primeiros meses, aumento dos custos de produção e combustíveis mais caros. Apesar de uma oferta menor, o faturamento cresceu puxado pela alta dos preços”, explicou.

Entre os grupos, o de hortigranjeiros apresentou uma oferta de 110,47 mil toneladas. O volume ficou 11,2% menor frente a março e 5,3% inferior se comparado com abril do ano passado. O preço médio do quilo, R$ 3,81, retraiu 0,8% frente a março, mas subiu 49,4% na comparação anual.

Dentro do grupo, as hortaliças tiveram uma oferta de 55,83 mil toneladas, queda de 10,8% no mês e de 8,4% no ano. O preço médio por quilo, R$ 3,92, avançou 2,6% no mês e 76,6% no ano. 

“A alta foi puxada por alimentos que são importantes e foram muito castigados com o clima adverso, como a batata, a cenoura, a cebola, e estão pesando bastante no orçamento”.

Os produtos que mais influenciaram a alta média no setor de hortaliças foram quiabo (47,5%), chuchu (45,5%), batata (42,9%), couve-flor (6,3%) e cebola (5,1%).

Entre as quedas de preços, os destaques foram repolho, com retração de 29,1%, beterraba (-25,2%), pepino (-24,7%), abóbora-japonesa (-24,6%) e cenoura (-21,9%).

Frutas

As frutas também sofreram com os problemas climáticos. A oferta do grupo caiu 10,1% frente a março, com cerca de 49,99 mil toneladas ofertadas. Na comparação anual, a queda foi de apenas 0,3%. O preço médio, R$ 3,48, recuou 3,9% frente a março, mas subiu 30,3% se comparado com abril de 2021.

Entre as frutas que apresentaram redução de preços em abril, frente a março, os destaques foram mamão-formosa (-45,3%), melancia (-30,1%), abacate (-22%), banana-nanica (-17,1%) e limão-tahiti (-10,5%). Das frutas com variação positiva, os principais exemplos foram morango (8,3%), banana-prata (4,6%), goiaba (4,3%), laranja-pêra (2,5%) e manga (2,3%).

A oferta de ovos somou 4,65 mil toneladas, redução de 24,6% no mês e no ano de 15,2%. O preço médio do quilo ficou em R$  5,90, redução de 1,2% frente a março. Na comparação com abril de 2021, foi verificada alta de 16,4%.

No caso dos cereais, foram ofertadas 2,06 mil toneladas, volume 22,7% menor. Frente a abril de 2021, houve redução de 26,4%. O preço médio do quilo, R$ 4,16, caiu 2,01% na comparação com março.

Os produtos industrializados tiveram uma oferta de 25,03 mil toneladas em abril. O volume caiu 22,5% frente a março e 7,4% se comparado com abril de 2021.O preço médio do quilo encerrou o mês em R$ 5,51, gerando frente a março uma retração de 7,8%. No ano, a alta chegou a 15%.

Alívio no bolso

Para maio, as estimativas são mais positivas. De acordo com Martins, com a redução das chuvas, a tendência é de uma maior produção de alimentos, o que pode colaborar para preços mais acessíveis. 

“Observamos que o preço de vários hortigranjeiros, na primeira semana de maio, ficou menor. Em média, a redução do valor do grupo foi de 9,2% se comparado com abril. O clima mais favorável tem contribuído para uma melhor oferta”, completou.

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