Produção de azeite tem dobradinha entre BA e MG

Um caminhão refrigerado carregado com mais de 1,6 tonelada de azeitonas partiu do município baiano de Rio de Contas, na Chapada Diamantina, com destino ao Sul de Minas Gerais. O objetivo da viagem, de mais de 20 horas de duração, foi levar os frutos para a extração do primeiro azeite extravirgem de azeitonas plantadas no Nordeste do Brasil.
A extração do azeite ocorreu em Maria da Fé, no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). No total, foram produzidos 280 litros de azeite que serão analisados por especialistas da área. Atestar a qualidade final do produto será mais um passo para consolidar de vez a entrada de municípios baianos no mercado de azeites extravirgem brasileiros.
Essa foi a primeira vez que uma região da Bahia produziu azeitonas em quantidade e qualidade suficientes para produção de azeite. Segundo o empresário Christophe Chinchilla, o plantio das mudas foi realizado em uma fazenda experimental de Rio de Contas há cerca de quinze anos.
A primeira colheita, ainda modesta, ocorreu em 2018. Três anos depois, e após algumas correções agronômicas, a nova colheita animou o empresário e outros produtores da região.
Arbequina
O primeiro azeite baiano foi extraído de azeitonas da variedade Arbequina, cultivar trazida para o Brasil por pesquisadores da Epamig na década de 1990. Na Chapada Diamantina, também estão plantadas outras cultivares adaptadas ou desenvolvidas pela Epamig, como a Grappolo 541 (MGS GRAP 541), Ascolano 315 (MGS ASC 315) e a brasileira Maria da Fé (MGS Mariense).
Christophe diz acreditar no potencial produtivo e no terroir das oliveiras de Rio de Contas. “Aqui na região já temos produtores em outros municípios com pequenas floradas. Tudo isso sugere que o potencial da Chapada Diamantina é grande. Sem contar o terroir de Rio de Contas, que é muito especial. Temos um microclima muito diferenciado e tudo que sai daqui possui uma qualidade incrível”, destaca.
Ainda de acordo com Christophe, a história de plantio de azeitonas na Chapada Diamantina começou com o seu pai, Didier Chinchilla. Natural do sul da França, região de Provence, Didier queria encontrar no Brasil condição edafoclimática que lembrasse de alguma forma sua terra natal, famosa pelo plantio de oliveiras e produção de azeite. Em Rio de Contas, o francês se sentiu “em casa” ao constatar dias com tempo seco, noites frias e ventos constantes.
Um dos principais requisitos para se obter azeites de qualidade é proceder com a extração logo após a colheita das azeitonas. No entanto, a estrutura de maquinários requer investimentos consideráveis. Foi por esse motivo que Christophe optou por realizar a longa viagem da Bahia até um dos lagares mais próximos, em Maria da Fé. (Com informações da Epamig)
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