Produção de ração animal registrou crescimento de 5% no ano passado

Em 2020, o pagamento do auxílio emergencial no Brasil e a demanda externa maior fizeram com que a produção de proteína animal fosse estimulada, gerando maior demanda para a indústria de ração animal. Desta forma, a produção ficou 5% maior que em 2019 e somou 81,5 milhões de toneladas de ração. Para 2021, as estimativas são cautelosas. O aumento dos custos e a limitação de renda da população podem impactar de forma negativa a produção e demanda por proteína animal.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a expectativa inicial é de um crescimento mais conservador na fabricação de ração, na ordem de 2,3% neste ano frente ao exercício anterior.
Minas Gerais responde por cerca de 10% da produção nacional, que gira em torno de 7,5 milhões a 8 milhões de toneladas ao ano. No Estado as maiores demandas vêm das produções de aves, bovinos de corte, leite, frangos e suínos.
Para 2021, a estimativa é que o percentual de participação de Minas no volume nacional de ração animal recue, já que uma das produções mais fortes no Estado é a de leite. Devido aos custos elevados, baixa rentabilidade e ao mercado retraído, a tendência é de redução da produção.
“Minas Gerais é um importante produtor de leite, por isso, é possível que a participação em 2021 seja ligeiramente menor. Estamos com um ritmo de demanda por ração menor no setor, que enfrenta custos elevados e queda de consumo. Com o fim do pagamento do auxílio emergencial e aumento do desemprego, houve queda no consumo de derivados lácteos. Além disso, ao contrário das demais proteínas, exportamos pouco leite, o que limita a rentabilidade já que grande parte dos custos é dolarizado”, explicou o vice-presidente executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani.
No País, em 2020, a demanda aquecida no mercado interno, devido ao pagamento do auxílio emergencial, favoreceu o aumento da produção de carnes e de leite, o que contribuiu para a expansão da produção de ração.
Além disso, em termos globais, a pandemia de Covid-19 impactou países produtores de proteína animal, dificultando o fornecimento. Com isso, muitos mercados se voltaram para a produção brasileira, que respondeu e ampliou a participação no fornecimento de carnes, estimulando a produção na indústria de ração animal.
“No ano passado, fomos surpreendidos positivamente e crescemos 5% sobre 2019. O auxílio emergencial permitiu que as famílias consumissem mais proteína animal. Também tivemos uma demanda forte do mercado internacional, principalmente da China”, disse Zani.
Para 2021, a tendência é de um crescimento mais moderado, de 2,3% e 83,4 milhões de toneladas. “Este ano, a população está sem o auxílio emergencial, que quando for pago, será menor que o do ano passado. Isso interfere na demanda pelas proteínas. Além disso, os custos de produção estão muito altos, pela valorização da soja, milho e farelo de soja, o que impacta no setor produtivo. Por outro lado, com o dólar elevado, a tendência é de exportações aquecidas”, explicou.
Outro desafio diz respeito ao controle da pandemia, o que precisa ser feito através do aumento da vacinação. Com os números da doença batendo recordes, outras medidas têm sido adotadas, como a limitação do funcionamento das atividades econômicas. Isso impacta na renda das famílias e, consequentemente, no consumo de proteínas.

Produção na indústria de ração animal
Em 2020, a produção de proteína animal cresceu no Brasil. Para atender a demanda, a produção de ração para frango de corte aumentou 4%, somando 34,2 milhões de toneladas. De acordo com o Sindirações, o elevado patamar de preços do milho e farelo de soja pode limitar em 1% o avanço da demanda por rações ao longo de 2021.
Já para as galinhas de postura, a demanda chegou a 7,2 milhões de toneladas de rações, avanço de 5% frente a 2019. Ao longo de 2021 a moderação no alojamento deve se ajustar naturalmente à demanda mais fraca e em consequência, a produção de rações para galinhas de postura deve avançar 2% e somar 7,3 milhões de toneladas no corrente ano.
No caso de suínos, a produção foi de 18,8 milhões de toneladas de ração, aumento de 6,2% frente a 2019. A demanda chinesa e o auxílio emergencial dinamizaram a cadeia produtiva no ano que passou. É provável que o ritmo contínuo ainda verificado nos embarques ao exterior permita estimar a produção de 19,3 milhões de toneladas e avanço de 3% durante 2021.
Além disso, em 2020, o plantel de bovinos leiteiros demandou 6,4 milhões de toneladas, um avanço de 3,1%. O encarecimento da alimentação dos animais por conta do forte aumento do preço do milho, farelo de soja e dos insumos importados ainda sem previsão de retrocesso pode limitar a produção das rações a 6,6 milhões de toneladas e culminar no avanço de pouco mais de 2% em 2021.
Nos bovinos de corte, durante o exercício passado, a produção de rações e concentrados alcançou 5,48 milhões de toneladas, incremento de 6%. Considerando a continuidade do bom desempenho exportador da carne vermelha, é provável chegar a uma produção de 5,73 milhões de toneladas, ou um avanço de 4,5%.
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