Agronegócio

Produção de ração recua no País no 1º semestre

Queda na demanda com alta dos custos, principalmente no segmento do gado de leite, influenciou significativamente resultado
Produção de ração recua no País no 1º semestre
Foto: Alisson J. Silva/Arquivo DC

O aumento significativo dos custos e a maior dificuldade em repassar essa alta para o mercado final têm impactado a cadeia produtiva de proteína animal e, consequentemente, a demanda por rações. Ao longo do primeiro semestre, a produção de ração animal no País caiu 1,1% frente a igual período do ano anterior, somando 38,7 milhões de toneladas. 

Mesmo com a queda, a estimativa é recuperar o volume ao longo deste semestre e encerrar o ano com um montante de 81,9 milhões de toneladas, 1,3% a mais. Apesar da perspectiva positiva, o índice de crescimento está abaixo do projetado no início do ano, que previa uma alta de 3,5% sobre 2021.

Entre os segmentos, os mais afetados foram o de gado de leite, com queda de 4,3% no volume produzido de ração, e aves poedeiras, com retração de 6,3%.

De acordo com o CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, o arrefecimento da demanda da cadeia produtiva de proteína animal, com destaque para a produção de ovos e de leite, tem como principal fator o encarecimento dos custos de produção, principalmente, os ligados à alimentação, como o milho, a soja e o farelo de soja. 

“Os custos de produção aumentaram muito, e com essa dificuldade em conseguir repassar esse adicional de custo para frente, a cadeia diminuiu muito a capacidade de compra. O produtor perdeu a rentabilidade, trabalhou boa parte do primeiro semestre no prejuízo, porque ficou bem mais caro produzir um animal, e o preço de venda não acompanhou”, disse.

Conforme os dados do Sindirações, entre janeiro e junho, foram produzidas 38,7 milhões de toneladas de ração animal no País, volume que retraiu 1,1% frente ao mesmo período de 2021.

Dentre os segmentos, a produção de ração bovina caiu 4% e chegou a 5 milhões de toneladas. A fabricação de ração para gado de leite baixou 4,3% e para corte, 4%. É esperada certa recuperação ao longo do segundo semestre e a estimativa é encerrar o ano com queda de apenas 0,2% sobre 2021, com a produção chegando a 12,1 milhões de toneladas.

No setor de aves, a fabricação foi de 21,3 milhões de toneladas de ração, retração de 3,7%. A maior queda neste segmento foi vista na ração para poedeiras, -6,3%, com a produção de 3,36 milhões de toneladas. Para o restante do ano, é esperada pequena recuperação, com o volume total de ração para aves chegando a 42,6 milhões de toneladas e encerrando o ano com alta de apenas 0,1%. 

“A produção de leite e de ovos foram as mais impactadas pelo aumento dos custos. Ao contrário das demais cadeias, o volume exportado destes setores é pequeno. Nos demais setores, os produtores recebem em dólar, o que minimiza, razoavelmente, o aumento de custo. Ovos e leite praticamente não exportam, então eles não têm esse reforço”.

Ainda segundo Zani, Minas Gerais tem uma grande participação na produção de ração para gado de leite, respondendo por cerca de 12% da produção no Brasil.

No primeiro semestre, foram produzidas 9,6 milhões de toneladas de ração para suínos, volume que superou em 6,5% o fabricado em igual período do ano passado. Para o encerramento do ano é esperada elevação de 4% na produção total de ração, somando 20,5 milhões de toneladas.

Segmento pet em alta

As rações para cães e gatos apresentaram bons resultados, encerrando o primeiro semestre com alta de 4,1% e totalizando 1,53 milhão de toneladas. De acordo com Zani, o setor também sofreu com a alta dos custos, mas os tutores mantiveram as compras.

“Embora o setor também sofra com o aumento do custo, o tutor parece menos resistente ou mais resiliente à alta dos preços porque tem essa relação emocional envolvida. Mas o aumento das vendas não significa que houve ganhos em faturamento. No setor, também há muitas opções, e o consumidor pode ter migrado para rações de preços mais acessíveis”.

“Esperamos uma recuperação no segundo semestre. A produção maior na safrinha de milho vai contribuir para o arrefecimento do preço. Ainda tem o pagamento do auxílio para as famílias, que vão gastar mais com alimentos. Outro ponto favorável foi a desoneração de impostos sobre os combustíveis e energia elétrica, que impactam muito nos custos dos setores. Também é esperada continuidade nas exportações de carnes bovina, suína e de frango. Para atender a esta demanda, será necessário produzir ração e, por isso, esperamos recuperar o volume e encerrar o ano com alta de 1,3%”.

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