Agronegócio

Produção mineira de azeite tem expansão

Estado fabricou 60 mil litros do óleo em 2022; segundo a Epamig, tendência é de crescimento nas próximas safras
Produção mineira de azeite tem expansão
Os azeites produzidos em Minas Gerais se destacam pela maior qualidade e frescor | Crédito: Epamig/Divulgação

As condições climáticas satisfatórias e a maior maturidade das oliveiras foram importantes para que a produção de azeite voltasse a crescer. Em 2022, foi registrado um volume recorde de 100 mil litros de azeite produzidos na região Sudeste, sendo Minas Gerais responsável por 60 mil litros.

A produção, que está em fase final de safra, já é 100% maior que a registrada no ano anterior, quando o clima adverso interferiu na produtividade. A demanda pelos azeites mineiros, conhecidos pela qualidade superior e frescor, é crescente e vem estimulando o ingresso de novos produtores na cultura.

A tendência, caso o clima se mantenha favorável, é que a produção cresça significativamente nos próximos anos. Além do maior ingresso de produtores, o amadurecimento dos olivais vai favorecer o crescimento.

É importante ressaltar que o primeiro azeite extravirgem do Brasil foi extraído em Minas Gerais. O feito ocorreu em 2008, graças aos trabalhos da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Ao longo de 14 anos, a atividade ganhou novos produtores, expandiu para outros municípios e estados e vem conquistando o mercado nacional e ganhando prêmios internacionais.

O coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira, explica que a produção de azeite está concentrada na Serra da Mantiqueira, sendo Minas Gerais o maior produtor da região. 

“A tendência é que a produção de azeite seja crescente. Mas, nos últimos dois anos, devido ao clima, o volume retraiu de 80 mil litros para cerca de 50 mil em 2021. Este ano, registramos a maior produção da história, resultado de condições climáticas muito satisfatórias, com um inverno bastante rigoroso que favoreceu a floração das oliveiras. Outro fator é que parte das nossas plantas estão com idades mais avançadas, o que favorece a produtividade. Temos também pomares mais jovens, de produtores que estão ingressando na atividade agora”.

Ainda segundo  Oliveira, a produção de azeite na Serra da Mantiqueira é feita por cerca de 200 olivicultores, número que é crescente. O estímulo vem do mercado promissor. O Brasil é um dos maiores consumidores do produto e a grande maioria do azeite é importado. 

“Em 2020, o Brasil importou 100 milhões de litros de azeite e produziu apenas 300 mil litros, somando o volume da Serra da Mantiqueira e do Sul do País. Há uma grande diferença entre os produtos importados e o nacional. O tradicional de prateleira é produzido em outros países e chega ao mercado brasileiro meses após a colheita. Já o nacional chega ao mercado logo após a colheita, apresentando maior frescor. O melhor azeite é o azeite novo”.

Comercialização

Com maior frescor e qualidade superior, a aceitação do produto é grande. Mesmo com maior valor agregado, a produção, geralmente, é comercializada facilmente.

Os principais clientes dos azeites mineiros são os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O produto é vendido tanto pelos produtores como em empórios, rotas turísticas, festivais gastronômicos e lojas especializadas. 

“Tem um grupo de consumidores que está disposto a pagar mais caro por produtos de maior qualidade. Isso não acontece somente com o azeite, também é visto nos cafés especiais, queijos, cachaça. O consumidor está disposto a pagar pela qualidade e pela experiência diferenciada. Essa pequena fatia de 300 mil litros, mesmo com os importados na mesma categoria,  de certa forma é facilmente absorvida pelo mercado”, disse. 

Com uma produção ainda pequena, diante do potencial, o litro do azeite mineiro é vendido, em média, a R$ 140. Porém, os preços podem variar bastante, já que existem diferentes tipos de cultivos, inclusive, de azeites orgânicos.  Nas feiras, o produto também é vendido em garrafas de 250 ml, com preços variando de R$ 40 a R$ 70, dependendo da marca e do cultivo. 

Outro fator que tem estimulado o consumo é a qualidade, que também já é reconhecida no mercado internacional, onde os azeites de Minas Gerais têm conquistado diversas premiações. Mesmo com uma extração ainda jovem – cerca de 14 anos -, se comparado com países tradicionais da Europa, onde a extração acontece há mais de mil anos, o produto mineiro concorre de igual para igual.

No mundo, os azeites já foram premiados, por exemplo, no Concurso Mundial de Azeites de Nova York (NYIOOC) e também no Concurso Internacional de Azeites de Oliva (Evo IOOC), realizado na Itália. Os certames estão entre os cinco maiores e mais conceituados do mundo para a avaliação do produto.

“Os azeites brasileiros estão sendo enviados para concorrer com outros em regiões tradicionais e eles têm se destacado, são muitos premiados. Isso é importante para a valorização do produtor,  que se sente confiante e prossegue na cultura e também incentiva o ingresso de novos. Para o consumidor, é interessante para que ele entenda o valor agregado dos produtos e mostra que o azeite mineiro está concorrendo com os italianos, portugueses e gregos e conquistando prêmios”.

Potencial

Para que a produção siga crescendo, as pesquisas na Epamig não param. De acordo com Oliveira, a entidade desenvolve vários estudos que têm o objetivo de melhorar as técnicas de plantio, cultivos, tratos, podas, manejo, adubação, técnicas que favoreçam a produtividade e demandas novas que vêm dos produtores. 

“As pesquisas não param porque é uma cultura muito nova na região. São apenas 14 anos se comparamos com a região do Mediterrâneo, que desenvolve a atividade há milhares de anos. Para nós, por ser uma região totalmente diferente da tradicional, estamos caminhando no cultivo e todo ano são criadas novas tecnologias, novas metodologias e formas de se cultivar. Assim, vamos fechando os elos até ter estabilidade de produção”. 

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