Safra mineira de grãos deverá encolher 2,3%, aponta a Conab

A safra de grãos 2018/19 caminha para o encerramento em Minas Gerais. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado deve finalizar o período com a colheita de 13,7 milhões de toneladas de grãos, queda de 2,3% frente à safra passada, que foi recorde. O clima desfavorável em algumas épocas do ano justifica a redução. Neste ano, o destaque em crescimento foi o algodão, cuja produção aumentou 76,5%. Produtos importantes como o milho e a soja apresentaram queda de 0,9% e 8,5%, respectivamente. Os dados são do 10º Levantamento da Safra de Grãos 2018/2019, divulgado ontem.
Em Minas Gerais, a área plantada na safra foi de 3,4 milhões de hectares, variação positiva de 1,7%. Já a produtividade caiu 4,4%, com rendimento médio de quatro toneladas por hectare.
Dentre os produtos, o destaque positivo ficou com o algodão. Em Minas Gerais, a área de plantio foi de 41,8 mil hectares, representando incremento de 67,2% em relação ao exercício passado. Segundo os pesquisadores da Conab, o aumento é decorrente dos excelentes resultados na safra anterior, além das expectativas promissoras para o mercado do algodão. Houve um aumento de 5,6% na produtividade, que somou 4,18 toneladas por hectare.
O aumento na área e na produtividade impactou nas previsões para a produção final, e a expectativa é de que 175,1 mil toneladas de algodão em caroço sejam colhidas até o fim de julho, indicando elevação de 76,5% em comparação a 2017/18. Os técnicos da Conab ressaltam que existem indicativos de queda de qualidade dos primeiros produtos colhidos, particularmente pela alta umidade nas lavouras de algodão situadas em áreas de relevos mais baixos.
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Feijão em alta – Aumento também é esperado na produção total de feijão em Minas Gerais. De acordo com os dados da Conab, a produção estimada é de 532,1 mil toneladas, elevação de 3,6%. A produtividade ficou 0,8% maior, com rendimento de 1,5 tonelada por hectare. Nesta safra, a área de plantio total cresceu 2,7% e somou 348,5 mil hectares.
O aumento na produção total de feijão é resultado da elevação na segunda e terceira safras, uma vez que, no primeiro ciclo produtivo, foi verificada queda de 20,1% no volume colhido, que chegou a 158,4 mil toneladas.
Com o recuo de produção na primeira safra, os preços valorizaram e estimularam o maior plantio da segunda safra de feijão. A área ficou 12% maior, com o uso de 130 mil hectares. O clima foi mais favorável e a produtividade avançou 22,6%, com a colheita de 1,5 tonelada por hectare. O resultado foi uma segunda safra 37,3% maior e somando 192,3 mil toneladas de feijão.
Devido aos preços ainda valorizados, a terceira safra de feijão deve crescer 3,6% em Minas Gerais, com um volume estimado em 181,5 mil toneladas. A área de plantio ficou 4% maior, alcançando 68,4 mil hectares.
Segundo o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Cleverton Santana, a expectativa em relação à terceira safra de feijão é positiva, principalmente pela maior parte da área a ser irrigada.
“A terceira safra de feijão apresentou expansão na área, que veio para regularizar a oferta das demais safras. Nesse período, a cultura tem maior segurança e pode ter a produtividade maior, principalmente por ter a maior parte irrigada, o que reduz muito os riscos climáticos”, disse Santana.
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Segundo o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Minas Gerais, a área de milho na safra de verão foi 9,3% menor, em comparação com a safra anterior, em razão do aumento das áreas de plantio com soja, pela maior rentabilidade e liquidez em comparação com o cereal, que também apresenta custo de produção bem superior ao custo de produção da oleaginosa.
A estimativa aponta para uma produtividade média de 6,14 toneladas por hectare, redução de 6%. A elevação da temperatura e a descontinuidade das chuvas entre o final de dezembro de 2018 e janeiro de 2019 influenciaram na queda. Foram também identificadas áreas com infestação de cigarrinha, transmissora do enfezamento, reduzindo consideravelmente as produtividades estimadas em algumas regiões produtoras. Com a queda na área e na produtividade média, a colheita do milho primeira safra ficou em 4,59 milhões de toneladas, variação negativa de 14,8%.
Já a área do milho segunda safra aumentou 8,6% em relação à safra passada. A área de milho segunda safra foi bastante estimulada pela antecipação da colheita da soja e pela possibilidade do aproveitamento integral da janela climática, criando a expectativa de bons rendimentos na lavoura. A estimativa é de uma produtividade média de 6,5 toneladas por hectare, que, se alcançada, será 31,9% maior que a registrada em igual safra do ano anterior. A expectativa é de colher 2,4 milhões de toneladas de milho, alta de 43,3%.
“A segunda safra de milho foi ampliada e segue a tendência observada nos anos anteriores. A colheita já foi iniciada, e a maior parte da cultura está em fase de amadurecimento dos grãos, o que já reduz o risco climático e de perdas”, explicou o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Cleverton Santana.
Com a expectativa positiva em relação ao rendimento da segunda safra de milho, a produção total do cereal, em Minas Gerais, deve ficar em torno de 7 milhões de toneladas, variação negativa de apenas 0,9%.
De acordo com os técnicos da Conab, a soja é um produto com forte liquidez, que tem proporcionado um quadro de suporte dos preços no âmbito interno, reforçando a aposta anual dos produtores no incremento de área para esse produto. Em Minas Gerais, na safra 2018/19, foi verificada expansão de 4,4% na área de plantio da soja, que alcançou 1,57 milhão de hectares. Apesar do incremento, a produção ficou 8,5% menor, com a colheita encerrada em 5 milhões de toneladas. O clima desfavorável fez com que a produtividade recuasse 12,4%, caindo de 3,6 toneladas por hectare para 3,2 toneladas por hectare atualmente.
Sorgo e trigo – No Estado, a área de sorgo está estimada em 226 mil hectares, apresentando aumento de 7,4% em relação à safra anterior. Segundo os dados da Conab, a expansão só não foi maior devido à indisponibilidade de sementes. O clima favorável, o menor custo de plantio e a maior resistência à seca são os principais atrativos para o investimento nas lavouras. O plantio foi finalizado em abril e as lavouras se encontram, predominantemente, em fase de florescimento e maturação. Com uma produtividade média esperada de 3,62 toneladas por hectare, a produção poderá alcançar 818,6 mil toneladas, aumento de 11,7%.
Para a safra 2018/19, a projeção é de que Minas Gerais produza 210,5 mil toneladas de trigo, volume que, se alcançado, será 1,6% maior que o registrado na safra anterior. Neste ano, houve incremento de 3,3% na área plantada, que somou 86,5 mil hectares. A produtividade média foi estimada em 2,4 toneladas por hectare, queda de 1,7%. Quanto à produtividade média, a tendência de redução é em razão da incidência de doença em algumas lavouras, especialmente aquelas plantadas mais cedo.
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