Produção de pinhão movimenta R$ 3,5 mi no Sul de Minas e auxilia na preservação ambiental

A produção de pinhão tem se consolidado como uma importante fonte de renda e aliada na preservação ambiental nos municípios da Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais. Em Delfim Moreira, segundo maior produtor da semente no Estado, a safra deste ano deve alcançar 500 mil quilos, movimentando cerca de R$ 3,5 milhões.
Com aproximadamente mil hectares de araucárias produtivas, o município adota práticas de manejo sustentável, que garantem a conservação do ecossistema e o fortalecimento da economia local. “Temos uma produção expressiva (60 quilos por árvore e renda total anual de R$ 3,5 milhões). Esse manejo mantém o ecossistema natural e traz renda para os produtores”, salienta a secretária municipal de Agricultura de Delfim Moreira, Joelma Pádua.
Plantio de árvores
Para ampliar as oportunidades de mercado e garantir melhores preços durante todo o ano, está em construção uma unidade processadora de pinhão no município, fruto de uma parceria entre a prefeitura, a Embrapa Florestas e a Avon. A expectativa é que a nova estrutura entre em operação já na próxima safra.
Além da agroindústria, o município aposta no reflorestamento. Por meio do viveiro municipal, são produzidas mudas de araucária enxertada, que são distribuídas gratuitamente aos produtores locais.
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“O viveiro produz mudas de araucária enxertada, que são doadas aos produtores locais. Já temos mais de 400 araucárias plantadas com essas mudas”, conta o extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Túlio César Meireles. A empresa pública também oferece suporte aos agricultores da Associação Araucária, incentivando o plantio e o manejo sustentável.
A mobilização em torno do pinhão vai além da produção. A prefeitura, em parceria com a Emater-MG e a Associação Araucária, também realiza ações de educação ambiental nas escolas e promove o tradicional Festival Gastronômico do Pinhão, que valoriza o produto local. Em outubro, Delfim Moreira sediará um seminário dedicado à preservação das araucárias.
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“O pinhão é uma fonte importante de renda, o que ajuda na preservação das araucárias. A prefeitura, em parceria com a Emater-MG, tem nos incentivado a plantar mais árvores. Também fazemos o Festival Gastronômico do Pinhão e, com a unidade processadora da associação, teremos vários produtos”, diz a produtora Mariana Sousa, da Associação Araucária.
Atualmente, também ocorrem ações de conscientização ambiental nas escolas e, em outubro, haverá um seminário sobre araucárias no município.
Safra menor
Apesar das iniciativas positivas, a safra de 2024 foi impactada por fatores climáticos. Segundo a Emater-MG, houve uma redução de 50% na colheita, encerrada ainda em maio, antes do fim oficial da temporada, que vai até julho.
“Tivemos uma quebra de 50% na safra por questões climáticas. Os fortes temporais do começo do ano atrapalharam a polinização (a araucária fêmea produz a flor, que recebe o pólen da árvore macho pelo vento), além do calor estar mais intenso”, explica o extensionista da Emater-MG.
Com pouca oferta, o valor do quilo do pinhão teve uma forte alta, compensando as perdas de receita. “Por ser um produto da biodiversidade, o pinhão tem garantia de preços mínimos pela Conab. Temos 175 produtores/extrativistas, que pegam a subvenção, mas neste ano os preços do pinhão saltaram de R$ 3 para R$ 6 o quilo e nem foi necessário o serviço”, diz.
Atualmente, cerca de 2 mil produtores participam da atividade de colheita de pinhão em Minas Gerais. Segundo levantamento da Safra Agrícola 2024, da Emater-MG, os maiores municípios produtores são:
- Itamonte (1,2 tonelada),
- Alagoa (700 mil quilos),
- Delfim Moreira (500 mil quilos),
- Baependi (480 mil quilos)
- e Marmelópolis (475 mil quilos).
(Com informações da Emater-MG)
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