Produtores de algodão terão nova usina em 2023

Para estimular a produção de algodão no Norte de Minas Gerais, está sendo construído, em Catuti, o Centro de Desenvolvimento de Tecnologias Algodoeiras de Catuti (Cedetac). Com investimentos próximos a R$ 6 milhões, a estimativa é inaugurar o espaço entre maio e junho de 2023 e já utilizar a usina de processamento na safra. Além do espaço para beneficiamento do algodão, técnicos e produtores da região serão capacitados.
De acordo com o diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), Lício Pena, a construção da unidade é fundamental para a região, que já foi uma importante produtora de algodão e tem grande potencial.
A construção do Cedetac foi concebida dentro do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas) e recebeu apoio de diversos parceiros, como a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores, Amipa, da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e da Cooperativa de Produtores Rurais de Catuti (Coopercat).
“O centro é fruto de uma política pública que vai fazer diferença junto aos produtores de algodão da região. Hoje, a produção é beneficiada em miniusina com capacidade de apenas oito fardos por dia. Com a nova usina, essa capacidade será ampliada para quatro fardos por hora. Os produtores terão a possibilidade de beneficiar mais algodão, com maior qualidade e rapidez. Isso é importante para estimular a produção da agricultura familiar, ajudar na maior geração e distribuição de renda”, explicou.
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A expectativa é que a inauguração ocorra entre maio e junho de 2023, data que permite o processamento da safra que será plantada em breve. De acordo com Pena, a parte civil está pronta e a parte elétrica está em andamento.
“Este é um projeto muito importante que irá beneficiar muitas famílias da agricultura familiar em toda região do Norte de Minas, inclusive do Jaíba. Além de estimular a produção, o centro trará maior segurança ao agricultor, que terá onde beneficiar a produção”.
A região Norte de Minas já teve uma produção relevante de algodão nas décadas de 1970 e 1980, quando a cultura ocupava mais de 100 mil hectares. Hoje, o algodão é cultivado em apenas 1 mil hectares.
“Agora a produção tem toda possibilidade de crescer. O algodão é cultivado pela agricultura familiar, ocupando nas propriedades das famílias de 1 a 2 hectares.Temos tecnologia para a produção no Semiárido, e a Amipa, via Proalminas, tem custeado técnicos para levar a assistência técnica aos associados. Também temos um engenheiro agrônomo que visita a região uma vez por mês”, disse.
Em novembro, segundo Pena, está prevista uma capacitação para os técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) para apoiar este projeto.
“Esperamos que, após a inauguração do centro, haja um aumento significativo na produção do algodão, já que o beneficiamento é o limitante da evolução”, explicou Pena.
A cultura de algodão no Estado
Na safra 2021/22, Minas Gerais plantou uma área de 29,4 mil hectares e já está com 99% do algodão colhido. Do total, cerca de 70% está em fase de beneficiamento e comercialização. A maior parte da safra, cerca de 70%, é vendida no próprio mercado mineiro, via Proalminas. A estimativa é que os 30% restantes sejam exportados. O Estado deve encerrar a safra com um volume de 45 mil toneladas de algodão em pluma, 4,6% a menos.
Em relação aos preços, os mesmos estão oscilando muito. “Devido à recessão mundial, há expectativa de queda de demanda pelo algodão. Além disso, temos a guerra entre Rússia e Ucrânia, lockdown na China e juros e inflação altos no mundo.Tudo isso retrai o consumo e há sentimento de recessão econômica no mundo. O Brasil está na contramão, mas o Brasil, por si só, não mexe com o mercado”, disse o diretor-executivo da Amipa.
Com todos os fatores, o preço do algodão caiu significativamente. Hoje, a arroba de pluma é vendida a R$ 190, em média, mas, em Minas Gerais, devido ao Proalminas, a cotação está pouco acima de R$ 200.
Mesmo com a diferença, o valor gera margem apertada para o produtor, que enfrentou uma alta relevante dos preços. O valor ideal seria algo em torno de R$ 240 por arroba de pluma.
“Apesar da queda dos preços atuais, por outro lado, teremos uma oferta menor de algodão no mundo devido às enchentes na Índia e Paquistão e seca nos Estados Unidos. Serão cerca de 1 milhão de toneladas a menos na produção mundial. Ainda não sabemos qual a influência disso nos preços”, concluiu.
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