Agronegócio

Produtores de queijo Cabacinha estão mais próximos da regulamentação

Aberta até 19 de março, consulta pública do IMA vai permitir que produtores e especialistas contribuam para normatização do queijo artesanal típico do Vale do Jequitinhonha
Produtores de queijo Cabacinha estão mais próximos da regulamentação
Iguaria típica do Vale do Jequitinhonha é produzida há várias gerações e feita de leite cru, sem pasteurização, moldada em forma de cabaça | Crédito: Divulgação SEAPA / Diego Vargas

Uma iguaria típica do Vale do Jequitinhonha está muito próxima de ser mais valorizada e ganhar mercado. O queijo Cabacinha avança rumo à formalização e um grande passo para a legislação deste tipo de queijo artesanal foi dado no último dia 17. Após longas pesquisas realizadas por órgãos e instituições estaduais e federais para embasar a elaboração de uma lei específica, chegou a vez do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) conduzir a próxima etapa: a regulamentação.

O órgão abriu consulta pública para que a sociedade contribua com sugestões sobre a portaria que estabelece o regulamento técnico de identidade e qualidade do queijo Cabacinha.

Produtores e demais agentes da cadeia produtiva têm até o dia 19 de março para participar desta etapa. “A consulta é um mecanismo de participação social que permite aos interessados ajudar a definir políticas públicas mais alinhadas às necessidades do setor”, destaca o gerente de Inspeção de Produtos de Origem Animal do IMA, André Duch.

Essa formalização é fundamental tanto para a valorização da tradição dos produtores do Vale do Jequitinhonha quanto para a garantia da segurança alimentar dos consumidores. O queijo Cabacinha é produzido a partir de leite cru, ou seja, não passa por pasteurização. O que isso significa? Se o leite utilizado for proveniente de uma vaca doente e sem fiscalização sanitária adequada, há risco de transmissão de doenças, como a brucelose, que pode ser transmitida pelo consumo de produtos contaminados.

De acordo com o instituto, a regulamentação traz regras claras sobre boas práticas de produção agropecuárias e de fabricação, garantindo que o leite utilizado seja de animais saudáveis e que todo o processo siga normas higiênico-sanitárias rigorosas. Com a portaria, apenas queijarias registradas no IMA ou no Serviço de Inspeção Municipal (SIM) poderão produzir e comercializar este queijo, além disso, todo o leite utilizado deverá ser proveniente da própria propriedade, sob inspeção regular. Outra regra muito importante presente na regulamentação é que processamento do leite na propriedade rural precisa começar até 90 minutos após a ordenha, garantindo toda a segurança no produto final.

Tradição e sustento

O nome Cabacinha vem do seu formato característico, semelhante a uma cabaça e sua produção artesanal tem grande influência da imigração italiana. Com o tempo, a receita foi adaptada às condições locais, tornando-se um símbolo da cultura alimentar brasileira. A tradição do queijo Cabacinha não se restringe a Minas Gerais. Em Goiás, é produzido há mais de 80 anos em municípios como Santa Rita do Araguaia e Mineiros.

Produzido há várias gerações no Vale do Jequitinhonha, o queijo Cabacinha é mais do que uma iguaria típica da região. Ele é a exclusiva fonte de renda para inúmeras famílias. Com a regulamentação em andamento, a expectativa é que os produtores tenham mais segurança para expandir seus negócios, agregando valor ao produto e conquistando novos mercados.

“O regulamento técnico reforça o reconhecimento do queijo Cabacinha como um produto artesanal único e incentiva sua valorização no mercado. A legalização abre portas para que eles possam ampliar suas vendas e tenham mais segurança na comercialização”, pontua Duch.

A legislação também fortalece a identidade desse queijo artesanal, garantindo que mantenha suas características únicas. Além disso, o registro em órgãos de inspeção, como o Serviço de Inspeção Estadual (SIE), o IMA, garante aos produtores comercializar o produto legalmente em todo o Estado, ampliando a renda e impulsionando a economia local. (Com informações do IMA)

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