Cerca de 330 mil produtores mineiros já foram afetados pela seca

Cerca de 330 mil produtores rurais das regiões Norte, Noroeste e Nordeste de Minas já foram afetados pela forte estiagem que atinge as áreas. É o que revela o levantamento concluído pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) em 241 municípios e que aponta as perdas causadas pela seca no período de outubro a dezembro deste ano. O abastecimento de água está comprometido em 78,4% das propriedades rurais, prejudicando o consumo de pessoas e dos rebanhos.
Segundo a empresa pública, a área de grãos perdida soma 92 mil hectares, principalmente de milho, feijão e soja. A estimativa é que 91,3% das lavouras deixaram de ser irrigadas e que 71% do que já foi semeado deverá ser replantado, caso haja chuva suficiente nas próximas semanas.
Na pecuária, o levantamento aponta que em 56,4% das propriedades o estoque de volumoso para alimentar o gado (cana, silagem e capineira) está esgotado e 27,8% têm quantidade suficiente somente para os próximos 15 dias. Apenas 15,8% das áreas pesquisadas possuem alimentação suficiente para o gado para o período de 30 dias.
Os números mostram ainda que a produção de alimento para os animais em 2024 está comprometida em 95,9% das propriedades. Além disso, a oferta de pastagem para o rebanho no próximo ano é insuficiente para atender às necessidades dos animais em 85,9% dos estabelecimentos.
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Seguro
A orientação é que os produtores prejudicados pela estiagem e que adquiriram crédito de custeio com seguro – um exemplo é o Proagro – procurem a instituição financeira e façam a Comunicação de Perdas (COP). É o agente financeiro o responsável por designar um perito para fazer o levantamento para comprovar as perdas.
Já os produtores que possuem operação de crédito sem a contratação de seguro ou aqueles que têm operação de investimento contratada devem procurar o escritório da Emater-MG e solicitar a elaboração do Laudo Técnico de Prorrogação de Dívida. Com este documento, é só ir à instituição financeira para negociar o pagamento. A prorrogação das dívidas é possível em casos como frustração de safra por fatores adversos e dificuldade de comercialização de produtos.
Garantia-Safra
Outro instrumento voltado para os pequenos produtores é o Garantia-Safra, programa do governo federal em parceria com os governos estaduais e municipais. Ele atende agricultores familiares na região de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em caso de perda de pelo menos 50% da safra devido à estiagem ou ao excesso de chuvas.
Os produtores inscritos no Garantia-Safra devem apresentar ao banco a solicitação de vistoria e indicação do técnico vistoriador, no período de 2 de janeiro a 1° de março de 2024.
Ações
A Emater-MG tem uma série de orientações para os produtores rurais que vivenciam períodos de secas. É preciso investir ao longo dos anos em técnicas que podem reduzir os efeitos da estiagem. Entre as ações indicadas pela empresa estão o uso de técnicas de conservação de água no solo como o plantio direto; manejo da vegetação; sistemas agroflorestais; manejo de pastagens; plantio em nível e terraceamento; conservação de estradas rurais e carreadores, construção de estruturas de barramento e drenagem e a implantação de bacias de captação de água das chuvas.
Faemg
A Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) já expressa preocupação com a estiagem em grande parte do Estado, especialmente nas regiões Norte, Vale do Mucuri e Jequitinhonha. Em nota oficial, confirma que já há impactos nas atividades agrícolas e pecuárias e a falta de água compromete o abastecimento para o gado e para a população de alguns municípios.
Em conjunto com a Associação dos Sindicatos de Produtores Rurais do Norte de Minas (Aspronorte) e os demais sindicatos das regiões afetadas, já atua para tentar minimizar os problemas. “Estamos colaborando com os órgãos governamentais, tanto estaduais quanto nacionais, com as instituições financeiras e com os parlamentares mineiros, buscando atenção e ações imediatas. O objetivo é mitigar os efeitos das adversidades climáticas e promover a resiliência do setor agropecuário”, aponta trecho do comunicado. (Com informações da Emater-MG e Faemg)
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