Produzindo a carne do futuro com a genética zebu pura melhoradora

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) pretende expandir o uso da genética zebu pura melhoradora para produzir a carne do futuro. O objetivo é tornar a produção cada vez mais sustentável e produtiva ao levar a melhor genética para todos os portes de criadores. Com isso, é esperado ganhos na produtividade por hectare, na qualidade final do produto e, assim, gerar mais renda para o pecuarista.
O presidente da ABCZ, Gabriel Cid, explica que o Brasil se destaca no cenário mundial como um dos principais produtores de carne bovina devido às condições climáticas, ao manejo, e, em especial, às raças zebuínas que compõem mais de 80% do rebanho nacional.
“Temos mostrado a evolução da redução da idade de abate com o aumento de peso de carcaça, consequentemente, é o trabalho que a associação faz, que os criadores que vendem genética, seja através de touros ou através de sêmen, fazem de melhorar a eficiência, a produtividade produzindo mais carne em menos tempo, consumindo menos”.
Ainda conforme Cid, a produção precisa avançar, pois o grande desafio do Brasil é ampliar a qualidade da carne para atender mercados mais exigentes, em especial os mercados da Ásia.
“Para o Brasil poder acessar esses mercados, precisamos olhar, agora, para a melhorar ainda mais a qualidade da nossa carne, avançar mais em maciez e em sabor. Isso, a gente consegue fazer por seleção genética e queremos dar acesso a todos os produtores do País para que possam de fato melhorar a qualidade. Desta forma, além de abastecer o mercado interno, vamos exportar um produto de melhor qualidade e, cada vez mais, abrir novos mercados para a carne brasileira”.
Conforme o gerente de fomento dos programas de melhoramento genético da ABCZ, Ricardo André Marques Abreu, hoje, o Brasil é uma referência no melhoramento genético, porém, essa tecnologia ainda não chega à maior parte do rebanho nacional. O assunto foi discutido durante o Congresso Nacional da Carne (Conacarne), que aconteceu em Belo Horizonte.
“A genética melhoradora atinge, de fato, dentro das fêmeas de corte apenas 47%. Nós temos 53% de fêmeas no Brasil cobertas com boi de boiada. Então, o grande desafio é que a gente possa democratizar a genética Zebu PO avaliada”, explicou.
A genética zebu pura melhoradora é o que faz do Brasil o maior exportador de carne bovina do mundo e o segundo maior produtor. Através do melhoramento é possível levar precocidade, ganho de peso, padronização da carcaça, além de ampliar a qualidade da carne em relação à textura e sabor.
“Queremos levar essa genética para todos os criadores, seja ele pequeno, médio ou grande. Com o acesso a essa genética, ele com certeza vai produzir mais carne em menos tempo e com maior rentabilidade para toda cadeia produtiva, em especial para o criador. É isso que nós acreditamos. Na contribuição dos produtos e serviço da ABCZ para essa carne do futuro”.
O melhoramento dos rebanhos é alcançado através do Programa Carne de qualidade do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ). O projeto, que conta com mais de 17,5 milhões de animais avaliados, auxilia os criadores no processo de seleção da fazenda, identificando os bovinos mais precoces, férteis e de melhores índices de ganho de peso. Além de agregar valor ao rebanho, tem a vantagem de diminuir o custo de produção por unidade de produto e melhorar a relação custo/benefício.
Abreu explica que aumentar a produtividade de forma eficiente e através da genética melhoradora será essencial para que o Brasil expanda a produção e atenda a demanda mundial crescente por alimentos.
“Temos o desafio e a capacidade de continuar abastecendo o mundo com carne bovina. Hoje, 60% da população está na cidade, mas, a estimativa é que em 2050 esse índice suba para 70% da população morando na cidade e 30% no campo. Serão mais de 10 bilhões de pessoas em 2050. O Brasil vai alimentar o mundo em proteína animal. Já somos referência em melhoramento genético para o mundo inteiro, e temos muito espaço para crescer. Uma das grandes filosofias da ABCZ é que o criador conheça de fato as suas fêmeas, pois é a partir disso que se dá a mudança desse cenário”, explicou Abreu.
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