Agronegócio

Projeto Biomas orienta produtores rurais

Projeto Biomas orienta produtores rurais
Em cada região foi selecionada uma propriedade rural, onde todo o estudo foi realizado | Crédito: Evandro Rodney

Para auxiliar de forma efetiva os produtores rurais a se readequarem e promoverem a regularização ambiental dos imóveis rurais, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) criaram, em 2010, o Projeto Biomas.

Ao longo dos últimos anos, foram realizadas pesquisas nos seis biomas brasileiros em busca de soluções e técnicas para recuperação das áreas com o plantio de árvores nativas e exóticas e para a promoção de uma agricultura mais sustentável, tanto ambiental, como social e econômica.

Com a finalização do projeto, ontem, foram apresentados os resultados e a expectativa é que as pesquisas e soluções cheguem aos produtores rurais, contribuindo para uma produção cada vez mais sustentável, o que é importante para ampliar as negociações dos produtos com o mundo e gerar resultados econômicos, ambientais e sociais mais positivos.

Ao longo de dez anos, o projeto promoveu estudos e experimentos em busca de soluções para a conservação e recuperação ambiental de propriedades rurais nos seis biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Pampas, Mata Atlântica, Caatinga e Pantanal.

Em cada região foi selecionada uma propriedade rural, onde todo o estudo foi realizado. Essas propriedades servirão de vitrine para que os produtores rurais se baseiem nas técnicas e possam efetivamente aplicá-las.

No período, o projeto encontrou soluções que integraram a produção e a adequação ambiental, fortalecendo a produção agrícola sustentável. Foram mais de 400 pesquisadores envolvidos, 21 unidades da Embrapa e 122 instituições de ensino e pesquisas do País.

De acordo com o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, o sucesso do projeto se deve às parcerias formadas e o desafio agora é levar as pesquisas para o produtor rural.

“Não interessa, para nós, fazer somente a pesquisa, elas precisam ser democráticas e precisam chegar a quem precisa delas, para serem colocadas em prática. Vamos nos esforçar para levar isso aos produtores”.

Ações

Na Mata Atlântica, o projeto foi executado no Espírito Santo, testando o plantio de árvores nativas e exóticas e desenvolvendo sistemas de produção. Também foi estimulada a implantação de sistemas agroflorestais associados às planilhas de análises econômicas, trazendo resultados positivos aos produtores rurais.

No bioma Amazônia foi testado o sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), com produção integrada de milho, soja, bovinos e árvores nativas e exóticas de rápido crescimento.

Na Caatinga foram plantadas mais de seis mil árvores nativas das espécies Jurema, Caatingueira e Sabiá. Os estudos comprovaram que o pau sabiá é promessa de nova fonte de renda para o produtor da região. Houve também intensificação da agricultura na curta janela de chuvas anuais e estímulo à pecuária de pequenos animais.

Já no Pantanal, o projeto plantou mais de 20 mil mudas de 30 espécies nativas voltadas para o uso econômico.  Também foram avaliadas técnicas de manejo.

No Pampa, os estudos mostraram que a implantação de árvores é limitada e foram testadas técnicas para recuperação dos campos nativos.

Já no Cerrado, foram testadas diversas tecnologias para promover a recomposição visando aumentar a diversidade e reduzir os custos. A semeadura direta de espécies nativas foi a técnica menos onerosa. Foram desenvolvidos protocolos para mais de 50 espécies com o objetivo de gerar mais eficiência e plantadas mais de 1 milhão de sementes de 106 espécies nativas e dez exóticas, com destaque para o Baru, Cagaita e Aroeira.

Pesquisas devem estimular regularização

Os resultados das pesquisas geradas com o Projeto Biomas serão fundamentais para auxiliar os produtores rurais de todos os biomas a promoverem a regularização ambiental, que será obrigatória conforme prevê a legislação ambiental e o Código Florestal.

De acordo com o presidente da Embrapa, Celso Moretti, a ideia é que o projeto sirva de apoio também para os estados.

“Nossa ideia é apoiar as ações dos estados na implantação do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Não tenho dúvida que a Embrapa, a CNA e as secretarias de estados da agricultura e meio ambiente terão todas as condições de avançar no processo de regularização, não só por meio de técnicas para recomposição de vegetação nativa, mas também para promover o desenvolvimento de tecnologias para avançar na agropecuária nacional”.

O coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias Filho, ressaltou a importância do projeto para a recuperação das áreas degradadas e para o avanço da agricultura e da pecuária nacional.

“Durante dez anos, o projeto criou e entregou muito mais que um pacote de soluções tecnologias necessárias para a integração da produção agrícola e pecuária a um sistema mais sustentável tanto nas questões sociais como econômicas. Ele recoloca o produtor dentro da legalidade, proporciona uma integração maior entre produção e preservação e, isso, será importante para continuarmos acessando o mercado internacional, tornando o Brasil em um líder na produção agrícola sustentável”.

Além de buscar auxílio junto aos órgãos envolvidos, os produtores também podem ter acesso às técnicas e os estudos específicos por bioma na plataforma webambiente. O objetivo da plataforma é auxiliar nas tomadas de decisões no processo de adequação ambiental da paisagem rural e contempla o maior banco de dados já produzido no Brasil sobre espécies vegetais nativas e estratégias para recomposição ambiental dos biomas.

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