Agronegócio

Bom Despacho quer produzir mais grãos

Bom Despacho quer produzir mais grãos
A água que não for utilizada na irrigação e nem absorvida pelo solo voltará para o rio São Francisco | Crédito: Divulgação

A prefeitura de Bom Despacho quer implantar o Projeto de Derivação de Água do Rio São Francisco para o Rio Picão. O objetivo com a derivação é garantir o abastecimento hídrico do município e promover o desenvolvimento econômico e social. Com a execução do projeto será criado um novo polo de agricultura irrigada no município, permitindo a expansão da produção de grãos. O custo de desenvolvimento e implantação de todo o projeto está estimado em R$ 80 milhões. 

Com a irrigação, a expectativa é de que produtores de Bom Despacho possam produzir, pelo menos, mais de uma safra de grãos e também investir na fruticultura. A escolha da empresa que fará o projeto executivo já está em fase de licitação. A previsão é iniciar as obras ainda em 2022.

De acordo com as informações da prefeitura de Bom Despacho, com a derivação será possível irrigar entre 10 mil a 15 mil hectares, que podem promover a geração de 10 mil a 15 mil novos empregos diretos. A área que será irrigada com o projeto já é voltada para a produção agrícola e pecuária e também abrange pastagens degradadas. 

Segundo o prefeito do município mineiro, Bertolino da Costa Neto, a irrigação é fundamental para expandir a produção de grãos em Bom Despacho. Pelas condições climáticas e a oferta de água hoje, produtores só conseguem colher uma safra. A iniciativa é considerada muito importante para o desenvolvimento da região.

Benefícios para a região 

“Estamos próximos a Pará de Minas, que é um município-polo produtor de aves e suínos. Os grãos comprados para a fabricação de ração para alimentar os frangos e suínos, hoje, vêm de outros estados e das regiões do Alto Paranaíba e Triângulo, gerando um alto custo com o transporte. Com a derivação, os produtores de Bom Despacho terão condições de plantar mais uma safra e meia e fornecer os grãos – milho, soja e sorgo – para as indústrias vizinhas. É uma iniciativa importante para todos os envolvidos”, explicou.

O desvio de água do São Francisco jogará 5 metros cúbicos de água por segundo no rio Picão para irrigar lavouras. Além disso, outros 0,8 metro cúbico por segundo serão desviados para reforçar o abastecimento de água da população de Bom Despacho. No ponto de desvio, a vazão média do rio São Francisco é de 500 metros cúbicos por segundo, ou seja, o volume de água a ser retirado do São Francisco corresponde a menos de 1,2% da sua vazão média.

Os 5 metros cúbicos de água por segundo retirados do São Francisco permitirão irrigar de 10 mil a 15 mil hectares no vale do rio Picão. Além de fornecer água para aumentar a produção de grãos na região, a derivação ainda tem importância estratégica, já que garantirá água para o consumo da população local por, no mínimo, 30 anos, de forma complementar ao volume utilizado a partir do rio Capivari.

“Hoje, estamos enfrentando uma crise hídrica grave e que pode comprometer o abastecimento da cidade. Já perdemos investimentos pela falta de recurso hídrico. Com o projeto, teremos mais segurança e poderemos desenvolver o município e a região, com a atração de novas empresas e aumento da produção agrícola”, disse Bertolino.

Com a captação da água do rio São Francisco para jogar no rio Picão, a água será bombeada e despejada em um lago, que será construído na cabeceira do rio Picão, para regular a sua vazão. O lago será um atrativo turístico para a região. 

Uso consciente

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Bom Despacho, Eduardo Couto, explica que já foi realizado o Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP). No projeto, também está prevista a recuperação e proteção de nascentes. Além disso, toda a água que não for utilizada no processo de irrigação e que não for absorvida pelo solo, o que promove o abastecimento do lençol freático, voltará para o Rio São Francisco.

“Quando se faz um projeto desta natureza, tem um regramento que precisa ser seguido. As bacias menores e próximas ao rio Picão serão revitalizadas. A água não utilizada voltará para o rio São Francisco. É um projeto que tem sustentabilidade ambiental, social e econômica”.

A secretária de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Valentini, ressaltou que o projeto será muito importante para o Estado. 

“O projeto vai ser feito baseado em um estudo de zoneamento, que destaca a potencialidade que nós temos de aumento da produção, feito de uma forma racional, para a gestão dos recursos hídricos. O zoneamento também mostra as áreas de preservação permanente que precisam ser recuperadas, as nascentes que devem ser protegidas e as pastagens degradadas que necessitam de restauro”.

Um dos idealizadores do projeto, o ex-ministro Alysson Paolinelli destacou a importância da derivação para o aproveitamento do potencial produtivo de Bom Despacho.

“A evolução da agricultura mineira e brasileira está chegando a um nível que nós não podemos perder nenhuma potencialidade. Esta região é uma das mais prósperas e ela tem um degrau a subir, que é o problema da água. Aqui nós temos condições, em um projeto que não é complicado, que pode ser feito com intervenção do homem sem nenhum dano ecológico”, explicou.

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