Quatro regiões concentram atividade em Minas

O estudo “Cadeia produtiva do agronegócio e sua capacidade de impulsionar o crescimento regional em Minas Gerais”, feito pela Fundação João Pinheiro (FJP), mostrou que a atividade do agronegócio mineiro tem grande relevância econômica para o Estado e é capaz de alavancar a expansão de várias regiões. A atividade se concentra nas Regiões Geográficas Intermediárias (RGInt) de Patos de Minas, Varginha, Uberaba e Uberlândia.
Segundo o relatório da FJP, dados das pesquisas setoriais de 2020 mostram que, na agricultura, os principais produtos produzidos foram café (34,9%), soja (17,8%), cana-de-açúcar (13%) e milho (12,8%).
Na pecuária, os destaques são a produção animal de bovinos, equinos, suínos e galináceos e a produção de leite (89,8% do total da produção de origem animal do Estado). Na produção vegetal, a maior participação foi da silvicultura, em particular da produção de carvão vegetal (80%).
“A cadeia produtiva do agronegócio é importante dentro da atividade econômica de Minas Gerais. O último dado do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mostra que a atividade representou 22% do PIB do Estado, com R$ 177,1 bilhões gerados a partir da cadeia produtiva do setor”, explicou a pesquisadora da FJP Carla Aguiar.
A atividade é pulverizada nas regiões estaduais, tendo como principais regiões intermediárias a de Patos de Minas, Uberaba, Varginha e Uberlândia. As quatro regiões representam mais de 50% do valor adicionado gerado pela atividade agropecuária. Dentro dos núcleos citados, os principais produtos são o café, a soja, a cana-de-açúcar, milho, bovinos e carvão vegetal.
“A gente sabe que toda esta produção está distribuída dentro de território, com concentração de alguns produtos em regiões específicas. Como exemplo, a soja é muito importante na região intermediária de Patos de Minas, o café na região de Varginha, onde tem mais de 40% da produção e também de galináceos. A cana-de-açúcar tem grande relevância na região de Uberaba”, destaca.
Já a agroindústria está concentrada mais na região Centro-Sul do Estado, com destaque para Belo Horizonte, Uberlândia e Uberaba. Em todas as regiões intermediárias, as indústrias que se destacam com predominância são as de alimentos. Somente na região de Ipatinga que o destaque é a fabricação de papel e celulose. Dentro da indústria de alimentos, sobressaem-se as de beneficiamento de café, abate animal e os laticínios.
“Nesta cadeia produtiva do agronegócio, temos algumas regiões com outros destaques, como, por exemplo, Varginha e Barbacena na indústria de calçados e Uberaba na fabricação de açúcar e álcool biocombustível.Temos também a parte de laticínios forte em Uberlândia e a fabricação têxtil em Juiz de Fora e Divinópolis”, diz.
Forte conexão local
A cadeia do agronegócio tem conexão de compra e venda local, com o fornecimento concentrado dentro das regiões, o que é responsável por movimentar a economia nas RGInt.
Entre os destaques, segundo o relatório da FJP, está a região de Uberlândia, com a indústria de alimentos. “Se houver um estímulo e alta da demanda, o aumento de R$ 1 na produção gera dentro da região R$ 1,69, ou seja, uma produção adicional líquida pelas compras direta e indireta de R$ 0,69”.
A capacidade do agronegócio para impulsionar o crescimento econômico se mostrou presente em várias regiões do Estado. A pecuária se destacou entre as atividades-núcleo pelo maior potencial multiplicador de produção regional, em especial, na RGInt de Uberlândia.
A indústria de alimentos apresentou grande alcance regional quanto à capacidade de encadeamento e de impacto econômico nas RGInt Patos de Minas, Uberlândia, Pouso Alegre e Uberaba.
Segundo o levantamento da FJP, apesar da relevância da agricultura em diversas RGInt, elos setoriais mais fortes foram observados apenas nas de Uberaba e Patos de Minas. A agricultura, a pecuária e a indústria de alimentos configuraram-se como setores-chave nas RGInt de Uberaba, Uberlândia e Divinópolis.
Agricultura é dominante no mercado internacional
Em relação aos negócios com o mercado internacional, a cadeia produtiva do agronegócio em Minas Gerais apresenta inserção na economia externa com bens intermediários e de consumo. Nas atividades, a agricultura é preponderante, com a exportação de café e soja. Em bens de consumo, o destaque vai para carnes, e em bens de capital, os bovinos de raça.
As RGInt com maior inserção internacional são Varginha e Uberlândia. Em Uberlândia, estão concentradas as exportações da agroindústria, sendo os principais produtos as carnes.
Em 2021, os bens de capital apresentaram registro em oito das 13 RGInt. Destaque para Uberaba (US$ 885 mil), seguida por Varginha (US$ 577 mil). A China, os Estados Unidos, a Alemanha, a Itália, o Japão e a Bélgica são os principais destinos dos produtos da cadeia.
A dependência internacional da cadeia produtiva do agronegócio se concentra em bens intermediários (74%), principalmente, insumos industriais elaborados, como os adubos (fertilizantes).
As principais importadoras são a RGInt, de Uberaba, seguida pela de Pouso Alegre e de Uberlândia. Dentre os fornecedores da cadeia produtiva do agronegócio mineiro, destaque para Rússia, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Paraguai, Marrocos e China.
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