Dia do Queijo Artesanal: produto movimenta economia e turismo de Minas

Uma das principais referências da identidade cultural de Minas Gerais, os queijos artesanais têm grande impacto na economia, no turismo e na gastronomia do Estado. São 15 regiões oficialmente reconhecidas como produtoras dos queijos artesanais, porém, a produção é muito mais ampla. A estimativa é que a atividade envolva cerca de 30 mil produtores em todo o Estado. A movimentação financeira com as vendas gira em torno de R$ 6 bilhões ao ano.
Devido à relevância, a iguaria tem uma data especial. Assim, celebra-se, nesta quinta-feira, 16 de maio, o Dia do Queijo Artesanal de Minas Gerais.
Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Minas Gerais possui 15 regiões produtoras de queijos artesanais. Entre as variedades de queijos reconhecidas pelo governo estão o Queijo Minas Artesanal (QMA) e o recém-reconhecido Requeijão Moreno. Há ainda os queijos do Vale do Suaçuí, queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha, Alagoa e Mantiqueira de Minas.
Do total de 15 regiões, a maior parte – 10 regiões – é produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA). Conforme a Seapa, as regiões produtoras do QMA seguem uma série de procedimentos indicados por uma receita tradicional.
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Para ser um QMA, obrigatoriamente, é necessário ter produção própria, com utilização de fermentação natural (pingo), com prensagem manual, sem aquecimento da massa e com maturação. Assim, no Estado, produzem o Queijo Minas Artesanal as seguintes regiões: Araxá; Canastra; Campos das Vertentes; Cerrado; Serra do Salitre; Serro; Triângulo Mineiro; Serra da Ibitipoca, Diamantina e Entre Serras da Piedade ao Caraça.
As demais cinco regiões já caracterizadas – Vale do Suaçuí, Serra Geral, Jequitinhonha, Alagoa e Mantiqueira – são caracterizadas, então, como produtoras de outros tipos de queijos artesanais, chamado Queijo Artesanal de Minas (QAM).
“Hoje, temos 15 regiões já caracterizadas oficialmente para a produção dos queijos artesanais. Então, nestas regiões, temos 4.340 famílias que produzem queijos artesanais. Além dessas regiões, temos muitas outras ainda não caracterizadas e muito mais famílias vivendo da produção”, explicou a analista técnica do Sistema Faemg Senar, Paula Lobato.
Queijo artesanal movimenta a economia, a gastronomia e o turismo
Símbolo da gastronomia e um dos grandes motores da economia de Minas Gerais, o queijo artesanal gera emprego e renda para cerca de 30 mil famílias em centenas de municípios do Estado. Além disso, o produto tem sido um atrativo turístico e gastronômico.
Conforme o consultor do Centro de Referência do Queijo Artesanal (CRQA), Elmer de Almeida, além do queijo artesanal ser uma expressão cultural mineira, ele tem grande importância econômica e social para Minas Gerais.
“Os queijos artesanais de Minas Gerais movimentam recursos financeiros em vários municípios de todas as regiões. Socialmente, os produtores se agrupam em associações que fortalecem o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva”.
Conforme a analista técnica Paula Lobato, a estimativa é que a comercialização dos queijos artesanais movimente cerca de R$ 6 bilhões ao ano em Minas Gerais.
“Os queijos artesanais para Minas Gerais são muito mais que um produto da economia. Eles têm ganhado uma valorização muito grande na parte cultural e de turismo após ter sido reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Assim, o produto que já era conhecido aqui e fora, ganhou muito mais destaque”, confirma.
Ela explica que a produção dos queijos têm atraído turistas. “As pessoas têm um apreço muito grande pelo turismo, pela gastronomia, por conhecer os locais onde a produção acontece. Em Minas, a produção de queijos está relacionada com as regiões históricas ou com características de natureza muito bonitas. São exemplo a região da Canastra, do Serro, Diamantina, a Mantiqueira. Isso é muito interessante e diversifica a renda dos produtores, que além da renda do queijo têm ganho complementar do turismo”.
Queijos de Minas Gerais conquistam prêmios mundiais
Conforme o consultor do CRQA, Elmer de Almeida, os queijos produzidos em Minas Gerais têm ganhado destaque no cenário internacional, conquistando muitos prêmios, principalmente na Europa. “Os prêmios têm valorizado ainda mais a nossa produção local”, disse.

Para se ter ideia, na última edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, realizada em setembro de 2023 em Tours, na França, os queijos mineiros conquistaram 43 medalhas das 81 conquistadas por queijos brasileiros. Ao todo, os produtores mineiros ganharam 10 medalhas de ouro, 17 de prata e 16 de bronze.
Para o Mondial du Fromage, foram inscritos 288 queijos brasileiros, provenientes de Minas Gerais, Bahia, Pará, Ceará, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. A competição contou com 250 jurados, responsáveis por analisarem um total de 1.640 queijos de vários países.
Centro de Referência valoriza os queijos artesanais de Minas Gerais
Com a conquista de prêmios e a relevância, a produção dos queijos artesanais em Minas têm despertado a atenção do mundo e estimulado iniciativas que valorizam a produção. Exemplo disso é o Centro de Referência do Queijo Artesanal (CRQA), localizado em Belo Horizonte.
O CRQA e o Instituto de Hospitalidade e Artes Culinárias (INHAC) integram um espaço cultural e gastronômico inédito no País. O espaço multiuso valoriza a cozinha mineira, seus saberes e sabores, com o foco no queijo artesanal, um patrimônio imaterial do Estado.
A unidade conta com a Exposição Permanente sobre o Queijo Artesanal, loja colaborativa com produtos mineiros de excelência. Há ainda a primeira biblioteca do Estado dedicada à gastronomia, anfiteatro para eventos diversos, área de convivência e sala de aula completa com cozinha didática.
Delegação europeia quer conhecer os queijos mineiros
O espaço também é essencial para a divulgação da produção, inclusive, internacionalmente. No Dia do Queijo Artesanal de Minas Gerais, o CRQA apresenta os saberes e sabores dos queijos mineiros a um grupo de diplomatas da União Europeia e de seus estados-membros.
A comitiva fará uma visita guiada à Exposição Permanente sobre Queijo Artesanal, seguida de degustação dos diferentes tipos de queijos. A comitiva será recepcionada, também, pelos alunos do INHAC. A delegação ficará quatro dias no Estado para conhecer as potencialidades e áreas de interesse comercial e estratégico e estreitar relações.

A diretora executiva e fundadora do Centro de Referência do Queijo Artesanal, Sarah Rocha, destaca a importância do queijo mineiro como um produto de excelência e importante ferramenta para enaltecer a gastronomia brasileira para o mundo.
“Há uma grande expectativa para este ano do reconhecimento pela Unesco do modo de fazer o queijo artesanal como Patrimônio da Humanidade. O interesse da delegação europeia para conhecer o Centro de Referência, mais sobre o queijo e a gastronomia mineira reforça que estamos no caminho certo e vamos continuar trabalhando para a difusão e valorização dos produtos mineiros”, disse.
Em 2008, o queijo artesanal de leite cru se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, título concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco foi oficializada em 2022 e reforçada no ano passado pelo Governo de Minas. Se confirmado, este será o primeiro produto da cultura alimentar do Brasil a ter o título.
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