Queima da palhada nas lavouras de soja é agravante em meio à seca

São Paulo – Não bastassem a seca e o tempo quente que devem adiar o início do plantio em muitas áreas do Brasil, até a chegada das chuvas, a queima da palhada nas lavouras é um agravante para o início dos trabalhos da safra 2024/25 no maior produtor e exportador global de soja, afirmou o presidente da Aprosoja, associação que representa produtores no País, Maurício Buffon.
A palhada é formada pelos resíduos de colheitas anteriores que se acumulam na terra, formando uma espécie de camada protetora do solo, que ajuda a manter a umidade, entre outros benefícios, no caso daqueles produtores que utilizam o plantio direto, técnica amplamente disseminada no país.
Ele classificou, mais uma vez, queimadas por incêndios “criminosos” e disse que o produtor precisará de mais chuva para ter um plantio com maior segurança para a germinação da semente. “Este ano temos um agravante, a queimada nas palhadas, o que traz grande prejuízo para o produtor em termos de umidade. Quando chove 20 a 30 milímetros e tem palhada, ela mantém a umidade, quando não tem, logo fica seco”, afirmou Buffon, à Reuters.
Com o tempo seco e quente, incêndios têm se propagado pelo Brasil, tendo atingido mais de 230 mil hectares de canaviais no Estado de São Paulo, segundo levantamento do setor, além de outras áreas agrícolas.
De acordo com o presidente da Aprosoja, o produtor não tem nenhum interesse de atear fogo nas lavouras, considerando o efeito negativo da queima da palhada. Segundo o dirigente, há suspeita de incêndios criminosos, que teriam começado simultaneamente, e também aqueles que começam à beira de estrada, por descuidos de motoristas que jogam bituca de cigarro. “Este ano está muito acima do normal”, reiterou.
Algumas áreas do Paraná e Mato Grosso já poderiam estar começando a plantar soja nesta época, mas a falta de chuva deve atrasar os trabalhos em relação à média histórica, na avaliação de Buffon.
O presidente da Aprosoja disse que, em um ano em que as margens estão mais estreitas, por conta da queda dos preços, o produtor não vai arriscar, devendo aguardar a consolidação das chuvas. “O produtor vai esperar o retorno das chuvas para fazer um plantio com umidade”, disse ele.
O presidente da Aprosoja acredita que a área plantada com soja no Brasil em 2024/25 deverá ter uma “estabilidade” em relação ao ano passado, embora boa parte das consultorias veja um pequeno aumento. “Fala-se em super safra, mas para isso, as coisas precisam andar bem. O clima, acho que vai se ajeitando em outubro, mas sem investimentos não tem como”, afirmou ele.
Reportagem distribuída pela Reuters
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