Região de São Gotardo obtém IG para produção
Importante produtora de hortifrútis, a Região de São Gotardo, em Minas Gerais, conquistou a Indicação Geográfica, na modalidade Indicação de Procedência, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), para a produção de cenoura, alho, batata e abacate.
A conquista é considerada importante para a valorização dos produtos da região e para a segurança dos consumidores, que, através do selo, terão certeza da origem dos itens e que foram produzidos conforme as especificações exigidas e dentro das boas práticas.
A conquista da Identificação de Procedência vai beneficiar em torno de 400 produtores presentes na região. Para poder utilizar o selo de IG, o produtor precisa estar associado ao Conselho Regulador da Região de São Gotardo e atender às especificações da produção. Fazem parte da região os municípios de São Gotardo, Tiros, Matutina, Ibiá, Rio Paranaíba e Campos Alto.
De acordo com o engenheiro agrônomo, produtor e representante do Conselho da Região de São Gotardo, Jorge Kiry, a conquista da Identificação Geográfica vem após muitos anos de um trabalho forte e importante na região.
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Além da qualidade já reconhecida no mercado, os hortifrútis de São Gotardo são produzidos com tecnologias de ponta e respeitando as boas práticas, o social e o meio ambiente.
“Tivemos a felicidade de sermos reconhecidos com a IG. Essa conquista também representa o início de um trabalho no qual vamos buscar agregar mais valor ao produtor. Vamos trabalhar o mercado agregando valor e mostrar a nossa história, com muita responsabilidade, para que a região e os produtores estejam sempre melhorando e oferecendo produtos mais saudáveis, de qualidade, sustentáveis e produzidos respeitando o meio ambiente e o social”, afirma Kiry.
Próximos passos
Ainda segundo Kiry, após a aprovação da Indicação de Procedência, obtida na última terça-feira (23), os representantes do conselho, produtores e demais envolvidos devem se reunir em breve para divulgar a conquista para os demais produtores e traçar as estratégias para o uso do selo.
Segundo os dados do Sebrae Minas, a produção de cenoura, alho, batata e abacate na Região de São Gotardo é caracterizada pela excelente combinação de solo, clima, relevo e alta tecnologia.
Além disso, há na região um grande trabalho coletivo e de empreendedorismo, o que resulta em uma produção diversificada, rastreável e com qualidade superior.
A analista de Negócios do Sebrae Minas Naiara Rodrigues Marra explica que a conquista da Identificação de Procedência é muito positiva para a região, produtores e consumidores. Ao utilizar o selo, os produtos serão identificados corretamente, evitando fraudes e levando ao consumidor a garantia de qualidade dos itens.
“Os produtos da Região de São Gotardo já são reconhecidos no mercado pela qualidade diferenciada. O uso do selo de IP garante para o consumidor que a produção ocorreu em uma fazenda inspecionada, que atende a uma série de exigências. O consumidor está cada vez mais exigente, procurando por produtos mais saudáveis, que respeitam as boas práticas, o social e o meio ambiente. A princípio, a IP não deve agregar valor, mas será um diferencial no mercado que, se bem trabalhado, no futuro, poderá gerar mais ganhos”, explica.
Engajamento é desafio
Naiara avalia que um dos grandes desafios será o envolvimento de um maior número de produtores da região para o uso do selo de procedência. Hoje, os municípios que compõem a Região de São Gotardo possuem cerca de 400 produtores. O envolvimento será importante para que a região possa ofertar ao mercado um volume maior de produtos. Hoje, apenas cerca de 25 grupos estão aptos a utilizarem o selo.
“A Indicação de Procedência permite que todos os produtores que estão nos municípios e produzem as culturas com a especificação necessária usem o selo. Estimular a maior participação vai fortalecer toda a cadeia, porque gera mais entrega e, consequentemente, mais demanda pelos produtos”, destaca.
Números das produções
Em 2019, a produção de cenoura na Região de São Gotardo girava em torno de 250 mil toneladas por ano, ocupando uma área de cultivo de 5 mil hectares. A região é a maior produtora de alho do Brasil, com área de cultivo de 3 mil hectares e produção em torno de 45 mil toneladas por ano. A produção de batatas chega a 100 mil toneladas por ano em uma área de cultivo de 2,5 mil hectares. O abacate produzido na região possui um volume próximo a 30 mil toneladas.
A Região de São Gotardo
De acordo com as informações do Sebrae Minas, a Hortifruticultura na Região de São Gotardo teve início na década de 1970, quando foi implantado, por iniciativa da extinta Cooperativa Agrícola de Cotia Cooperativa Central (CACCC), governo de Minas e do governo federal, o Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (Padap).
A principal força da produção na região foram os agricultores descendentes de japoneses que vieram do Paraná e de São Paulo em meados de 1970, quando o governo militar do presidente Ernesto Geisel deu início ao plano de assentamento para desenvolver a agricultura nessa porção do Alto Paranaíba.
A região tem posição estratégica, próxima aos principais mercados consumidores brasileiros – Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília -, e um relevo com topografia plana e bastante favorável à mecanização. Dispõe ainda de infraestrutura adequada de energia, transporte e acesso a tecnologia. (MV)
DC Responde
O registro de Indicação Geográfica é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado. Dividido em Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência (IP), o registro de Indicação Geográfica evidencia a reputação, as qualidades e as características de produtos e serviços de uma localidade.
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