Regiões produtoras do requeijão moreno poderão ser caracterizadas

Após o governo de Minas Gerais reconhecer o requeijão moreno como um dos queijos artesanais do Estado, a expectativa é que ocorram avanços que vão diferenciar as produções em várias regiões de Minas e contribuir para a valorização do produto. O próximo passo para isso é a caracterização oficial das regiões produtoras. Uma delas, a do Mucuri, que é uma tradicional produtora, já conta com um processo de caracterização em andamento. Assim, a expectativa é anunciar a nova região em breve – ainda em 2024.
O reconhecimento do requeijão moreno como um dos queijos artesanais do Estado aconteceu no fim de abril com a publicação da resolução no Diário Oficial. A medida, que era aguardada há anos pelos produtores, tem como objetivo promover e valorizar o produto, incentivar a proteção do seu modo de fazer e a sua produção sustentável, com geração de empregos e renda nas regiões produtoras.
De acordo com o superintendente da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Gilson Sales, o reconhecimento é importante e vai contribuir para o avanço e valorização da produção.
“O reconhecimento do requeijão moreno como queijo artesanal de Minas Gerais significa que o poder público lançou o olhar para o produto, reconhecendo, assim, a existência. Esse olhar é importante para buscar a valorização”, reitera.
Reconhecimento do requeijão moreno valoriza a produção
Ainda segundo Sales, o reconhecimento também é importante para que as regiões busquem a caracterização do produto. Assim, o requeijão de cada região produtora terá as características levantadas e conhecidas, mostrando cada uma a sua exclusividade.
Uma das regiões é o Vale do Mucuri. Lá, conforme os dados do governo do Estado, os municípios de Ataleia, Catuji, Franciscópolis, Frei Gaspar, Itaipé, Ladainha, Malacacheta, Novo Oriente de Minas, Ouro Verde de Minas, Pavão, Poté, Setubinha e Teófilo Otoni têm produção expressiva do requeijão moreno.
Há ainda produção importante – e premiada – na região de Porteirinha, no Norte de Minas Gerais. “Agora, o próximo passo será a caracterização oficiais das regiões. Em uma delas, a do Mucuri, que é tradicional, já existe um processo de caracterização em andamento. Acredito que, por esse processo estar mais adiantado, será possível oficialmente fazer o anúncio da nova região em breve. É difícil falar uma expectativa de data, mas, esperamos que isso aconteça ainda em 2024”, aponta o superintendente da Seapa.
Próximas etapas
Sales explica que a caracterização tem algumas etapas. Uma delas é o estudo de caracterização das regiões. Isso é feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), que pode iniciar os estudos ou analisar os previamente prontos. As pesquisas que avaliam a segurança do consumo ou validam estudos de instituições parceiras são feitas pela Epamig.
Além disso, o requeijão precisará de regulamentação, o que é feito pelo Instituto Brasileiro de Agropecuária (IMA). Assim, nesta etapa, haverá o estabelecimento das normas para a produção e comercialização em queijarias e entrepostos localizados em microrregiões definidas, caracterizadas ou não como produtoras da iguaria.
Produtor comemora reconhecimento do requeijão moreno como produto artesanal de Minas Gerais
O produtor do Requeijão Toko, Everson Pereira, comemorou o reconhecimento por parte do governo do Estado do requeijão moreno como um queijo artesanal de Minas Gerais. A medida, segundo Pereira, é de fundamental importância para os produtores e veio para diferenciar o produto dos industrializados e agregar valor.

Pereira produz o requeijão moreno com a ajuda da esposa e do filho. Nomeado de Requeijão Toko, a produção ocorre na Fazenda Guará, em Porteirinha, no Norte de Minas Gerais. O Requeijão Toko, que já recebeu bastante premiações, tem demanda de clientes em todo o Brasil.
“O reconhecimento é um grande passo para a valorização do trabalho de todos produtores. Produzimos um requeijão de qualidade, registrado, mas, até o momento, não posso falar que é artesanal. Isso é ruim porque o consumidor acha que é um produto industrializado. Além disso, não posso participar de eventos por não ser artesanal. Então, é um grande passo e fico muito feliz”.
Ainda segundo Pereira, a expectativa com o avanço é agregar valor à produção e também a divulgar mais o trabalho dos produtores: “Com o avanço do reconhecimento e a caracterização das regiões, mostraremos o trabalho desenvolvido, vamos mostrar que temos produtos de qualidade, que podem ser certificados. Isso é importante para agregar valor e tirar o requeijão moreno da vala comum. O reconhecimento do requeijão moreno como artesanal era um sonho”.
Pereira já conquistou diversos prêmios com o Requeijão Toko. Entre eles, estão um bronze em 2019 conquistado no 5º Prêmio Queijo Brasil, dois Ouros na Expo Queijo Araxá – um em 2021 e o outro na edição de 2022. Em 2023, Pereira ganhou as medalhas de ouro e bronze no 6º Prêmio Queijo Brasil e mais um ouro na Expo Queijo Araxá. Agora, em 2024, o produto recebeu medalha de bronze no 3º Mundial do Queijo do Brasil.
O requeijão moreno
Conforme o governo de Minas Gerais, o requeijão moreno é elaborado a partir do leite cru coagulado naturalmente. Assim, é obtido da fusão entre creme de leite cozido e massa de coalhada dessorada e lavada. A cor varia do amarelo ao marrom, com textura firme, sem olhaduras e de consistência homogênea. Os formatos variam, de esférico a retangular. A casca é fina e o sabor levemente defumado.
Ouça a rádio de Minas