Regulamentação do Queijo de Casca Florida Natural trará mais renda para produtor

O Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural foi regulamentado pelo governo de Minas Gerais. A habilitação, que define a identidade e atesta a qualidade permite que produtores da iguaria comercializem o queijo com segurança. Além disso, a iniciativa vai contribuir para a agregar valor à produção, abrir mercados e atrair novos produtores. O anúncio aconteceu durante a cerimônia de abertura do Festival do Queijo Artesanal de Minas, que acontece até 15 de junho, no Expominas, em Belo Horizonte.
A portaria foi publicada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) na quarta-feira (12). De acordo com o vice-governador de Minas Gerais, professor Mateus Simões, a habilitação é um grande passo para a produção do Casca Florida, uma vez que traz segurança para o produtor em comercializar o queijo e também para os consumidores, que saberão que o queijo é de qualidade e seguro.
“O governo de Minas Gerais, a pedido dos produtores, editou portaria que regulamenta e libera o nosso Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural. É uma etapa importante para o caminhar do queijo fino de Minas. É um queijo de maior valor agregado e que vai alcançar novos mercados”.
Ainda segundo o vice-governador, com a iniciativa o queijo mineiro passa a ter condições iguais de concorrer com as demais de casca florida natural no mundo. “O nosso Queijo Casca Florida é natural e os fungos são do terroir de cada região. Assim, há uma característica especial que o coloca em igual condição de competição internacional com todos os principais queijos mofados do mundo”, explicou.
Simões também destacou a importância da regulamentação para a melhor remuneração dos produtores e para a abertura de mercado. “Nossos produtores terão condições de acessar mercados que antes estavam fechados para eles. O Queijo Casca Florida Natural já existia, mas a comercialização era restrita pela falta de certificação do padrão sanitário para comercialização. Agora, com a portaria, há segurança para quem consome”.
Regulamentação
Após anos de pesquisas, o regulamento do IMA traz normas relacionadas a pontos como análises laboratoriais exigidas, fluxograma de produção, temperatura da queijaria, umidade e tempo mínimo de maturação. As exigências são condições para a obtenção do selo de habilitação sanitária junto ao órgão. As pesquisas elaboradas foram publicadas em 2019, 2021 e 2024, por universidades parceiras da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), avaliadas e recomendadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
Queijo é alternativa para agregar valor ao leite
O vice-governador de Minas Gerais, professor Mateus Simões, destacou ainda que o queijo artesanal é uma importante opção para que o produtor agregue valor ao leite, garantindo maior rentabilidade. A alternativa é importante em momentos como o vivenciado agora, onde as altas importações de leite em pó têm reduzido os preços do leite nacional.
“Se pensarmos no momento atual, em que o preço do leite está deprimido por conta da falta de responsabilidade do governo federal, que está permitindo o ingresso do leite importado e subsidiado da Argentina e Uruguai, a gente ter outros usos para o leite é importante. O processamento do leite agrega valor e faz toda a diferença, especialmente, para o pequeno produtor”.
Conforme Simões, com a regulamentação do queijos casca florida é esperado aumento da produção no Estado. Isso porque o valor agregado é bem significativo, o que tende a atrair novos produtores para a modalidade.
“A regulamentação vai permitir que vários produtores que hoje não trabalham com o Casca Florida tenham coragem de dar esse passo. O queijo Casca Florida agrega mais valor, tem condição, muitas vezes, de mais que dobrar o preço do queijo de casca lisa. O mofo enriquece o sabor do queijo. É uma oportunidade mesmo para quem ainda não está nessa produção e que está certificado no Queijo Minas Artesanal”.
Setor produtivo comemora regularização do Queijo Casca Florida
Conforme o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, a regulamentação do Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural é uma vitória para os produtores.
“É uma vitória excelente do trabalho feito há mais de 10 anos pelos produtores. Isso é importante para que a gente possa dar, cada vez mais, possibilidade de comercializar de forma legal, segura no que se diz respeito a qualidade do alimento. Então, vamos ter mais valor agregado, já é um queijo reconhecido e, agora, estudado oficialmente e apto para vendas”.
Valorização da produção
O produtor do Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural Quilombo, Ivacy Pires dos Santos, comemorou a regulamentação do queijo. A produção está na Região do Serro, na cidade de Sabinópolis. Por dias, são cerca de 20 a 25 peças do casca florida. Para ele, a iniciativa é importante para agregar valor e abrir mercados. O preço do queijo casca florida é cerca de 30% a 40% maior que os de casca lisa.
“A regulamentação é muito importante porque a gente já vem trabalhando com esse queijo há mais tempo e o queijo é muito bom. Isso agregará valor e vai dar uma segurança alimentar muito grande para o consumidor”.
Quanto à expansão de mercado, conforme Santos, as estimativas são positivas. “A gente já vendia o queijo antes da regulamentação e o mercado absorve muito bem o produto. Creio que agora vai ser ainda melhor, com mais valor agregado. O produtor precisa de um valor agregado para manter a propriedade, os custos estão muito altos, e, com esse queijo com valor mais agregado, a gente vai conseguir ter uma vida melhor. Então, é importante para mim e para a cadeia produtiva”.
Parceria para promoção do queijo artesanal
Durante a abertura do Festival do Queijo Artesanal de Minas, o Sistema Faemg Senar, por meio do Instituto Antonio Ernesto de Salvo (Inaes), e o Centro de Referência do Queijo Artesanal (CRQA) assinaram um memorando de entendimento para um trabalho conjunto que visa impulsionar os produtos de excelência de Minas Gerais.
Assim, as entidades unem esforços para aprimorar a produção agropecuária de Minas, com ênfase nos queijos artesanais, e promover os produtos junto ao mercado consumidor.
“Queremos contribuir com a atividade, que é fonte de sustento para inúmeras famílias do nosso Estado e que atua com excelência, produzindo queijos premiados dentro e fora do nosso País”, disse o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo.
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