Agronegócio

Risco de desmatamento no Cerrado é mapeado em quatro Estados

Estudo avaliou 2,6 milhões de hectares em MG e 25% têm risco alto; metodologia traz também aptidão agrícola
Risco de desmatamento no Cerrado é mapeado em quatro Estados
Embrapa mapeou risco em áreas do bioma brasileiro em Minas Gerais, Mato Grosso. Mato Grosso do Sul, além de Goiás | Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma pesquisa realizada pela Embrapa no âmbito do projeto Rural Sustentável – Cerrado mapeou o risco de desmatamento e mensurou o desmatamento evitado no bioma cerrado em 101 municípios de quatro estados. A informação é uma importante ferramenta para auxiliar os governos federal, estaduais e municipais na adoção de medidas protetivas e preventivas.

O trabalho foi realizado em Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e utilizou a metodologia ACEU para levantar o risco de desmatamento em cada região. Este método leva em conta a acessibilidade do local (acessibility – A), a aptidão da terra para uso agropecuário (cultivability – C), a existência de recursos naturais (extractability – E) e também se há algum regime de proteção (Protection status – U).

De acordo com a pesquisa, dos 8,4 milhões de hectares de cerrado avaliados em 25 municípios de Mato Grosso, 17% possuem risco muito alto de desmatamento, 19% possuem risco alto, 19% risco médio, 15% baixo e 30% muito baixo.

Em Mato Grosso do Sul, a área avaliada é de 3,4 milhões de hectares, nos quais os riscos de desmatamento encontrados foram 14% muito alto, 16% alto, 40% médio, 14% baixo e 16% muito baixo.

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Em Minas Gerais, o projeto avaliou 2,6 milhões de hectares de cerrado, sendo que 8% apresentam risco muito alto de desmatamento, 25% alto, 27% médio, 20% baixo e 20% muito baixo.

Já em Goiás, foram mapeados 2,4 milhões de hectares do bioma, com 5% apresentando risco muito alto de desmatamento, 18% risco alto, 27% risco médio, 20% baixo e 20% muito baixo.

A pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril (MT), Laurimar Vendrusculo, coordenou o trabalho. De acordo com ela, ao indicar onde o risco é maior, os dados permitem ao poder público tomar medidas para evitar que o desmatamento ocorra. “As informações espacializadas dos níveis de risco de desmatamento evitado permitem subsidiar planos operacionais que identifiquem áreas com maior pressão para o desmatamento. Com isso, políticas que privilegiam geograficamente incentivos à adoção de tecnologias conservacionistas podem ser melhor empregadas tanto financeira como tecnicamente. Por exemplo, áreas mais suscetíveis poderiam ter mais subsídios econômicos para implantação de florestas plantadas ou restauração florestal”, explica Vendrusculo.

Metodologia

A metodologia ACEU utiliza a fórmula A+C+E-U para indicar o risco de desmatamento de um local. Para isso, são definidos previamente os indicadores de cada uma dessas variáveis.

Para definir o risco de desmatamento conforme a acessibilidade, foi levada em conta a distância para rodovias federais e estaduais. Quanto mais próximo, maior o risco e maior o valor na escala de 1 a 4 usada na equação. A definição dos níveis de aptidão agrícola foi feita usando uma escala criada pela própria equipe do projeto, uma vez que os dados disponibilizados pelo Ministério do Meio Ambiente são de 2002. “Optamos por construir uma metodologia de aptidão agrícola a partir das características do solo e também da declividade e de outros fatores que influenciam o desmatamento”, conta a bolsista do projeto Rural Sustentável Daniela Castagna. Dessa forma, as áreas foram classificadas como boa aptidão agrícola, regular, restrita e inapta, pontuando de 1 a 4, sendo 4 as terras com boa aptidão e 1 as inaptas.

No caso dos recursos extraíveis foi levada em conta a ausência ou presença de madeira e minério. Havendo disponibilidade, o risco de desmatamento se torna maior. Dessa forma, o risco de desmatamento de um local é dado pela soma dos valores atribuídos aos fatores acessibilidade, cultivabilidade e existência de recursos naturais, subtraindo-se 1 caso o local conte com alguma forma de proteção, como parques naturais ou reservas indígenas.

A pesquisadora Laurimar Vendrusculo informa que os mapas georreferenciados com risco de desmatamento serão disponibilizados em breve na plataforma Geoinfo, da Embrapa. Assim, poderão ser usados por secretarias municipais e estaduais de Agricultura e Meio Ambiente para a adoção de medidas locais e alternativas sustentáveis de produção agrícola, como, por exemplo, técnicas conservacionistas capazes de aumentar a vegetação e promover melhorias do solo e dos recursos hídricos. (Embrapa)

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