Safra 2024/25 de laranja no cinturão citrícola do Triângulo cai 46,5%

A estiagem prolongada aliada às altas temperaturas impactaram de forma negativa na safra 2024/25 de laranja no cinturão citrícola da região do Triângulo, em Minas Gerais. Conforme o terceiro levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a safra, que caminha para o encerramento da colheita, será de 14,88 milhões de caixas de 40,8 quilos. O volume, representa, assim, uma retração de 46,5% frente ao colhido na safra 2023/24.
Ao todo, a safra de laranja 2024/25 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgada e acompanhada pelo Fundecitrus, chegará a 228,52 milhões de caixas de laranja. A safra será 2,4% maior do que a estimada anteriormente, 223,14 milhões de caixas, divulgada em dezembro. No entanto, o volume ainda é 1,7% menor do que a projeção inicial, de 232,38 milhões, prevista em maio.
No geral, o volume projetado para as regiões representa queda de 24,36% em comparação à safra passada, que chegou a 307,22 milhões de caixas. Se a estimativa de produção se confirmar, esta será a segunda menor safra desde 1988/89, quando as estimativas pelo método objetivo passaram a ser realizadas no cinturão citrícola.
Conforme o engenheiro agrônomo e supervisor de projetos do Fundecitrus, Guilherme Rodriguez, a queda expressiva na produção de laranja no Triângulo é resultado das condições climáticas desfavoráveis ao longo de 2024.
“A safra 2024/25 em todas as regiões – São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro – será menor que a anterior. Ela foi impactada, principalmente, pelas condições climáticas, como a seca e as altíssimas temperaturas no momento do florescimento da planta. Isso faz com que a planta aborte o fruto que estava sendo formado”.
Clima é o principal desafio
Ainda segundo Rodriguez, no Triângulo – região que é acompanhada pela Fundecitrus, o clima é o principal desafio enfrentado no cultivo da laranja. A parte fitossanitária tem desafios, porém, menos impactantes do que o clima. Na região, o greening – que é a principal doença que acomete a cultura – tem uma incidência muito baixa frente a outras regiões.
“No Triângulo a incidência do greening é muito baixa, menor do que 1%. Em regiões de São Paulo, por exemplo, em Limeira, a incidência de greening é de 78%. Então, 78% das árvores estão doentes. É uma realidade bem diferente. Só que, por outro lado, na agricultura do Triângulo Mineiro é extremamente dependente de água. Então, a irrigação é quase obrigatória na produção da laranja. Além disso, as temperaturas ali também são mais altas e, isso, acaba por afetar a produção, então o clima seria o maior desafio”.
Rodriguez explica ainda que devido à baixa incidência do greening nas lavouras do Triângulo, há uma migração de produtores de São Paulo para Minas Gerais. O movimento pode favorecer o crescimento da produção de laranjas nos próximos anos.
“A citricultura de São Paulo tem se expandido para algumas áreas não tradicionais de São Paulo e também para novas áreas como o Triângulo Mineiro, nas cidades de Frutal, Prata, Comendador Gomes e no entorno”.
Produção de laranja em Minas Gerais
Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a produção de laranja incluindo todas as áreas de Minas Gerais na safra 2024/25 está estimada em 842,7 mil toneladas, volume 25,2% menor que às 1,12 milhão de toneladas da safra passada. Com o volume, o Estado ocupa a segunda posição entre os maiores produtores, perdendo apenas para São Paulo.
Em Minas Gerais, a produção da laranja está concentrada no Triângulo, que responde por 73,99% da safra. Em seguida vem o Sul de Minas, respondendo por 12,18%, o Norte de Minas, 4,4%, e o Noroeste, com participação de 3,35%. Dos cinco maiores municípios produtores, quatro estão no Triângulo, sendo o maior Prata, seguido por Comendador Gomes, Frutal e Uberlândia. Em quinto lugar está São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas.
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