Agronegócio

Safra de azeitonas na Serra da Mantiqueira deve ser melhor em 2026

Clima e floradas indicam resultados positivos para a produção de azeitona e azeites no próximo ano, podendo superar o desempenho de 2025, segundo estudos da Epamig
Safra de azeitonas na Serra da Mantiqueira deve ser melhor em 2026
Neste ano, questões climáticas e bienalidade interferiram na produtividade do setor na região | Foto: Divulgação Epamig / Carolina Zambon

As condições climáticas e floradas apontam boas perspectivas para a produção de azeitona e azeites em 2026 na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, segundo a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Carolina Zambon. O acompanhamento da florada é o passo inicial para a projeção da próxima safra. “Sem uma florada abundante não existe a possibilidade de uma próspera colheita. Porém, o produtor rural não pode se basear apenas na abundância das flores”, alerta.
A conjunção com outros fatores faz com que as expectativas para o próximo ano, sejam de superação dos números de 2025, quando questões climáticas e bienalidade interferiram na produtividade.

“Nesse ano tivemos um inverno com baixas temperaturas, o que possibilitou essa promissora florada. Não houve uma estiagem muito acentuada, como na safra anterior. Se o bom tempo prevalecer, a expectativa de safra para 2025/2026 será exponencialmente maior”, projeta.

Diversas pesquisas acompanham a evolução da olivicultura na Serra da Mantiqueira, tanto no quesito de qualidade como produtividade. Dentre os trabalhos em execução pela Epamig, um projeto avalia a biologia da polinização da oliveira com vistas a melhorar as taxas de frutificação, os tratos culturais e, consequentemente, a produtividade.

Coordenadora do projeto APQ 06033-24 “Morfologia, anatomia reprodutiva, viabilidade polínica e fenologia da oliveira: Análise e impactos desses fatores relacionadas a produtividade e qualidade nas safras agrícolas”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a pesquisadora Carolina Zambon explica que no Brasil há poucos estudos sobre o tema.

“Os plantios comerciais no País são recentes e há ainda muitas oliveiras que, durante a idade de frutificação, demonstram baixas taxas de produção e rendimentos de safras instáveis. Nosso objetivo é fazer um detalhado estudo do comportamento da espécie, dentro de condições edafoclimáticas mineiras, a fim de possibilitar maior estabilidade e crescimento da cultura”, explica.

Os experimentos com diferentes cultivares acompanham e caracterizam as fases do ciclo de vida das plantas, como crescimento vegetativo, florescimento e frutificação.

“Para correlacionar esses dados com as condições edafoclimáticas brasileiras ainda serão necessários mais alguns anos de avaliações experimentais”, destaca a pesquisadora, ressaltando que “qualidade fitossanitária e nutricional são indispensáveis para bons florescimento e frutificação”.

Carolina Zambon cita alguns pontos já comprovados pelos estudos:

• Necessidade de utilização de uma espécie polinizadora: No Brasil, devido à umidade relativa do ar, recomenda-se plantios, de diferentes cultivares, em linhas, ao em vez de sistemas de talhões. A colheita, posteriormente, pode ser realizada por linha, permitindo a extração de azeites monovarietais;
• Polinização: Apesar de a oliveira ser considerada uma espécie anemófila (polinizada pelo vento), no Brasil observa-se que a polinização entomófila (ou seja, por insetos, principalmente abelhas), pode ter uma contribuição muito mais significativa;
• Cultivares: Para ocorrer a polinização cruzada e maior porcentagem de frutificação, recomenda-se por cultivares que apresentam fase de florescimento concomitante;
• Não aplicação de produtos fitossanitários na fase de plena florada, ou seja, quando as flores das oliveiras estão abertas;
• Adubação em fases específicas de florescimento e frutificação. (Com informações da Epamig)

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