Safra de grãos deve ter novo recorde em MG

Em Minas Gerais, a safra de grãos 2022/23 vem se consolidando com novo recorde produtivo. Os dados do 7º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontam para uma colheita 8,1% superior e chegando a 18,17 milhões de toneladas. Entre os produtos, o destaque é a soja. A produção da oleaginosa no Estado deve crescer 9,3% e somar 8,2 milhões de toneladas.
Em relação ao clima para o desenvolvimento da safra, a analista de Acompanhamento da Safra Agrícola da Conab, Cândice Santos, explica que, ao longo de março, em Minas Gerais, houve uma redução nos volumes de chuva, principalmente no Noroeste do Estado: “Este é um fator que vem impactando negativamente o armazenamento de água no solo e causando restrição hídrica às lavouras que se encontravam em fases reprodutivas e o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra”.
Apesar da restrição observada em março, o clima foi favorável para o desenvolvimento da safra até o momento. A produtividade média estadual está 3,7% maior que a registrada na safra anterior e a estimativa é colher 4,2 toneladas por hectare. A área plantada, 4,24 milhões de hectares, ficou 4,2% superior.
Entre os destaques da safra de grãos, está a soja. Conforme os dados da Conab, apesar da estiagem prolongada registrada no início do ciclo do produto, em outubro de 2022 – o que levou ao atraso na colheita da soja – a produção em Minas tende a crescer 9,3% e encerrar o período em 8,2 milhões de toneladas.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Atualmente, um pouco mais 80% das lavouras de soja do Estado já foram colhidas. “A tendência é que as operações ganhem tração nas próximas semanas. Apesar do atraso na semeadura devido à ocorrência de um veranico em outubro, as condições climáticas foram consideradas satisfatórias durante todo ciclo nas regiões”, aponta o analista da Conab.
Milho
Ao contrário da soja, a produção de milho na primeira safra deve ficar menor. No Estado, de acordo com a Conab, a primeira safra do cereal deve retrair 6,7% e somar 5,1 milhões de toneladas. A área de plantio caiu 6,9%, com o uso de 781 mil hectares. A produtividade das lavouras ficou praticamente estável, com pequena variação positiva de 0,2% e rendimento médio de 6,5 toneladas por hectare.
A colheita já abrange 42% das lavouras. Segundo a Conab, o baixo índice é considerado normal, pois, tradicionalmente, os produtores dão prioridade à colheita de soja enquanto as lavouras de milho atingem o grau de umidade ideal para colheita no campo.
Segunda safra
O atraso da colheita da soja refletiu diretamente na semeadura do milho segunda safra, encurtando a janela recomendada, que se encerrou no fim de fevereiro. Segundo a análise da Conab, diante do risco, muitos produtores reduziram o plantio. A área destinada ao cereal caiu 10,4% e deve somar 496,8 mil hectares. Ao todo, é esperada a colheita de 2,6 milhões de toneladas, volume que se alcançado será 24,5% maior.
O ganho virá da produtividade, que foi estimada em 5,4 toneladas por hectares, variação positiva de 38,9%. No ano passado, a estiagem severa prejudicou de forma significativa o rendimento da cultura.
Em relação às condições das lavouras, segundo a Conab, as áreas semeadas dentro do período recomendado apresentam bom desenvolvimento, beneficiadas pelas precipitações regulares no início do desenvolvimento vegetativo. No entanto, as lavouras semeadas fora da janela estão em estado de alerta, uma vez que em algumas regiões já há restrição hídrica, comprometendo os tratos culturais.
Ao todo, Minas deve colher, na safra 2022/23, 7,8 milhões de toneladas de milho, volume 2,1% maior.
Feijão e algodão
Em Minas Gerais, a primeira safra de feijão já foi finalizada e apresentou bons resultados em comparação à safra passada. Ao todo, foram colhidas 221,4 mil toneladas, aumento de 10,3%. O incremento na produtividade média, 12,9%, com rendimento de 1,5 toneladas por hectare, foi importante para compensar a redução de 2,3% na área plantada, que chegou a 146,8 mil hectares.
Segundo a Conab, as condições climáticas ao longo do ciclo estiveram, no geral, mais favoráveis à cultura, mesmo com algumas perdas pontuais ocasionadas pelo excesso de chuvas na colheita, trazendo certa redução de potencial produtivo, além de queda na qualidade dos grãos, e há registro de lotes com grãos germinados e ardidos.
Para a segunda safra, as expectativas são positivas. Conforme a Conab, a semeadura está praticamente concluída. Foram 114,6 mil hectares plantados, aumento de 6,9%. A produção, estimada em 175,8 mil toneladas, deve superar em 16,4% o volume registrado anteriormente.
A expectativa de incremento na área plantada com feijão em comparação à temporada anterior ocorre, especialmente, por melhores condições de mercado para os grãos, além de políticas de incentivo ao cultivo, principalmente, por distribuição de sementes por parte do governo estadual, para pequenos e médios produtores.
O relatório da Conab ressalta que de maneira geral, a cultura vem apresentando bom desenvolvimento, até o momento. Contudo, alguns municípios da região Noroeste e Alto Paranaíba registram períodos mais prolongados, de 10 a 15 dias de estiagem, trazendo certa preocupação com relação ao potencial produtivo da cultura.
Na avaliação da Conab, a cotonicultura no Estado está desenvolvendo-se bem. A estimativa é colher 118,3 mil toneladas de algodão, volume 6,9% maior. A produtividade está 15,5% superior, com rendimento médio esperado de 4,35 toneladas por hectare. Neste ano safra, houve queda de 7,6% na área plantada, que está em torno de 27,2 mil hectares. O atraso na colheita da soja, o que retardou a janela recomendada para a semeadura, desestimulou o plantio.
Ouça a rádio de Minas