Agronegócio

Safra de soja ainda pode bater recorde e atingir 161 mi de toneladas

Para que as projeções se concretizem, são esperadas mudanças climáticas em todo o País
Safra de soja ainda pode bater recorde e atingir 161 mi de toneladas
Crédito: Adobe Stock

São Paulo – A safra de soja do Brasil 2023/24 foi estimada ontem em recorde de 161,6 milhões de toneladas, apesar de problemas climáticos que já reduziram em mais de 4% a expectativa na comparação com a previsão inicial, de acordo com dados da Agroconsult.

A confirmação das projeções atuais para a safra no maior produtor e exportador global de soja, contudo, dependem de uma melhora climática, já que há desafios no centro-norte do País, especialmente em Mato Grosso. Lá as chuvas têm sido irregulares e em volumes considerados insuficientes para o plantio deslanchar, segundo o presidente da Agroconsult, André Pessôa.

Ele disse que em um ano de El Niño já era de se esperar menos chuvas ao norte do País, mas os efeitos negativos do fenômeno climático para Mato Grosso e Goiás, que também elevaram fortemente as temperaturas, vieram acima do previsto.

“Por enquanto, é uma safra abaixo do potencial, mas ainda um resultado expressivo. Vai depender das chuvas nos próximos dias”, disse Pessôa, ressaltando que as precipitações esperadas para o Centro-Oeste no último final de semana vieram abaixo do previsto, em abrangência e volumes.

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“Precisamos torcer para que a chuva venha para que a gente possa performar esses volumes.”

Conforme a previsão anunciada em evento da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a safra 23/24 ainda terá aumento na comparação com a histórica colheita do ciclo anterior, de 159,7 milhões de toneladas, com a consultoria considerando um aumento da área plantada de 2,9% no Brasil em 23/24 e também melhores produtividades no Rio Grande do Sul, cuja produção sofreu com a seca na temporada passada.

No Rio Grande do Sul, grande produtor de soja, as chuvas excessivas geram preocupação, com o Estado tendo o ritmo de plantio mais lento. Mas lá ainda há tempo de recuperação, com a consultoria vendo impacto negativo do clima de 600 mil toneladas, de uma safra que normalmente supera 20 milhões de toneladas.

No Paraná, disse o especialista, a safra está “excelente” em algumas áreas, com o Sul do Brasil geralmente sendo beneficiado pelas chuvas típicas do El Niño para a região, ainda que excessivas em muitas lavouras.

Pessôa afirmou que as perdas pelo clima no Brasil foram estimadas até o momento em 7,6 milhões de toneladas, com maior redução em Mato Grosso (4,8 milhões de toneladas), pelo tempo quente e seco. Em Goiás, perdeu-se 1 milhão de toneladas.

A estimativa da consultoria de “partida” para a safra do Brasil era em torno de 169 milhões de toneladas, para uma temporada com potencial de 171,8 milhões de toneladas, disse Pessôa, durante o evento.

Exportações

As exportações brasileiras de soja vão cair em 2024 na comparação com 2023, diante de uma safra menor que o esperado e uma recuperação da safra da Argentina.

A previsão para o volume embarcado pelo Brasil no próximo ano foi vista em 100,9 milhões de toneladas, ante recorde de 101,1 milhões em 2023, que deverá fechar com alta de 28,6% versus 2022.

A Agroconsult estimou a safra combinada de soja de Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai em 228,6 milhões de toneladas em 23/24, versus 193,7 milhões no ciclo anterior, com impulso da produção argentina, que na temporada passada sofreu com a seca histórica.

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