Agronegócio em Minas em 2025: bons resultados em expansão de mercados
O agronegócio de Minas Gerais em 2025 enfrentou desafios climáticos e de mercado, mas mostrou resiliência e seguiu em crescimento. Em entrevista ao Diário do Comércio, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), Thales Fernandes, destacou que mesmo em um cenário desafiador, o agronegócio de Minas registrou avanços importantes nas exportações, na extensão rural, pesquisa aplicada, regularização fundiária e na expansão de mercados.
Entre os desafios, houve desde a queda de produção de café até entraves de mercado, como o tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Mesmo assim, o setor seguiu em busca de alternativas e conseguiu expandir o mercado de atuação, ação que foi fundamental para a expansão das exportações.
A diversificação dos mercados e dos produtos do agro fizeram com que Minas Gerais registrasse um novo recorde nos embarques do setor. Somente nos primeiros 11 meses do ano, a movimentação financeira gerada com as exportações chegou a US$ 18,1 bilhões, superando o valor total registrado em 2024, US$ 17,1 bilhões, em quase 13%.
“O agronegócio mineiro começou o ano enfrentando as questões climáticas desfavoráveis, principalmente. Tivemos uma queda na safra de café em torno de 5 milhões de sacas. O café é o principal produto da pauta de exportação. Enfrentamos também o tarifaço dos Estados Unidos que, querendo ou não, impactou. A gente abriu novos mercados, o que é muito importante. Apesar de todas as dificuldades, os nossos produtos estão circulando em mais de 175 países e a gente tem uma diversidade muito grande no Estado que favorece isso tudo”.
Extensão rural e pesquisa no agronegócio
O secretário de Agricultura destaca que, de maneira geral, o trabalho feito pela Seapa e suas vinculadas – Emater-MG, Epamig e IMA – foi muito positivo e apresentou avanços consideráveis. “Nós conseguimos findar esse ano, praticamente, com o Emater atuando em mais de 820 municípios fazendo a extensão rural, um fechamento do balanço da empresa superavitário e um concurso público”.
No que se refere à pesquisa, a Epamig, outra vinculada da Seapa, recebeu, através de um Projeto de Lei, a empresa vai receber em torno de R$ 50 milhões por ano para pesquisa aplicada. “A Epamig também terá um concurso para 257 vagas, renovando o quadro de servidores da empresa. Com os recursos e o concurso a Epamig retoma seu papel na pesquisa, principalmente, em alguns pontos como na macaúba, cacau e palma forrageira, opções a mais do que já trabalhamos normalmente”, explicou Fernandes.
Sanidade animal e regularização fundiária
Um dos avanços mais importantes do agronegócio em 2025, segundo Fernandes, foi a retirada da vacinação contra febre aftosa. Em maio, Minas Gerais e o Brasil foram reconhecidos como livres da aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA – ou WOAH na sigla em inglês).
A conquista foi histórica e um marco da defesa agropecuária estadual.O trabalho foi conduzido pelo IMA. O reconhecimento promoverá a pecuária mineira que poderá exportar a carne bovina para os mercados mais exigentes do mundo, como o Japão e a Coreia do Sul, por exemplo.
“O desempenho do IMA foi essencial para que pudéssemos retirar a vacinação contra febre aftosa e conquistar o reconhecimento internacional. Já estamos começando a colher frutos disso no fortalecimento dos mercados e da exportação. É uma questão sanitária que não podemos baixar a guarda, mas que está resolvida”, comemorou.
Ainda conforme Fernandes, em 2025 também houve conquistas no que se refere à regularização fundiária: “Tivemos um recorde na questão da regularização fundiária de Minas, com mais 12 mil títulos entregues. Nossa meta é chegar a 16 mil a 18 mil até o final de 2026. É um programa fantástico, que traz dignidade para as pessoas”.
Avanço na irrigação do agronegócio mineiro
Este ano, foi regulamentada a Política Estadual de Agricultura Irrigada Sustentável. A norma garante segurança jurídica, produtividade agrícola e preservação ambiental.
“A política da agricultura irrigada sustentável é um marco e visa aumentar a área irrigada em Minas Gerais, que hoje abrange apenas 17% do que produzimos. A Seapa está terminando e já vamos começar a fazer as declarações de utilidade pública para fomentar essa questão da irrigação, que é fundamental. Através do programa Irriga Minas, a Emater- MG vai distribuir 20 mil kits de irrigação para os pequenos agricultores”.
Agroindústria de pequeno porte
O secretário de Agricultura, Thales Fernandes, analisou também que os trabalhos em 2025 favoreceram a agroindústria de pequeno porte, que expandiu sua capacidade de comercialização. A maior industrialização dos produtos agropecuários favorece a agregação de valor, o desenvolvimento econômico, a ampliação da renda e dos empregos.
“Em 2019, apenas a agroindústria de pequeno porte de Uberlândia, na região do Triângulo, podia vender produtos para fora do Estado; em 2020, Araguari foi adicionada. Agora, em 2025, já são 462 municípios que podem comercializar produtos com outros estados, incluindo queijos, ovos, mel, pescado e embutidos”, confirmou.
Investimentos e infraestrutura
Para que o agronegócio de Minas seguisse registrando resultados positivos, houve também investimentos na infraestrutura e no acesso ao crédito. O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, destaca o Programa Cemig Agro.
Lançado em 2024, apesar dos desafios a serem ainda superados pela concessionária de energia elétrica – como as ligações de novas micro e miniusinas de energia solar (geração distribuída – GD) -, o programa tem caminhado no seu objetivo de melhorar a qualidade e a disponibilidade do fornecimento às localidades e produtores rurais mineiros.
“O Cemig Agro já diminuiu em mais de 60% as reclamações de falta de energia elétrica na zona rural”, garantiu o titular da Seapa.
Quanto ao crédito, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) vai financiar com R$ 2 bilhões a Safra 2025/2026 do agronegócio mineiro. O valor é o maior já oferecido pela instituição, sendo 40% superior em relação à última safra, quando o banco apoiou o setor com R$ 1,4 bilhão em crédito.
“Ainda temos desafios muito grandes, como o de produzir alimentos nesses mais de 18 milhões de pastagens degradadas que nós temos em Minas, mas seguimos firmes e acho que todas as forças estão unidas em prol desse crescimento. Então, eu vejo que o agro, hoje, faz parte da economia mineira com muita força e valorizando desde o pequeno até o grande produtor, sem distinção”, finalizou Thales Fernandes.
Ouça a rádio de Minas