Agronegócio

Seca muda cenário e safra deve cair em Minas

Seca muda cenário e safra deve cair em Minas
A estiagem causou quebra na segunda safra de milho | Crédito: Karine Viana/Palacio Piratini

O avanço da safra 2020/21 de grãos em Minas Gerais vem sofrendo impactos negativos causados pelo atraso no plantio e pela falta de chuvas.

Após o 9º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado em junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e que previa uma produção recorde de 16,35 milhões de toneladas, os números foram revisados para baixo e o 10º levantamento, lançado ontem, mostra uma produção 0,5% menor que a da safra anterior, podendo chegar a 15,02 milhões de toneladas.

A redução se deve, principalmente, à quebra da segunda safra de milho. Com a falta de chuvas, a previsão é de colher 37,1% a menos do cereal no período.

De acordo com o estudo da Conab, o atraso do plantio da segunda safra, consequência da implantação também tardia da primeira safra, fez com que a janela ideal ficasse menor, deixando a cultura mais suscetível aos riscos climáticos. 

A superintendente de Informação da Agropecuária da Conab, Candice Santos, explica que, em maio e junho, a falta de chuvas e a redução do armazenamento hídrico afetaram a produção de milho na segunda safra, por isso, a estimativa é de queda. Outro fator que também pode vir a influenciar de forma negativa são as geadas ocorridas entre o final de junho e início de julho, cujo impacto ainda será avaliado pela Conab.

Em Minas Gerais, os dados apontam para uma produção 37,1% menor na segunda safra de milho, podendo chegar a 1,7 milhão de toneladas, ante as 2,8 milhões de toneladas colhidas no mesmo período do ano anterior. Com a escassez hídrica, a produtividade caiu expressivos 41,2%, com o rendimento médio estimado por hectare saindo de 6,3 toneladas para atuais 3,7 toneladas.

Nem mesmo o aumento de 7,1% na área, que somou 482 mil hectares, foi capaz de compensar a queda na produtividade. O aumento, mesmo frente ao maior risco climático, foi estimulado pelos preços recordes pagos pelo milho. A colheita da segunda safra já foi iniciada.

“Minas Gerais, importante estado produtor de milho segunda safra, bem como os demais estados da região Centro-Sul, apresentou redução na estimativa. Mesmo com aumento da área, a redução significativa na produtividade em relação ao ano passado e também em relação ao 9º levantamento fez com que a estimativa fosse revista. Frente ao ano passado, é esperada redução de 41,2% na produtividade e de 28,5% em relação ao levantamento anterior. A queda é resultado, principalmente, dos efeitos da restrição hídrica durante o desenvolvimento da cultura em Minas”.  

Com a estimativa de uma menor produção na segunda safra de milho, o cultivo total do cereal no Estado deve cair 9%, encerrando o período em 6,8 milhões de toneladas. A produtividade média está em torno de 5,2 toneladas por hectare, 18,1% a menos. A área cultivada ficou 11,2% maior, com o uso de 1,3 milhão de hectares. 

Na primeira safra do cereal, que já foi 100% concluída, a produção mineira cresceu 8,2% e somou 5 milhões de toneladas. Nesta etapa produtiva, a falta de chuvas também interferiu na produtividade, que caiu 4,9%, com rendimento de 6,1 toneladas por hectare. 

Feijão também é atingido

Assim como visto no milho, a produção da segunda safra de feijão também foi prejudicada pelo clima. Em Minas, a previsão é de um volume de 121 mil toneladas, queda de 30,5%. A produtividade recuou 10,1% e está estimada em 1,2 tonelada por hectare. A área produtiva do feijão ficou menor em 22,7%, com o plantio ocupando 100 mil hectares.

Para a terceira safra de feijão também é esperado resultado negativo. A estimativa aponta para uma redução de 6,3% no volume a ser colhido, que pode ficar em 174,7 mil toneladas. 

Na primeira safra de feijão, Minas colheu 224,7 mil toneladas, aumento de 15,6%. Somando as três safras, a previsão é de que o Estado produza, em 2020/21, cerca de 520 mil toneladas, volume 6,2% inferior às 555,3 mil toneladas registradas anteriormente.

Algodão sofre com concorrência

Queda também é prevista para a produção de algodão (-34,1%). Ao todo, devem ser colhidas 106,2 mil toneladas de algodão em caroço. A área de plantio também ficou menor (-24%), com o uso de 29 mil hectares. A produtividade média foi calculada em 3,6 toneladas por hectare, 13,5% menor. 

Conforme o relatório da Conab, em Minas a redução da área de algodão é justificada pela concorrência de área com outras culturas como soja, milho e feijão, que, nesta temporada, têm apresentado melhores rentabilidades. Os técnicos da companhia explicam ainda que, atualmente, as lavouras estão com redução da produtividade devido ao baixo regime pluviométrico registrado nos últimos meses, impactando assim o rendimento médio esperado para a cultura.

“Assim, a perspectiva para produção final de algodão em Minas é pessimista, podendo apresentar diminuição de 34,1% em relação ao resultado da safra passada. A colheita está em andamento”.

Soja recorde

Apesar da estimativa de queda na safra total de grãos em Minas, a produção de soja foi recorde. A safra de soja, que já foi encerrada, somou 7,02 milhões de toneladas, um aumento de 13,8%. O plantio da oleaginosa foi estimulado pelos preços rentáveis e demanda firme. Com isso, a área ocupada foi de 1,89 milhão de hectares, expansão de 15,3% frente ao ano anterior. Já a produtividade, devido ao clima, caiu 1,3% e somou 3,69 toneladas por hectare. 

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