Agronegócio

Serra da Mantiqueira prepara-se para boa colheita das azeitonas

Expectativa é de superar o ano de 2023, quando foram produzidos 60 mil litros de azeite na região
Serra da Mantiqueira prepara-se para boa colheita das azeitonas
Crédito: Erasmo Pereira/Epamig

A região da Serra da Mantiqueira, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, prepara-se para a colheita das azeitonas da safra 2024. A expectativa é que a produção de azeites cresça em relação ao ano de 2023, quando alcançou 60 mil litros. “Tivemos uma boa florada e a previsão é que a extração de azeites no próximo ano seja superior a deste ano, mas ainda não podemos afirmar o quão será maior”, informa o engenheiro agrônomo Pedro Moura, integrante do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

A produção de azeite extravirgem no Brasil é bastante recente. A primeira extração nacional foi realizada pela Epamig, em Maria da Fé, em 2008, e, por esta razão, pesquisadores e olivicultores acompanham com cautela a evolução de cada safra. “Alcançamos importantes avanços em termos de tecnologia em todas as etapas da cadeia produtiva, produção de mudas, tipo de poda, manejo, agroindústria, análise da azeitona e do azeite. Mas ainda há muito a se evoluir seja no estudo do comportamento das plantas, seja no conhecimento do potencial produtivo da oliveira ou em ações para amenizar os impactos das condições climáticas”, comenta o também engenheiro agrônomo e coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira.

A busca por azeites aumenta no período das festas de final de ano. Neste ano, a produção mundial sofreu uma queda brusca em função das mudanças climáticas registradas, principalmente, na Europa, em países exportadores como Espanha, Itália e Grécia. Por esta razão, os preços dos azeites nos supermercados brasileiros também oscilaram para mais (alta superior a 20%, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas).

“Infelizmente, a perspectiva é que essa alta se mantenha até a recuperação da produtividade nas regiões tradicionais. E temos pela frente outro período de alta demanda, a Páscoa, no qual os preços podem aumentar mais”, avalia o pesquisador Pedro Moura.

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Consumo e importação

O Brasil está entre os países que mais consomem azeite no mundo e importa, em média, 100 milhões de litros por ano. A produção nacional é bastante incipiente e resulta em pouco mais de 500 mil litros/ano. Como a cultura exige um mínimo de horas de frio, o crescimento das áreas de produção é restrito. O plantio se concentra em regiões serranas como a Mantiqueira e frias como o Sul do Brasil.

“O azeite nacional tem como principal diferencial o frescor. Aqui na Mantiqueira, a atividade está em crescimento, mas não almejamos competir quantitativamente com as grandes regiões produtoras. O objetivo é, sim, marcar espaço pela produção de azeites de elevada qualidade e sabor marcante”, destaca o coordenador da Epamig.

De olho nas fraudes

Os pesquisadores alertam ainda para o risco de fraudes no azeite. O produto, que é um dos mais adulterados no gênero alimentício, tende a ser mais visado nesta fase de alta de preços. “Temos que lembrar que o azeite tem um alto custo de produção e que essa alta de preços é uma tendência mundial.

Então, o consumidor tem que desconfiar de preços muito mais baratos do que os comumente praticados”, confirma Oliveira.

Outros aspectos também devem ser considerados. “Há características interessantes a serem observadas no momento da compra, como por exemplo, a data do envase, quanto mais jovens, os azeites melhoram suas características e frescor. Com relação ao local de produção e envase, deve-se dar preferência a produtos envasados no local de origem, pois o azeite fabricado em um local e engarrafado em outro tem mais chance de ser adulterado ou de ter suas características modificadas do que aquele que já está acondicionado no recipiente em que será comercializado”, aponta ele. (Epamig)

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