Agronegócio

Soja e café juntos geram maior rentabilidade

Na região de Elói Mendes, no Sul do Estado, 40 produtores fazem plantio consorciado; pioneiro já colhe resultados
Soja e café juntos geram maior rentabilidade
Produtor Geraldo Costa, o filho Jeferson e o neto na lavoura | Crédito: Emater-MG

A busca por uma maior rentabilidade e melhor uso do solo tem estimulado o plantio consorciado de café com a soja. Em Elói Mendes, no Sul de Minas Gerais, o produtor Geraldo José Costa adotou o plantio em consórcio há seis anos e os resultados têm sido positivos. Devido ao sucesso, cerca de 40 outros produtores da região também estão apostando no plantio em conjunto e a tendência é que, cada vez mais, o sistema seja adotado. 

O técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em Elói Mendes, Jesus Messias de Souza, explica que a empresa pública auxilia os produtores desde o preparo de solo, passando pelo controle de mato, pelo controle preventivos de pragas e doenças e também tirando as dúvidas dos produtores em relação à condução das lavouras. 

Nestas visitas, surgiu a ideia de consorciar a soja com o café, que já é bastante cultivado na região.

“O plantio consorciado se dá da seguinte forma. O produtor prepara o solo com a grade niveladora, faz o plantio convencional ou direto. É importante ter um espaçamento entre as filas da soja em torno de 40 centímetros a 50 centímetros e também entre as linhas de soja e de café. Isso é importante para não atrapalhar o manejo fitossanitário do café e da soja, permitindo que o trator passe livremente”.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Ainda segundo Souza, o plantio das duas culturas juntas tem trazido diversos benefícios e entre eles estão a melhor rentabilidade, melhor uso do solo e maior fertilidade  do solo. 

“A primeira vantagem que eu vejo é a renda extra. O cultivo da soja acontece no período em que o produtor está descapitalizado e buscando recursos para a colheita do café. O período da soja, que leva cerca de  100 dias do plantio à colheita, também acontece em um intervalo em que o produtor tem gastos com manejo do café, controlando o mato na lavoura. Então, ao invés de controlar o mato, ele investe em outra atividade que vai gerar uma renda extra”, disse Souza.

O plantio da soja também gera maior fertilidade no solo. “A soja tem o poder de fixar o nitrogênio no solo. Ela fixa mais de 80 quilos de nitrogênio por hectare de solo cultivado”.

O desafio de plantar a soja em consórcio com o café e os bons resultados alcançados, no caso do produtor Geraldo José Costa, também teve como resultado positivo o interesse do filho em participar da produção. 

“O filho do Geraldo, que ainda é jovem, está entusiasmado e segue firme ‘agarrado’ com o pai. Ele tomou a frente do desafio e está tendo muito sucesso”. 

O produtor Geraldo José Costa comenta que o plantio em consórcio, além de melhorar a renda, também gerou ganhos na produção do café.

“Nós percebemos que o plantio de soja é muito benéfico ao café. Isso porque a soja fixa muito nitrogênio na terra e enriquece o solo com microrganismos. Já fazemos o plantio há seis anos e os resultados são muito bons”.

Ainda segundo Costa, um dos desafios é a colheita, que é praticamente toda manual. Em 2022, ele colheu cerca de 200 sacas de soja, que foram comercializadas na região por cerca de R$ 180 cada. A expectativa é repetir o resultado na safra atual.

“A gente corta a soja com a roçadeira e passa na batedeira do trator, que é voltada para grãos como o feijão e o milho. Hoje, já existe no mercado colhedora de soja para áreas plantadas com café. Se um dia a gente conseguir uma máquina dessa, todos vão aderir. A falta de maquinário é o que impede que muitos outros produtores plantem a soja com o café, por não quererem enfrentar a colheita mais manual”. 

Mesmo com uma colheita ainda manual, de acordo com Souza, outros colegas produtores na região já cultivam a soja com o café.

“O café vem enfrentando muitos problemas e a soja reduz um pouco as perdas. Existe essa dificuldade de colheita, por não ter máquinas para soja com o café. É um trabalho muito difícil, dispendioso, mas vem sendo feito com a mão de obra familiar, o que não gera despesa extra. Mas, esse ano, acredito que já deve ter kit para colher”.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas