Agronegócio

Soja e milho guiam safra rumo a recorde

Soja e milho guiam safra rumo a recorde
No Estado, a produção de soja teve alta de 8,1% e alcançou 7,59 milhões de toneladas | Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

O aumento da produção de milho e de soja está contribuindo para que Minas Gerais colha uma safra recorde de grãos em 2022. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra deve alcançar 17,2 milhões de toneladas, superando em 12,2% a última temporada. 

Ao longo da primeira safra, a produção, no Estado, foi favorecida pelo clima. Já a segunda safra vem enfrentando um período de estiagem longo, o que comprometeu parte do rendimento. Mesmo assim, os resultados são positivos. Entre os destaques da safra 2021/22 estão a produção total de milho, com tendência de 15,1% de alta, e de soja, com incremento de  8,1% no volume colhido. 

A área em produção no Estado atingiu 4,08 milhões de hectares, variação positiva de 6,2% frente à safra passada. Em relação à produtividade, o avanço foi de 5,7%, chegando a um rendimento médio de 4,2 toneladas por hectare. 

No País, a produção de grãos deverá atingir 272,5 milhões de toneladas no ciclo 2021/22, conforme indica o 10º Levantamento da Safra, publicado pela Conab. O volume representa um crescimento de 6,7% em relação à temporada passada, ou seja, cerca de 17 milhões de toneladas a mais. Para a área, também é esperado um aumento de 4 milhões de hectares, sendo estimada em 73,8 milhões de hectares.

Segundo o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça, estamos caminhando para o fim da safra. “Para este ano, estamos estimando uma safra maior, resultado do ganho em produtividade e expansão da área. As culturas de primeira safra já foram concluídas, e boa parte da segunda safra já está em período de colheita”, explicou. 

Entre as culturas de primeira safra já encerradas está a soja. Em Minas Gerais, a produção da oleaginosa cresceu 8,1% e alcançou 7,59 milhões de toneladas. A área plantada foi de 1,98 milhão de hectares, expansão de 4,4%. Na safra 2021/22, a produtividade da soja cresceu 3,5%, com a colheita de 3,8 toneladas, em média, por hectare.

Na primeira safra, a produção de milho chegou a 5,51 milhões de toneladas, superando em 9% o volume colhido em igual período do ano passado. Com preços rentáveis e demanda alta, a área produtiva cresceu 2,5% e chegou a 839,6 mil hectares. Houve ganho de 6,4% em produtividade e foram colhidas, em média, 6,5 toneladas por hectare.

Escassez de chuvas

Já na segunda safra, a produção de milho vem sendo impactada pela escassez de chuvas, porém, a situação ainda é mais positiva que a vista em igual período do ano passado. Na safra anterior, a estiagem foi ainda mais severa e a cultura também foi prejudicada pelas geadas.

A previsão da Conab é que Minas Gerais colha, na segunda safra do cereal, cerca de 2,5 milhões de toneladas, superando em 30,7% a produção do mesmo período do ano anterior. Até o momento é esperado aumento de 13,3% na produtividade, 4,5 toneladas por hectare, porém a tendência é de reajuste para baixo conforme a colheita avançar. A área destinada ao cultivo do milho cresceu 15,4% e chegou a 571,8 mil hectares. 

Ao todo, o Estado deve colher 8,08 milhões de toneladas de milho na safra 2021/22, aumento de 15,1% frente à safra 2020/21.

“Há relatos de estiagem significativa no Estado, mas a safra será maior que a do ano passado. Em Minas, a produtividade vem sendo impactada pela redução drástica das precipitações a partir de abril, principalmente nas lavouras semeadas fora da janela ideal de plantio”, explicou Fogaça. 

De acordo com o relatório da Conab, no Estado, as expectativas de quebra de safra se confirmam à medida que a colheita se inicia. As chuvas praticamente cessaram a partir de maio nas principais regiões produtoras, de modo que as plantas se desenvolveram sem a umidade necessária para o sucesso da produção. A colheita já foi iniciada e está, em aproximadamente, 10%. O restante das lavouras se encontra em maturação fisiológica, perdendo umidade nos campos.

Já a primeira safra de feijão, no Estado, caiu 10,6% e somou 200,7 mil toneladas. No período, foi registrada queda de 9,9% na produtividade, que ficou em 1,3 tonelada por hectare. A área também ficou menor, 0,8%, e somou 150,3 mil hectares. 

De acordo com a Conab, o feijão segunda safra vem apresentando bons resultados. A previsão é colher 145,5 mil toneladas, alta de 15,8%. A produtividade está 13% maior, com uma média de rendimento por hectare de 1,35 tonelada. A área produtiva é de 107,2 mil hectares, variação positiva de 2,4%.

A produção total de feijão tende a retrair 10,1% e encerrar a temporada em 475,8 mil toneladas.

“Estamos com uma retomada da produção da segunda safra puxada pela produtividade. Isso vem acontecendo pelo clima favorável em questão de umidade e volumes de chuvas nos principais estados produtores, como em Minas Gerais, que é o segundo maior produtor, atrás do Paraná. O frio intenso e as geadas pontuais não afetaram muito a cultura, uma vez que os efeitos positivos das chuvas foram maiores que as perdas pontuais. No Norte e Triângulo, as lavouras já foram praticamente colhidas. No Estado, falta encerrar na região Sul”, explicou Fogaça. 

Trigo em evidência

Para o trigo, a produção mineira deve chegar a 295,1 mil toneladas, volume que supera em 72,2% as 171,4 mil toneladas colhidas na safra passada. A previsão é de uma produtividade 17,6% maior, atingindo 2,7 toneladas por hectare. Com preços e demanda elevados, a área plantada cresceu 46,3% e chegou a 107,1 mil hectares.  

Área de trigo no País será a maior em 32 anos

São Paulo – A safra de trigo do Brasil foi estimada ontem em um recorde de 9 milhões de toneladas em 2022, aumento de 17,6% ante a temporada passada, que já havia sido histórica, com produtores devendo semear a maior área com o cereal em 32 anos, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Segundo a estatal, o Brasil já plantou cerca de 65% da área, estimada em 2,9 milhões de hectares, que deve ter um crescimento de 6,6% ante a temporada anterior, ficando abaixo apenas da marca de 1990, de 3,28 milhões de hectares.

A Conab espera ainda um ganho de produtividade de 10,3% na comparação anual, para 3 toneladas de trigo por hectare. Há 32 anos, o rendimento agrícola era de 1 tonelada/hectare.

O avanço no plantio pode ser atribuído aos preços recordes pagos ao produtor em meio ao abalo na oferta global por conta da guerra na Ucrânia. A alta nas cotações tem sido fator de sustentação da inflação de alimentos também no Brasil.

A Conab citou ainda a valorização cambial como motivo de alta nos preços, uma vez que o Brasil importa a maior parte do trigo consumido localmente da Argentina.

“A retomada da valorização cambial, somada à alta da cotação argentina, que acabam por encarecer a paridade de importação, foram fatores determinantes para as valorizações sobre as cotações domésticas”, disse a estatal.

Com uma maior oferta projetada na nova safra, a Conab reduziu a previsão de importação de trigo pelo Brasil na safra 2021/22 (encerrada em julho) em 500 mil toneladas, para 6 milhões de toneladas, enquanto elevou o quantitativo a ser exportado de 3,15 milhões para 3,2 milhões de toneladas.

Para 2022/23, a previsão é de exportação de 2,5 milhões de toneladas, enquanto a importação foi estimada em 6,5 milhões de toneladas. (Reuters)

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