Nanonib cria fungicidas inovadores à base de nióbio

A startup mineira Nanonib desenvolveu soluções inovadoras para o agronegócio à base de nióbio. Os compostos são capazes de combater fungos em plantas e também agem na conservação das sementes.
Em testes já realizados em campo, a ação dos produtos foi positiva inclusive em relação ao controle da ferrugem asiática, uma das principais doenças que acometem a soja e que causa grandes prejuízos em todo o mundo.
A tecnologia é inovadora no mundo, mas, por utilizar como base o nióbio, o que ainda não havia sido explorado, a empresa está em processo de registro do insumo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por isso, os produtos ainda não estão disponíveis no mercado.
De acordo com o professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e sócio da Nanonib, Luiz Carlos Oliveira, as expectativas em relação aos produtos desenvolvidos à base de nióbio para o agronegócio são muito positivas.
Além de combater fungos e preservar as sementes, os compostos são de baixa toxicidade e causam menos impactos ambientais. Outra vantagem, devido à baixa concentração, é o menor risco para a saúde humana.
“São fungicidas com baixíssimos impactos ambientais e na saúde dos humanos. Os compostos não causam irritação ou toxicidade em contato com as pessoas. Eles combatem o fungo sem prejudicar o meio ambiente e possuem menor toxicidade para quem aplica”, explica.
De acordo com Oliveira, os compostos são aplicados através da pulverização. Com a aplicação, é criada uma proteção física composta pelos químicos do produto, que é capaz de combater microrganismos.
Por ser uma molécula versátil, pode ser usada para combater fungos e bactérias conforme o interesse. Além da soja, já foram feitos testes nas culturas do tomate e da batata. No uso para sementes, foram testadas soja, aveia, arroz e milho.
Além de ser um produto que causa baixo impacto no meio ambiente, ao controlar as doenças, o produtor tem como retorno o melhor desenvolvimento das culturas e aumento da produtividade e da qualidade.
O desenvolvimento das soluções inovadoras também é considerado importante para que o Brasil se torne menos dependente da importação de insumos. Minas Gerais possui grandes reservas de nióbio, que é a base dos produtos da Nanonib.
“É uma tecnologia nacional que vai contribuir para reduzir a dependência de insumos importados para a produção nacional de alimentos. Isso é estratégico e traz maior segurança alimentar”, destaca Oliveira.
Em relação aos custos para os produtores, por ainda estar em fase de registro, não foi possível calcular, mas a estimativa é de que os produtos não sejam comercializados a valores superiores aos que já estão no mercado.
Compostos
Conforme as informações da Nanonib, já foram desenvolvidos os compostos Nb41-B, PNb-53 e o NbS-12. Em testes, o Nb41-B apresentou efetiva atividade fungicida. O produto pode contribuir para o combate à ferrugem asiática, principal doença que acomete a cultura da soja.
O NbS-12 tem a capacidade de proteger sementes para o plantio de diversas culturas, como milho, trigo, amendoim, entre outras.
O PNb-53 possui ação fungicida e permite ainda a entrega de macro e micronutrientes associados para uma melhor recuperação da cultura em desenvolvimento.
A startup foi criada em 2019 em parceria com grupo de investidores privados e sócios-pesquisadores e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que há cerca de 15 anos já pesquisavam as diversas aplicações dos nanomateriais de nióbio. Os sócios são Alessandro Carvalho, Poliana Tamietti, Joel José dos Passos, Luiz Carlos de Oliveira, Cinthia de Castro e Jadson Belchior.
A empresa possui unidade de PI&D e planta produtiva de materiais avançados de nióbio no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec).
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