Suínos têm cotação recorde em Minas

A demanda maior pela carne suína tem gerado preços recordes para o quilo do suíno vivo em Minas Gerais e a tendência é de que a cotação siga em alta. Na última semana, a Bolsa de Suínos do Estado de Minas Gerais sugeriu o valor de R$ 9,80 para a comercialização do quilo do suíno vivo no Estado, alta de 3,15% em relação à bolsa anterior, realizada uma semana antes. Na comparação com igual período de 2019, o preço está 78% maior.
A valorização ocorre em um momento importante para os suinocultores, que tiveram os custos de produção alavancados pelos preços do milho e da soja, componentes da ração animal e que respondem pela maior parcela da composição dos custos.
A redução do rebanho chinês aliada à desvalorização do real frente ao dólar e ao pagamento do auxílio emergencial, feito pelo governo federal, são fatores que têm estimulado a demanda pela carne suína e elevado os preços.
De acordo com o presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), João Carlos Bretas Leite, a expectativa é de que os preços pagos pelo quilo do suíno sigam firmes.
“Estamos registrando valores recordes que são resultados da maior demanda pela carne suína. As exportações estão em alta e pressionando a cotação. O preço registrado em Minas tem grande influência da região Sul do País, onde estão os estados maiores produtores e exportadores. Como os embarques, principalmente para a China, estão em alta, a produção do Sul não tem ido para outras regiões do País, como São Paulo, por exemplo. Minas vem atendendo à demanda dos mercados, favorecendo à geração de preços mais rentáveis para o setor”, explica.
Ainda segundo Bretas, a Peste Suína Africana (PSA) dizimou grande parte do rebanho chinês e o país oriental passou a demandar maior volume de carne suína, com o Brasil atendendo a este mercado. A desvalorização do real frente ao dólar também tem incentivado os embarques. Já em relação ao mercado interno, mesmo com a alta nos preços, o consumo segue firme. Além dos valores da carne bovina, proteína concorrente da carne suína, elevados, o pagamento do auxílio emergencial tem permitido às famílias a continuidade do consumo.
Com o preço de R$ 9,80 sugerido pelo quilo do suíno vivo, Bretas explica que os suinocultores estão garantindo rentabilidade, mesmo com o aumento dos custos de produção.
“O preço pago pelos suínos aumentou, mas os custos de produção dobraram. Enquanto no início do ano pagávamos cerca de R$ 45 pela saca de milho, hoje pagamos em torno de R$ 85. A tonelada do farelo de soja passou de R$ 1,1 mil para R$ 2,7 mil. Foi um aumento muito significativo, mas ainda estamos com margem de lucro”, afirma.
Futuro – O receio do setor é em relação à sustentação dos preços do suíno no longo prazo. A tendência é de que ocorra uma recuperação do rebanho chinês, o que vai reduzir a demanda pela carne brasileira. Os custos de produção também tendem a se manter em alta, o que pode comprometer a atividade.
“O produtor precisa aproveitar o momento para capitalizar, investir na gestão e fazer um planejamento do futuro. Nós, suinocultores, ficamos receosos porque temos certeza que os custos não irão recuar. A demanda pelos produtos como farelo, soja e milho é mundial. Sabemos que a China vai recompor o rebanho e os preços da carne suína irão cair. O auxílio emergencial também é temporário, por isso, é necessário planejamento”, explicou o representante da Asemg.
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