Agronegócio

Fabricantes mineiras de rações comemoram abertura do mercado chinês em meio a tarifaço

Três indústrias de MG foram aprovadas pelo país asiático para enviar itens reciclados, como farinha e óleo feitos de partes não comestíveis de animais
Fabricantes mineiras de rações comemoram abertura do mercado chinês em meio a tarifaço
Empresa mineira faz exportações desde 2011. Na imagem, a planta da indústria em Patos de Minas. | Foto: Divulgação/ Patense

A habilitação de plantas para exportação de produtos de reciclagem animal à China abre novas oportunidades para as empresas mineiras do setor, em meio ao tarifaço imposto pelo governo do presidente Donald Trump a produtos brasileiros.

A avaliação é do diretor comercial, de logística e exportações do grupo Patense, Marcell Porto e Castro, ao Diário do Comércio. A Patense, a Avivar Alimentos e a Céu de Minas são as três empresas mineiras na lista das 51 indústrias habilitadas pela China no Brasil, segundo informações da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), do governo federal, em parceria com a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra).

“Entendemos que as habilitações vêm em boa hora e calham com o momento de busca de novos mercados devido às recentes tarifas impostas pelos EUA aos produtos brasileiros”, declarou Porto e Castro. Segundo ele, a Patense tem seis plantas produtoras e 11 produtos aprovados na Administração Geral das Alfândegas da República Popular da China (GACC), sede da Alfândega chinesa. Ele espera que a exportação ao país asiático tenha início “com brevidade”.

A Patense exporta desde 2011 para países da América do Sul, América do Norte, Ásia e África, incluindo os Estados Unidos. O comércio exterior, segundo a indústria mineira, representa cerca de 35% do faturamento.

Processo de habilitação da Patense teve início há quase 10 anos

O diretor comercial da Patense explicou que o processo para aprovação da Patense no rígido sistema chinês começou em 2016, quando a indústria e outros produtores, todos apoiados pela Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), foram à China e realizaram reuniões com o governo daquele país e com potenciais clientes.

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“Desde então, viemos estreitando relações e participando de feiras e eventos naquele país. Durante todos esses anos, várias comunicações oficiais entre o Mapa e autoridades chinesas também foram trocadas. Foram muitas etapas até a presente data”, relatou Porto e Castro. Ele lembra que a Patense precisou comprovar boas práticas de fabricação e de segurança sanitária e que autoridades chinesas vieram ao Brasil e auditaram plantas produtoras.

“Poder exportar para a China é mais uma grande conquista, pois aquele país é um dos maiores produtores de alimentos para animais do mundo. Receber a notícia de habilitação é gratificante e reafirma a qualidade e segurança sanitária dos nossos produtos e nosso comprometimento com trabalho sério e sustentável”, destacou

Empresa mineira faz exportações desde 2011. Na imagem, a planta da indústria em Patos de Minas.
Comércio exterior representa 35% do faturamento da Patense. Na imagem, a planta da empresa em Itaúna. | Foto: Divulgação/ Patense

Avivar exporta desde 2014, mas China será ‘divisor de águas’, diz CEO

Outra empresa habilitada à exportação de reciclagem animal é a Avivar. Fundada em 1999 em São Sebastião do Oeste, no Centro-Oeste de Minas, a indústria começou a exportar cortes de frangos há 11 anos. Hoje, envia produtos para mais de 40 países, incluindo Argentina, Benin e Guiné. Para a China, a empresa, que tem mais de três mil funcionários, levará farinha e óleo feitos de partes não comestíveis do frango, como vísceras, penas e osso.

O CEO da Avivar, Antônio Carlos Vasconcelos, falou sobre a habilitação para o país asiático ao Diário do Comércio. “Exportar para a China é, sem exagero, um divisor de águas para a Avivar. Essa habilitação não é só uma conquista da empresa, é uma vitória para toda a cadeia produtiva nacional. A China valoriza fornecedores confiáveis, com processos auditáveis e rastreabilidade total. E, ao sermos aceitos, mostramos que atendemos a esses requisitos com excelência”.

Segundo ele, o processo para obter a habilitação começou, indiretamente, em 1999, quando a Fábrica de Farinha e Óleo (FFO) iniciou atuação focada “em qualidade, segurança e sustentabilidade”. Para alcançar o mercado chinês diretamente, a empresa relata que reuniu time técnico altamente capacitado, se alinhou às exigências sanitárias internacionais, enfrentou auditorias rigorosas e implementou ajustes operacionais minuciosos.

Agora, a empresa está pronta para fechar contratos. “Nosso time comercial já está em campo, construindo pontes com parceiros estratégicos e finalizando negociações para viabilizar os primeiros contratos. Ainda não temos uma data exata para o primeiro embarque, mas a habilitação já está ativa e operacional”, disse.

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