Agronegócio

Tentativa de barrar carne brasileira nos EUA é protecionismo, diz CNA

Tentativa de barrar carne brasileira nos EUA é protecionismo, diz CNA
Crédito: REUTERS/Paulo Whitaker

São Paulo – A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) do Brasil afirmou em nota divulgada na sexta-feira (19) que os produtores de carne dos Estados Unidos estão adotando postura protecionista com viés econômico, após pedido ao Departamento de Agricultura dos EUA (Usda) para impedir a entrada do produto brasileiro no mercado norte-americano.

O pedido da Associação de Produtores de Carne dos Estados Unidos (NCBA) veio após registros de casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como “doença da vaca louca”, no Brasil.

Os casos, ocorridos em São Paulo e Minas Gerais, foram considerados “atípicos” por serem de um tipo espontâneo, e não por transmissão no rebanho. De acordo com a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), casos “atípicos” não oferecem riscos à saúde humana e animal, e são em geral detectados em bovinos mais velhos.

A CNA ressaltou no comunicado que o Brasil nunca teve qualquer caso de forma típica da doença. Segundo a confederação, a legislação brasileira proíbe o uso de qualquer proteína animal para alimentação bovina, sendo essa a única causa de contaminação da doença típicas.

Em relação aos casos atípicos da doença no Brasil, registrados no início de setembro, a confederação afirmou que o País seguiu todos os procedimentos exigidos pela OIE e reforçou o forte sistema de defesa sanitária.

“A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) condena qualquer medida arbitrária que vá contra os pilares do comércio internacional. Assim, repudia a conduta adotada pela entidade americana”, afirmou a organização em nota.

A nota ainda acrescentou que os EUA, diferente do Brasil, apresentaram três casos típicos da doença em 2003, 2005 e 2012. “Diante deste contexto, entendemos que, ou a NCBA está desinformada ou adota a postura protecionista com viés econômico e sem nenhum caráter sanitário”, defendeu a CNA.

Entenda o caso – Na quinta-feira o senador dos EUA, Jon Tester, apresentou um projeto de lei para suspender as importações de carne bovina brasileira pelos Estados Unidos, devido aos relatos de casos da doença vaca louca. O senador também pediu que especialistas revisem a “segurança das commodities”, atendendo pressões políticas de produtores de carne dos EUA.

O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, suspendeu as exportações para seu principal parceiro, a China, após a confirmação, no início de setembro, dos dois casos atípicos da doença da vaca louca. Ainda que não haja justificativa sanitária, a China mantém a suspensão de compras de carne bovina do Brasil, com forte impacto negativo nos embarques de outubro.

Mas os casos foram detectados originalmente em junho, bem antes de serem reportados para parceiros comerciais na OIE, de acordo com uma carta enviada no dia 12 de novembro pela Associação Nacional de Produtores de Carne para o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda). 

Os Estados Unidos importaram US$ 62,3 milhões de carne bovina e produtos de carne bovina do Brasil nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 36% em relação ao mesmo período um ano antes, de acordo com dados comerciais norte-americanos. Em volume total, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de importações de carne bovina e produtos para os EUA no período, atrás apenas do México.

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