Uso de adubos na agricultura nacional deve fechar o ano com avanço de 3%

Os bons resultados obtidos na safra 2019/20 e a tendência de mercado firme e remunerador para os produtos agrícolas irão estimular o uso de adubos na safra 2020/21. De acordo com a Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama Brasil), até o momento, os desembarques do insumo estão cerca de 20% maiores que os do ano passado e a tendência é que o consumo encerre 2020 com alta de 3% sobre 2019. Minas Gerais está entre os cinco maiores consumidores do produto no País, o que é favorecido pela diversidade de lavouras.
De acordo com o diretor executivo da Ama Brasil, Carlos Eduardo Lustosa Florence, é importante ressaltar que cerca de 85% de todo fertilizante usado no Brasil é importado. No momento, houve uma concentração das importações devido à aproximação do período de plantio. A demanda não deve ficar em torno dos 20% de crescimento visto na chegada de navios, mas a tendência é positiva e o consumo de adubos deve ficar pelo menos 3% maior que em 2019.
Ainda segundo Florence, a expectativa de uma safra maior e com boa parte dos principais produtos já comercializados de forma antecipada, como o milho e a soja, a tendência é que os produtores invistam no manejo, para uma melhor produtividade.
“A demanda pelos adubos está muito forte. Isso vem sendo estimulado pelos bons preços pagos pelas principais commodities produzidas. Se avaliarmos a soja, por exemplo, que representa 45% do consumo dos fertilizantes, o milho, que responde por 18% do volume, a cana-de-açúcar, o algodão e o café todos estes produtos estão com preços valorizados no mercado internacional. Com o valor do dólar atual, todas as lavouras estão muito robustas e, isso, estimula o consumo de adubos”.
Mesmo com o real desvalorizado frente ao dólar, o que encarece a importação dos adubos, Florence explica que os preços dos fertilizantes estão mais competitivos nesse ano, porque caíram. Por outro lado, houve valorização dos produtos agrícolas, o que torna a situação dos produtores mais favorável, já que estão mais capitalizados.
“Embora o dólar tenha subido muito, o preço dos fertilizantes caíram muito também. No momento atual, existe uma retomada dos valores, mas, no período de maior compra, os preços estavam bem competitivos. Este ano, tivemos a melhor relação de troca entre o fertilizante e a commodity. O preço caiu porque a produção mundial aumentou muito, a níveis acima da demanda. A alta na produção foi em todos, nitrogenados, fosfatados e potássio”, disse Florence.
Ainda segundo Florence, dependendo do fertilizante, a queda nos preços (em dólar) chegou a 30% no caso do fosfatado, no potássio a redução foi de 20% e nos nitrogenados, caíram cerca de 10%, se comparados com um ano atrás.
Minas Gerais – Em relação ao mercado para os adubos em Minas Gerais, Florence destaca que o Estado está entre os principais consumidores.
“Minas Gerais é um estado referência e está entre os cinco maiores consumidores de fertilizantes do Brasil. É um estado muito significativo e com grande diversidade de lavouras como a soja, milho, café, cana-de-açúcar, hortifrutigranjeiros”.
Dependência – Um ponto preocupante para o setor agropecuário é a grande dependência da importação de um dos principais insumos atividades. Nos últimos anos, a produção de adubos no Brasil vem sendo reduzida, o que tornou o País ainda mais dependente.
“Infelizmente, estamos reduzindo nossa produção de adubos. No caso do nitrogenado, tínhamos uma produção muito pequena de ureia, cerca de 800 mil toneladas ao ano, porém, hoje, as plantas foram desativadas pela Petrobrás. A produção de fósforo tende a aumentar um pouco, mas ainda é muito pequena frente ao consumo. Produzimos cerca de 5% do volume consumido e a tendência é de elevar essa demanda”
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