Uso de sementes piratas diminui a produtividade

Mesmo com uma fiscalização constante, o uso de sementes piratas no campo ainda é muito grande e pode acarretar em problemas sérios como, por exemplo, contribuir para a disseminação de pragas e doenças nas lavouras. Além disso, o uso das sementes sem registro pode impactar de forma negativa a produtividade. Em Minas Gerais, dentre as culturas mais plantadas, a do feijão possui o maior índice de pirataria de sementes, chegando a cerca de 90%; seguido pela soja e trigo, com 25% cada, e o milho, com 8%.
De acordo com o engenheiro agrônomo e gerente de Produto da Produce, startup voltada para a venda de insumos, Juliano Ribeiro, o uso das sementes piratas é um problema sério que causa diversos outros.
“O produtor que utiliza as sementes piratas pode ter um malefício muito grande. O uso pode acarretar na disseminação de doenças e pragas em lavouras que antes não eram afetadas. Entre as doenças, pode haver a disseminação de ervas daninhas, do mofo branco, entre outras, que podem causar grandes prejuízos para quem utiliza e também para os vizinhos”, explicou.
Ainda segundo Ribeiro, o uso de sementes piratas em Minas Gerais, assim como no Brasil, é muito grande, principalmente na cultura do feijão. O levantamento da Produce mostrou que o volume de sementes piratas em Minas Gerais é maior na produção de feijão, chegando a um índice de 90%. Na soja, o índice de sementes piratas chega a 25%, no milho, 8%, e no trigo, 25%”.
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Além do risco sanitário, o uso das sementes irregulares também pode gerar perdas produtivas. Segundo Ribeiro, as sementes regulamentadas possuem uma tecnologia embarcada, que garante um índice mínimo de germinação e vigor, gerando retorno ao produtor.
Em relação ao custo com as sementes, de acordo com os dados da Produce, em média, na cultura da soja o gasto foi de R$ 660 por hectare na safra 2022/23. Ribeiro considera o valor alto, já que ele equivale a cerca de 8% a 10% dos custos totais. Por isso, é preciso reduzir os riscos, o que torna inviável qualquer alternativa não segura, como, por exemplo, a adoção de sementes piratas.
“Em princípio, o custo de uma semente pirata pode atrair o produtor, mas é uma conta errada. Quando ele avalia o vigor e a germinação de uma semente certificada, ele investe na regulamentada. Ela garante a germinação e o vigor. A indústria tem um índice mínimo garantido, caso aconteça alguma coisa, ele tem respaldo pela má germinação ou pelo menor vigor ou introdução de alguma praga. Sempre tem uma empresa respaldando e indicando as providências necessárias de como fazer manejo, como descartar e até mesmo pagando uma indenização”, apontou.
Feijão
Ribeiro destaca que o uso das sementes piratas em culturas mais difíceis, como o milho, ou pela viabilidade de tempo, como a soja, é menor. Mas, no caso do feijão, o índice ainda é muito elevado.
“No caso do feijão, muitos produtores têm o costume de salvar as sementes para utilizarem na safra seguinte, pensando em um custo menor. O agricultor pode produzir a sua própria semente. É permitido, mas não pode comercializar. A comercialização irregular traz problemas com doenças, pragas e vai demandar gastos com herbicidas e fungicidas. Em Minas Gerais, o mofo branco se alastrou muito e, possivelmente, isso tem muito relação com sementes pirateadas de feijão. Essa praga, 90% das vezes, é disseminada via sementes piratas”.
O uso das sementes piratas também desestimula a indústria produtiva, que investe altos valores no desenvolvimento de tecnologias e melhoramento das sementes.
“As empresas estão sempre trabalhando junto aos produtores, levando novidades e produtos de alta performance. Se olharmos dez anos atrás, estávamos em uma média de rendimento por hectare de 40 a 50 sacas de soja. Hoje, o Brasil fecha na casa de 63 a 70. Em Minas Gerais, muitos produtores registram acima de 80 sacas por hectare. Então, o avanço em tecnologia, em genética e estudos para semente é muito grande e precisa ser valorizado”.
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