Agronegócio

Valor da produção agrícola foi recorde em 2019, aponta o IBGE

Valor da produção agrícola foi recorde em 2019, aponta o IBGE
Crédito: Abiove/Divulgação

Rio – A produção agrícola nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas somou, no ano passado, 243,3 milhões de toneladas, alta de 6,8% em comparação a 2018, com valor de produção recorde de R$ 361 bilhões e expansão de 5,1% sobre o ano anterior.

O destaque foi para o milho, que ultrapassou pela primeira vez 100 milhões de toneladas. A cultura do milho registrou 101,1 milhões de toneladas em 2019, mostrando aumento de 22,8% em relação à safra anterior. O algodão herbáceo (em caroço) também atingiu recorde de 6,9 milhões de toneladas, incremento de 39,1%, enquanto a cana-de-açúcar apresentou recuperação frente a 2018, com crescimento no valor de produção de 5,3% no ano passado.

Os dados constam da pesquisa Produção Agrícola Municipal 2019 (PAM 2019), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quanto à soja, a principal commodity (produto mineral e agrícola comercializado no mercado internacional) agrícola do Brasil, a área colhida cresceu 3,2%, mas o volume gerado caiu 3,1%, em razão de fatores climáticos adversos em alguns dos principais estados produtores (Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul). Mesmo assim, os pesquisadores do IBGE analisaram que 2019 se consolidou com a terceira maior produção de soja na série histórica.

A área plantada no País totalizou 81,2 milhões de hectares (evolução de 3,3%), destacando aumento de 1,2 milhão de hectares para o cultivo de milho e de 1,1 milhão de hectares para cultivo da soja. A área colhida em 2019 foi de 80,6 milhões de hectares, com crescimento de 3,5% ante 2018.

Principais culturas – Em termos de valor da produção, as principais culturas ficaram assim divididas no ano passado: soja, com 34,8%; cana-de-açúcar (15,2%); milho (13,2%); café (4,9%). Primeira do ranking no valor da produção agrícola nacional, apesar da retração de 1,8%, a soja somou R$ 125,6 bilhões em 2019, seguida da cana, com R$ 54,7 bilhões (incremento de 5,3%), e o milho, com R$ 47,6 bilhões (alta de 26,3%). Juntos, soja e milho responderam por 88,6% do volume total produzido pelo grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas.

A pesquisa do IBGE revela que no período de 1995 a 2019, a soja saiu da terceira colocação no ranking de maior valor da produção agrícola brasileira para o primeiro lugar, o que representou salto no valor nominal de 3.44%. Entre 1995 e 2019, o aumento da área colhida de soja atingiu 207,3%, passando de 11,7 milhões de hectares para 35,9 milhões de hectares. O volume de soja obtido também cresceu 344,9%, com rendimento médio dessa cultura da ordem de 44,8%, graças a investimentos feitos em pesquisa e tecnologia.

O segundo maior acréscimo no valor da produção foi observado na cana-de-açúcar (1.225,9%), seguida do milho (1.216,1%). Esses aumentos são explicados pelos técnicos do IBGE como decorrentes dos avanços tecnológicos e da valorização do dólar frente ao real. O estado de Mato Grosso deteve, em 2019, a primeira posição no ranking de valor da produção, com participação de 16,2%, superando São Paulo (15,4%) que se destacou no cultivo de cana. Na terceira colocação, aparece o Rio Grande do Sul (11,4%), segundo maior produtor nacional de soja e primeiro de arroz.

Safra – A expansão de 6,8% na safra do grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2019, frente ao ano anterior, teve como principais responsáveis o milho, com mais 18,8 milhões de toneladas, e o algodão herbáceo (+1,2 milhão de toneladas). Por outro lado, a produção de soja caiu 3,1% e a de arroz, 12,2%. Apesar disso, o grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas alcançou 243,3 milhões de toneladas, registrando ainda recorde de R$ 212,6 bilhões no valor da produção, o que representou aumento de 6,8% em relação a 2018.

Informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil exportou, no ano passado, 74,1 milhões de toneladas de soja, retração de 11% em relação a 2018. Desse total, 78,4% foram destinados à China, principal parceiro comercial do país. Os estados que se destacaram pelo preço médio da saca de 60 quilos de soja foram Alagoas (R$ 82,09 a saca), Acre (R$ 75,55) e Minas Gerais (R$ 73,75). O menor preço foi observado em Mato Grosso (R$ 60,97 a saca). (ABr)

Área plantada de grãos deve crescer 2%

São Paulo – A área plantada com grãos no Brasil deverá aumentar pelo 11º ano consecutivo na safra 2020/21, estimou ontem a consultoria Datagro, que projeta a semeadura da nova temporada em um total de 67,74 milhões de hectares.

A cifra representa uma alta de 2% frente a 2019/20, além de indicar um potencial preliminar de produção de 276,32 milhões de toneladas de grãos no país, que superaria em 6% o recorde registrado na safra anterior, acrescentou a empresa.

A área semeada com oleaginosas – incluindo a soja, principal produto de exportação do Brasil – tende a crescer 2% em 2021, para 39,81 milhões de hectares, enquanto a produção é estimada em 137,54 milhões de toneladas, alta de 4% na comparação anual, sendo 131,69 milhões de toneladas apenas de soja.

Já a safra de cereais 2020/21 deverá ser plantada em área 3% maior que a de 2019/20, atingindo 27,93 milhões de hectares. A produção total das variedades foi estimada pela Datagro em 138,79 milhões de toneladas, avanço de 8%, sendo 112,14 milhões de toneladas apenas das duas safras de milho cultivadas no país.

“Observamos que esta nova temporada está próxima de se iniciar com um quadro bem mais animador do que o verificado em igual momento de 2019, em função de razoável oferta de crédito e preços excepcionais observados nas principais culturas”, disse em nota o coordenador de Grãos da Datagro, Flávio França Junior.

Embora a questão climática venha sendo citada como possível fator limitante à safra brasileira, a Datagro afirmou que até o momento as previsões não indicam grandes anomalias nas chuvas.

“A meteorologia até agora não aponta para um La Niña intenso. Nem de longa duração. Assim, poderemos até ter uma safra caminhando não muito distante da normalidade”, comentou França.

“Esse é o principal ponto de interrogação e apreensão pelos produtores. O único efeito já percebido é do atraso na chegada das chuvas na região central, o que vai mantendo o plantio lento até este momento”, acrescentou. (Reuters)

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