Agronegócio

Vazio sanitário da soja entra em vigor para controlar a ferrugem asiática

Estado colhe safra recorde e adota medidas para proteger rendimento e reduzir uso de fungicidas nas lavouras
Vazio sanitário da soja entra em vigor para controlar a ferrugem asiática
Foto: Divulgação Jonas Oliveira

Após colherem uma safra 2024/2025 recorde de soja, produtores de Minas Gerais se preparam para a próxima temporada. Com o objetivo de controlar a incidência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática, o vazio sanitário da soja já começou em Minas Gerais. A medida é considerada essencial para interromper o ciclo de vida do fungo, minimizando, assim, o aparecimento da doença ao longo do período produtivo.

No Estado, o cultivo da soja está suspenso até 30 de setembro. Portanto, os sojicultores têm até o dia 31 de julho para declarar conformidade com o vazio sanitário.

Conforme dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o vazio sanitário da soja em Minas dura 92 dias e acontece entre 1º de julho e 30 de setembro. Neste intervalo, é proibido manter qualquer planta viva de soja nas áreas de cultivo. A medida é considerada essencial para que a próxima temporada não seja drasticamente afetada pela ferrugem asiática.

“O vazio sanitário é uma medida de defesa sanitária com o objetivo de controlar uma das piores pragas que existem na sojicultura, que é a ferrugem. Em Minas Gerais, a ação dura 92 dias e, neste período, não pode haver plantas vivas de soja no campo. Com isso, conseguimos quebrar o ciclo do fungo. Então, se a praga vier a aparecer nas próximas safra, ela aparece em momento mais tardio, diminuindo a incidência do patógeno. Além de evitar prejuízos na próxima safra, há também redução do uso de fungicidas para controle e redução dos custos para produtor”, explica o gerente de Defesa Sanitária Vegetal do IMA, Leonardo Henrique Martins do Carmo.

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A ferrugem asiática é uma das pragas mais severas que incidem na cultura da soja, podendo ocorrer em qualquer estádio fenológico. Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as plantas infectadas apresentam desfolha precoce, comprometendo a formação e o enchimento de vagens, reduzindo o peso final dos grãos e causando prejuízos. Nas diversas regiões geográficas onde a ferrugem asiática foi relatada em níveis epidêmicos, os danos acometem de 10% a 90% da produção.

Segundo Leandro do Carmo, a medida tem eficiência alta contra a praga. “Nós tivemos, no último vazio, em 2024, somente cerca de 2% de prevalência da praga no campo. Ao cumprir as exigências no período correto, o agricultor protege a sua próxima safra”, diz.

Declaração de conformidade com o vazio sanitário da soja

Além de manter os campos livres de qualquer planta de soja, os produtores também precisam enviar ao IMA o formulário eletrônico de declaração de conformidade com o vazio sanitário da soja. A entrega é obrigatória e feita exclusivamente no site do órgão estadual. Conforme do Carmo, o processo de declaração é rápido e fácil de ser executado.

A declaração de conformidade é essencial para que o Estado fortaleça a capacidade de resposta diante de ameaças fitossanitárias. Através dos dados cadastrados, o IMA mapeia as áreas cultivadas, monitora com mais precisão o cumprimento da medida e planeja ações mais eficientes de controle, especialmente em situações de risco.

“Com os dados levantados por meio das declarações de conformidade, o IMA mapeia as áreas, identifica as de maior risco e realiza fiscalizações in loco”, diz.

Produção de soja é recorde

O controle da ferrugem é essencial para o bom rendimento da safra. Em 2024/2025, a oleaginosa foi o grão mais cultivado no Estado e atingiu um novo recorde no volume.

Conforme a 10ª estimativa da safra de grãos 2024/2025, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado colheu 9,14 milhões de toneladas de soja, alta de 17,4%. A alta ocorreu devido à maior produtividade, que apresentou crescimento de 10% e rendimento médio de 3,9 mil quilos por hectare.

Além de atender o mercado interno, a soja produzida em Minas Gerais também é exportada. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o complexo da soja alcançou destaque em 2024, registrando o maior volume já embarcado. Ao todo, foram 7,2 milhões de toneladas  que movimentaram US$ 3,2 bilhões. O principal destino da soja mineira é a China.

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