Agronegócio

Vinhos de inverno: alta qualidade e em busca de ganhar mercados

Associação Nacional dos Produtores de Vinhos de Inverno, com sede em Caldas, no Sul de Minas, reúne cerca de 50 vinícolas, a maioria delas mineiras; feira nacional visa divulgar marcas e estimular consumo
Vinhos de inverno: alta qualidade e em busca de ganhar mercados
Vinícola ArPuro fica em Uberaba, no Triângulo Mineiro, região onde não se falava em produzir vinhos | Créditio: Divulgação Anprovin

A produção de vinhos de inverno tem crescido e se destacado pela alta qualidade. Hoje, o grande desafio da produção é vencer o preconceito – pela bebida ser produzida em regiões não tradicionais – e ganhar mercados. Diante do desafio, a Associação Nacional dos Produtores de Vinhos de Inverno (Anprovin), que reúne cerca de 50 produtores, trabalha na divulgação, promoção e no fortalecimento da produção dos vinhos de inverno. 

A produção dos vinhos de inverno acontece no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do País. A maior parte da produção está em Minas Gerais, mas se estende também por São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso, Distrito Federal, entre outros. A produção das uvas e da bebida, que tem se destacado pela qualidade em diversos concursos nacionais e internacionais, é possível pelo uso da técnica da dupla poda, desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

Conforme a Epamig, no sistema de dupla poda, as plantas são podadas em julho e agosto, quando os cachos são retirados logo que começam a se desenvolver. Em janeiro, é feita uma nova poda. Dessa vez, os cachos são mantidos até atingirem o ponto ideal de maturação. As duas podas anuais permitem a inversão do ciclo da videira, com o período de colheita da uva acontecendo no inverno, que apresenta condições ideais para a fabricação da bebida.

Qualidade superior

De acordo com o diretor de marketing da Anprovin e proprietário da Vinícola ArPuro, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, Valério Marega Jr, os vinhos de inverno apresentam qualidade diferenciada e tem se destacado em diversos concursos. Devido a isso, há um potencial enorme de mercado para a expansão da produção. Mas, ainda é preciso trabalhar na divulgação e estimular que os consumidores experimentem a bebida. Isso acontece pela produção ser relativamente nova e acontecer em áreas que não têm a tradição da produção, como acontece, por exemplo, no Sul do Brasil.

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A qualidade da produção é resultado, principalmente, das características do clima. “A produção do vinho de inverno é muito nova, mas é perceptível que a qualidade do fruto é muito superior no inverno que no verão. As uvas do Sul do País, por exemplo, custam de R$ 5 a R$ 10 o quilo. Já no Sudeste, o mesmo volume chega a R$ 25. O preço valorizado mostra que a qualidade é muito superior. Isso acontece porque a produção no inverno tem menos doenças, as uvas crescem em ambiente de dias quentes, noites frias e solo seco”.

Vinhos de inverno enfrentam desafios

Apesar da qualidade diferenciada, os vinhos produzidos no inverno tem desafios. A produtividade é menor e os custos mais elevados. Isso devido às características de manejo e idade das plantas. Conforme Marega, enquanto a produtividade no Sudeste gira em torno de 5 a 8 toneladas por hectare, nas áreas de produção de verão o volume quase dobra, variando de 10 a 12 toneladas.

“Temos alta qualidade, mas, em contrapartida, produzimos muito menos. Então, temos o desafio do custo mais elevado, com diferença de cerca de 50%. As plantas são novas e começam a expressar a maior produtividade com 4 a 5 anos. Hoje, a imensa maioria dos associados, mais de 50%, estará produzindo o primeiro vinho nos próximos dois anos. Das 50 vinícolas associadas, cerca de 15 a 20 somente estão com vinho no mercado”.

Valério Marega e Ana, da ArPuro
Fundadores da ArPuro, Valério Marega e Ana já colhem belos resultados com seus vinhos de inverno | Crédito: Divulgação Anprovin

Outro desafio é vencer o preconceito pelo vinho de inverno ser um produto novo e de regiões que não há tradição das produção. “Nossa função é quebrar esse paradigma. Nosso objetivo é estimular que os consumidores experimentem o vinho, que têm uma qualidade muito superior”.

Feira de vinhos é uma forma de divulgar e incentivar o consumo

Com o objetivo de divulgar as marcas, apresentar os vinhos de inverno e estimular o consumo, produtores ligados à Anprovin vão participar da  Expovitis Brasil 2024 – Feira Nacional de Viticultura, Enologia e Enoturismo. O evento, que acontece entre 19 e 21 de julho em Brasília, também é sede do 3º Festival Anprovin de Vinhos de Inverno.

A Expovitis reúne toda a cadeia da vitivinicultura e do enoturismo. No evento, estarão reunidos os setores de maquinários, implementos e insumos enológicos. Além disso, há expositores de equipamentos para a produção de uvas e para a elaboração de vinhos e de vinícolas brasileiras.

“A Expovitis Brasil  e o 3º Festival Anprovin reúnem os produtores e toda a cadeia de vinhos do Brasil. É uma oportunidade para degustar os mais diversos vinhos e conhecer os vinhos de inverno. São eventos importantes para a cadeia”, explicou o  diretor de marketing da Anprovin, Valério Marega Júnior. 

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