Café sem filtro

Café brasileiro: sensorial além-fronteiras

Mercado argentino se tornou mais um apreciador da bebida brasileira

O maior produtor de café do mundo tem conquistado o coração dos apaixonados pelo café ao redor do globo. O café brasileiro atravessou fronteiras e vem conquistando um lugar especial no mercado argentino. Nos últimos anos, o país vizinho tem ampliado de forma consistente suas importações, consolidando o Brasil como parceiro estratégico para abastecer a crescente demanda local.

Em 2024, a Argentina importou mais de 370 mil sacas de 60 quilos de cafés brasileiros, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Esse número colocou o país entre os 20 principais destinos do grão, com um volume expressivo que reforça a presença do Brasil no mercado latino-americano.

O movimento não parou por aí. Em 2025, mesmo em um cenário de incertezas econômicas, os hermanos argentinos mantiveram o ritmo de compras. Somente no primeiro semestre, foram adquiridas 193 mil sacas de café solúvel, o que fez do país o segundo maior importador dessa categoria no período. O dado revela uma combinação interessante: de um lado, o impacto das pressões globais, que levaram muitos compradores a antecipar pedidos; de outro, a confiança na qualidade e na regularidade da produção brasileira.

O tarifaço gerou efeitos que vão além da relação Brasil–EUA. Ao elevar o custo do café brasileiro em território norte-americano, abriu espaço para que outros mercados, como o argentino, se abastecessem de maneira mais competitiva. Em paralelo, a indústria cafeeira do Brasil tem investido em rastreabilidade, sustentabilidade e na valorização de cafés especiais – pontos que agregam valor e fortalecem a percepção positiva junto a consumidores e torrefadores no exterior.

Essa procura crescente também reflete mudanças de hábito. Tradicionalmente ligado ao consumo de chás e do mate, o público argentino tem se mostrado cada vez mais aberto ao café de qualidade, tanto no consumo doméstico quanto no cenário das muitas e novas cafeterias com “Cafés de Especialidad”. Nesse contexto, o Brasil aparece como fonte natural de suprimento: proximidade geográfica, preços competitivos e a oferta de uma ampla gama de perfis sensoriais tornam o café brasileiro uma escolha quase inevitável.

Mais do que números, esse movimento mostra como o café se consolidou como ponte cultural e comercial entre Brasil e Argentina. Se no passado a bebida já unia histórias e tradições, hoje ela simboliza também um novo capítulo de integração regional. O café brasileiro não apenas chega às xícaras argentinas: ele participa do cotidiano, do trabalho e dos encontros, mostrando que qualidade, sabor e confiança não conhecem fronteiras.

No fim das contas, cada xícara consumida aqui em Buenos Aires ou em qualquer outra cidade do país vizinho carrega mais do que um bom espresso. Carrega a trajetória de um setor que se reinventa diante dos desafios globais, fortalece laços comerciais e reafirma a relevância do Brasil como protagonista absoluto no mundo do café.

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