Governador da Califórnia critica Trump pela política climática ‘burra’ dos EUA

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, garantiu a uma plateia na cúpula climática COP30 no Brasil que seu Estado continuará a priorizar a tecnologia verde, ao mesmo tempo em que criticou a decisão “estúpida” do presidente dos EUA, Donald Trump, de reverter o curso do governo federal em relação à ação climática.

Falando em um evento com o vice-ministro do Clima da Alemanha e autoridades estaduais, ele lamentou os ataques do governo Trump à economia de energia limpa, que cresce rapidamente, como se estivesse cedendo o mercado para a China.

“A China está inundando a zona e dominará a próxima grande indústria global”, disse Newsom na primeira de várias aparições programadas na cúpula climática da ONU na cidade amazônica de Belém, no Brasil.

“Os Estados Unidos da América são tão burros quanto desejamos ser com relação a esse assunto, mas o Estado da Califórnia não é. Portanto, vamos nos impor, vamos nos empenhar e vamos competir nessa área”, disse ele.

Um ferrenho adversário político de Trump, Newsom há meses vem indicando uma candidatura à Casa Branca em 2028.

Os espectadores se encostaram em uma barreira de plexiglass para assisti-lo falar em um painel no meio do dia desta terça-feira (11). Vestido casualmente com uma camisa branca de negócios no calor tropical sufocante, Newsom fez questão de apresentar a mudança climática como uma questão apartidária — e listou as ações climáticas realizadas por dois presidentes republicanos da Califórnia, Ronald Reagan e Richard Nixon.

Embora a Califórnia seja apenas um dos 50 Estados dos EUA, sua economia é a quarta maior do mundo, o que a torna um ator importante para influenciar os mercados e a política energética.

Ladeado por seguranças da ONU, Newsom estava realizando reuniões com outras autoridades de alguns dos 195 governos participantes da cúpula.

Ele disse que a parceria da Califórnia na questão era segura.

“Mas não podemos fazer isso sem todos vocês… Portanto, estamos aqui com a mão aberta, não com o punho fechado.”

Na segunda-feira, Newsom falou com investidores em uma conferência em São Paulo, dizendo-lhes que o vácuo na liderança climática dos EUA era “de cair o queixo”.

Newsom elogiou a adoção da tecnologia verde pela Califórnia, destacando que o Estado tem sete vezes mais empregos em energia renovável do que em combustíveis fósseis e lembrando às pessoas que a gigante dos veículos elétricos Tesla foi fundada na Califórnia.

Trump, por outro lado, descartou falsamente a questão da mudança climática como uma “farsa” e buscou agressivamente aumentar o uso global de combustíveis fósseis poluentes. Washington se esquivou de forma evidente da COP30 deste ano.

Alguns diplomatas temiam que o governo republicano de Trump pudesse tentar atrapalhar a cúpula de longe.

Newsom, um democrata, disse no mês passado que está pensando em uma candidatura presidencial em 2028. Ele começou a reproduzir o estilo impetuoso de mensagens de Trump nas mídias sociais.

Na semana passada, os eleitores da Califórnia apoiaram sua proposta de redesenhar os distritos eleitorais do Estado para compensar o redistritamento em outros Estados com o objetivo de aumentar o número de cadeiras no Congresso ocupadas pelos republicanos.

Nesta terça-feira, Newsom observou que o mandato de Trump estava programado para terminar em janeiro de 2029, ainda que Trump ocasionalmente provoque dizendo que quer buscar um terceiro mandato.

“Ele é o presidente mais impopular da história dos EUA. É por isso que ele está tentando fraudar a eleição”, disse Newsom aos repórteres.

“Trump é temporário. Ele é imprudente. Ele é caótico”, acrescentou Newsom. “As pessoas precisam se levantar. Você precisa enfrentar um valentão.”

Conteúdo distribuído por Reuters