Coronavírus

Fiemg já prepara diagnóstico do setor

Fiemg já prepara diagnóstico do setor
Crédito: Divulgação

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) está colhendo informações junto aos sindicatos de diferentes setores produtivos do Estado sobre os possíveis impactos da disseminação do novo coronavírus (Covid-19).

O objetivo é elaborar um diagnóstico seguido de um plano de ação para amenizar as perdas impostas à economia mineira no curto, médio e longo prazos.

De acordo com a assessoria de imprensa da Fiemg, o documento ainda está sendo elaborado e deverá ser divulgado nos próximos dias. No entanto, alguns estudos e levantamentos realizados pela entidade, como o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), já indicam o impacto do avanço da doença no País, sobre os negócios industriais do Estado. Em março, o índice caiu 3,7 pontos na comparação com fevereiro, chegando a 60,2 pontos, desacelerando pelo segundo mês consecutivo.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Eletrônicos, Elétricos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), em Santa Rita do Sapucaí, no Sul do Estado, Roberto de Souza Pinto, a situação preocupante do Arranjo Produtivo Local (APL) já foi transmitida à Federação.

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Segundo ele, entre tantos outros problemas que o setor vem enfrentando desde o início do ano, com o surgimento do vírus na China, está o aumento dos custos da produção, em função da variação cambial com as incertezas que a pandemia também tem levado ao mercado financeiro.

“O que compramos há cerca de 90 ou 120 dias, com o dólar a R$ 3,20 ou R$ 3,40, vai ser pago com a moeda americana a R$ 5,10. A matéria-prima já foi comprada, recebida, manufaturada e o produto final vendido ao custo da época. Isso vai gerar um prejuízo grande”, ressaltou.

Outro ponto a se preocupar, conforme o dirigente, diz respeito às contas a vencer. Segundo ele, duplicatas, impostos federais, estaduais e municipais, folha de pagamentos e outros gastos deverão ser honrados independentemente do impacto que a doença trouxer aos rendimentos de cada empresa. “Por isso, o trabalho da Fiemg será tão importante. A entidade vai levar para os governantes as necessidades de todo o setor produtivo”, completou.

O governo federal, por exemplo, já anunciou medidas para fomentar a manutenção de empregos, como o adiamento do prazo de pagamento do FGTS e da parcela referente à União do Simples Nacional – cujos impactos somam, respectivamente, R$ 30 bilhões e R$ 22,2 bilhões. O pacote também contempla a disponibilidade de R$ 5 bilhões em crédito para micro e pequenas empresas e a redução das contribuições para o Sistema S por três meses, que somam R$ 2,2 bilhões.

O governo também facilitará as exigências para a obtenção de crédito e a dispensa de documentação para renegociação das dívidas. Também prometeu facilitar a exportação de insumos e matérias-primas industriais.

Minas Gerais – Já o governo de Minas, ainda não comunicou nenhum benefício específico para a indústria. Pelo contrário, o governador Romeu Zema (Novo) disse, em coletiva de imprensa, que medidas restritivas ao setor privado poderão ser tomadas à medida que forem avaliadas como necessárias para conter o avanço da doença no Estado.

Outro setor que poderá ser fortemente impactado em casos de paralisação é o da construção civil. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Geraldo Jardim Linhares, a atividade, que já vem amargando perdas nos últimos anos, em função da crise financeira vivida pelo Brasil, poderá ser ainda mais impactada caso as obras tenham que ser suspensas.

“Por enquanto, a orientação do sindicato às empresas é que redobrem os cuidados e condições de saúde dos funcionários e higiene nos canteiros de obras. Elas podem seguir com os trabalhos, uma vez que os mesmos são feitos em ambientes externos e estão sendo tomadas as devidas precauções”, informou.

Ainda não é possível estimar as perdas diante de uma suspensão completa do setor, conforme o dirigente. No entanto, segundo ele, caso realmente aconteça, medidas terão que ser discutidas com todos os agentes da sociedade, incluindo governos, as empresas e os sindicatos representantes dos funcionários, em busca de soluções conjuntas, que minimizem os impactos para os negócios, para a economia e para a saúde de todos.

“Temos que entender que independente de sermos empreendedores, contratantes, governo ou trabalhadores, temos um inimigo comum e temos que convergir nas melhores soluções para combatê-lo”, finalizou.

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