Professores da UFMG alertam sobre flexibilização
Um mês a mais de medidas de distanciamento social pode adiar, em dois meses, o novo pico de infecções pelo coronavírus, evitando a sobrecarga do sistema de saúde. Essa avaliação é feita por seis professores da UFMG no artigo “Por que ainda não é o momento de flexibilizar o isolamento social em Minas Gerais – nove argumentos com embasamento científico”, publicado no domingo, dia 10.
No documento, Cláudia Regina Lindgren Alves, Cristina Gonçalves Alvim, Elaine Machado, Luana Giatti, Sandhi Maria Barreto e Unaí Tupinambás, todos docentes da Faculdade de Medicina, argumentam que, “se o número de pessoas suscetíveis ao novo coronavírus for muito grande, os casos podem ressurgir rapidamente à medida que empresas, indústrias, comércios e escolas gradualmente retomam suas atividades, aumentando, assim, o contato social”.
O grupo de pesquisadores afirma que a flexibilização prematura das políticas de isolamento social provoca o aumento da taxa de transmissão do vírus. Segundo eles, o R0 ou Rt – medida que indica o número de contágios que cada pessoa infectada é capaz de produzir – inferior a 1 indica que a transmissão do vírus na comunidade está diminuindo, e o Rt superior a 1 atesta que a transmissão está aumentando e pode acarretar uma segunda onda de infecções. E citam o caso da Alemanha, um país com planejamento rigoroso para reabertura, mas cujo Rt passou de 0,7 a 1 em apenas uma semana após o início da flexibilização.
Diante desse cenário de incerteza, os pesquisadores da UFMG insistem que o isolamento social ainda é a melhor prevenção contra o avanço do Covid-19. Com base nos critérios propostos pela OMS e por outros países, eles listam nove motivos pelos quais Minas Gerais ainda não apresenta condições para iniciar a flexibilização do isolamento social.
Os nove motivos:
A transmissão do vírus no Brasil ainda não está controlada;
Nosso sistema de saúde ainda não está detectando, como deveria, as pessoas com Covid-19 em Minas Gerais (“subnotificação”);
Ainda não há um planejamento para a realização de testes em amostra representativa da população;
É necessário aprimorar a sistematização e a transparência das informações relativas aos serviços de saúde (profissionais, disponibilidade de leitos, insumos de proteção individual [EPIs], respiradores);
Os protocolos com as medidas preventivas e de controle em ambientes de trabalho, espaços públicos e escolas ainda não foram amplamente divulgados e debatidos nos diversos setores da nossa sociedade;
É insuficiente ainda o investimento em campanhas que promovam o engajamento da população e conscientização para adesão às medidas preventivas;
É preciso esclarecer como será a vigilância e o controle de possíveis novos casos importados de outras cidades e estados;
A “imunidade de rebanho” não ocorrerá tão cedo;
Ainda não há suficiente alinhamento quanto à política de prevenção entre os âmbitos federal e estadual para garantir ações coordenadas e efetivas. (Da Redação)
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