Setor de TI na América Latina deve perder US$ 15 bilhões em 2020
A pandemia de Covid-19 afetará o investimento em Tecnologia da Informação (TI) em todos os setores produtivos.
Segundo a IDC, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, na América Latina a redução no setor pode ser de mais de US$ 15 bilhões em 2020.
Alejandro Floreán, vice-presidente de consultoria e estratégia da IDC América Latina, explicou que a IDC está em constante processo de revisão das projeções, pois cada país sentirá e reagirá de uma forma dependendo da curva de contágio, da progressão da doença, das ações adotadas por seus governos e do período de recuperação.
“Alguns especialistas consideram que o período de transmissão e contágio ainda deve durar entre seis e oito semanas até estagnar e começar a diminuir. Uma possível recuperação só deve começar entre o final de maio e o início de junho”, disse Floreán.
Segundo ele, isso causará uma redução de 4 pontos percentuais no PIB da região, e as economias mais afetadas serão Argentina, com estimativa de queda de 6,5%, México, com queda de 6%, e Brasil, com queda de 5,5% em seu PIB.
Isso é resultado dos impactos sofridos pelos setores de manufatura, que foi afetado pela falta de importações asiáticas e pela interrupção na cadeia de suprimentos, e de transporte, no caso de companhias aéreas e turismo (hotéis e restaurantes), entre outros fatores.
Diante desse cenário, a previsão da IDC para o mercado de TIC na América Latina em 2020, que antes do Covid-19 era de crescimento de mais de 7% em relação a 2019, agora é de baixa de 4% ou mais.
Segundo o vice-presidente de consultoria e estratégia da IDC, a projeção é que o mercado de TI – excluindo Comunicação – terá uma perda de cerca de US$15 bilhões em 2020, em comparação com o tamanho do mercado em 2019, mas com uma rápida recuperação para o próximo ano dependendo dos incentivos e ações adotados por cada um dos governos e estabelecidas as diferenças por país.
Até agora, a IDC prevê números positivos e crescimento para 2021, em comparação com este ano, embora abaixo das estimativas anteriores à pandemia, especialmente no México.
Novas oportunidades de mercado – No entanto, enfatizou Floreán, nem tudo será negativo. Segundo ele, há de se considerar as ações que a China está adotando para recuperar sua economia e para desenvolver novas áreas, que poderão refletir na América Latina.
O governo chinês decidiu aumentar seu nível de digitalização, que não é homogêneo em todos os seus departamentos, melhorando sua conectividade e automação.
Está analisando e realizando um processo de descentralização de seus polos, para reduzir riscos devido à alta concentração de sua indústria.
Está aumentando seus investimentos em TI para o setor de saúde, especialmente em big data, análise e telemedicina, para fortalecer seu sistema.
Está diversificando sua cadeia de suprimentos para reduzir problemas com a escassez ou falta de insumos em sua economia.
Outro ponto que pode ajudar os provedores de TI é saber os períodos de recuperação de cada setor, em uma nova normalidade econômica, após o Covid-19.
Floreán acredita que o setor financeiro, por exemplo, levará cerca de 8,5 semanas para retornar aos mesmos níveis de investimento que tinha em 2019, enquanto o setor público deve levar 19 semanas, após o controle da pandemia, para reinvestir; isto é, pode ser até o final do primeiro trimestre de 2021.
Em curto e médio prazos, o vice-presidente da IDC mencionou que, depois da experiência de home office, a demanda por ferramentas de comunicação unificada e softwares de colaboração deverá crescer, seguida de soluções de virtualização, serviços em nuvem, conectividade, big data, análise e segurança.
Floreán também aponta que o setor de telecom terá um crescimento saudável este ano, devido ao papel que desempenha na conectividade necessária para empresas e pessoas viabilizarem negócios e manterem a economia em pé, e que as oportunidades de crescimento permanecerão no pós-Covid-19.
A IDC ainda lembra que, após a crise, as empresas terão uma maneira diferente de planejar seus investimentos em TI, não apenas para a recuperação de suas operações, mas também para o desenvolvimento de novos negócios, em que comércio eletrônico, plataformas on-line e nuvem serão importantes para uma nova economia. (Da Redação)
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