Economia

13º salário injetará R$ 34 bilhões na economia de Minas Gerais em 2025

O valor pago no Estado responde por 9,2% do registrado no Brasil (R$ 369,4 bilhões)
Atualizado em 17 de novembro de 2025 • 17:16
13º salário injetará R$ 34 bilhões na economia de Minas Gerais em 2025
Foto: Reprodução Adobe Stock

O pagamento do 13º salário deverá injetar cerca de R$ 34 bilhões na economia de Minas Gerais até o final deste ano. De acordo com estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), esse valor corresponde a aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, estimado em R$ 1,128 trilhão.

O valor a ser pago no Estado responde por 18,6% do total na região Sudeste do Brasil (R$ 183,2 bilhões) e 9,2% do registrado no País (R$ 369,4 bilhões). Ao todo, 10,2 milhões de mineiros deverão receber o 13º salário em 2025. Portanto, a média de valores por pessoa é estimada em R$ 2.970.

O economista e supervisor técnico do escritório regional do Dieese no Estado, Fernando Duarte, avalia que a remuneração adicional é um importante dinamizador da economia. Ele destaca a sazonalidade no consumo das pessoas, que tende a se concentrar no final de ano, devido a esse recurso financeiro.

Para o especialista os setores mais impactados de forma direta são de comércio e serviços, além do mercado financeiro. Duarte relata que a indústria também tende a se beneficiar de forma mais indireta com esse montante injetado na economia. “Isso é o que faz a indústria produzir mais em meados do segundo semestre do ano, justamente, para atender a demanda de final de ano”, diz.

Os setores de comércio, como os restaurantes, e serviços, como o turismo, também registram aumento na demanda no período de final de ano, marcado pelo pagamento do 13º salário. Parte desse recurso, segundo o economista, acaba sendo direcionado para o setor de construção civil, com a realização de reformas nos imóveis residenciais.

Quanto ao impacto no segmento financeiro, isso se dá por meio do pagamento de contas em atraso e demais compromissos financeiros. Duarte relata que esse tipo de comportamento também é muito comum entre as pessoas que recebem essa remuneração extra.

Perfil dos beneficiados com o pagamento do 13º salário

Notas de dinheiro
Foto: Marcello Casal jr / Agência Brasil

Conforme o levantamento, os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, representam 58,2% dos beneficiados em Minas, com 5,937 milhões de pessoas. Já os pensionistas e aposentados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) respondem por 39,7% do total, ou 4,048 milhões; enquanto o emprego doméstico com carteira assinada reúne 2,2% do público, ou 222 mil beneficiados.

Duarte destaca que a parcela de aposentados do INSS beneficiados com o recurso em Minas Gerais está acima da média nacional (36,5%). Ele relata que esse público possui um rendimento muito próximo do salário mínimo, parecido com o observado entre os empregados domésticos. “Esse tipo de remuneração dificulta a economia por meio da poupança. Com pouca propensão para economizar, esse recurso vai direto para a economia”, explica.

Além disso, o supervisor técnico do Dieese ressalta que o pagamento do 13º salário é muito importante para esse grupo, que possui alguns compromissos financeiros a serem pagos no início do ano seguinte, como o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). “Esse recurso, pago nesse momento do ano, é essencial para a economia”, completa.

Os empregados formalizados também respondem pela maior parte dos valores que cada segmento receberá no Estado, com R$ 22,706 bilhões, o que representa 66,7% do total. Os beneficiários do INSS respondem 21,3%, com R$ 7,243 bilhões; enquanto os aposentados e pensionistas do Regime Próprio de Minas somam R$ 2,522 bilhões, o equivalente a 7,4%, e os beneficiários do Regime Próprio dos municípios somam R$ 1,202 bilhão, ou 3,5% do total.

O aumento do número de contratados como pessoa jurídica (PJ) tem impactado o valor injetado pelo 13º salário na economia. Duarte explica que muitos desses trabalhadores possuem rendimentos típicos de alguém de classe média e que tem alguma dificuldade para economizar. Portanto, além da redução do valor injetado na economia, no final de ano, também há uma questão envolvendo finanças pessoais.

“É preocupante, não só pelo ponto de vista do financiamento da previdência, mas também da dinâmica econômica como um todo, como a poupança que também está sendo afetada”, conclui.

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