Economia

Lojistas de shopping centers estimam vendas menores no Natal

Lojistas de shopping centers estimam vendas menores no Natal
Vendas nas lojas dos centros de compras na RMBH devem recuar 5% na comparação com 2020 | Crédito: Divulgação

Faltando quatro dias para o Natal, as expectativas de venda não são animadoras para o comércio varejista de shopping centers, que pode ter uma queda de 10% a 20% em relação ao mesmo período de 2019, ano da pré-pandemia. Quando o parâmetro é 2020, a perspectiva de queda ronda os 5%, o que também não é nada bom, uma vez que o comércio experimentou o abre e fecha frequente durante épocas de pico da epidemia de Covid-19. A estimativa é da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshopping), que reúne 3.200 lojas em 16 shoppings de Belo Horizonte e região metropolitana.

“O mercado ainda não está bom e tem registrado muitas oscilações. O que pode favorecer um pouco o lojista é o 13º salário integralmente recebido pelo funcionalismo público estadual. Mas os resultados continuarão distantes de 2019”, avalia o superintendente da associação, Alexandre França. Segundo ele, a Black Friday – que costuma ser um termômetro de vendas para as festas de fim de ano – já havia sido fraca, com resultados aquém do esperado.

Fatores como juros altos e inflação rondando os 10% ao ano, conforme divulgado pelo Banco Central, influenciam negativamente neste desempenho, impactando o poder de compra das classes C, D e E. “Os efeitos negativos são sentidos principalmente pelo varejo de bens duráveis e semiduráveis porque são vendas parceladas, como fazem os grandes magazines, que recebem a prazo”, explica França, referindo-se aos juros que irão encarecer o produto e estrangular o consumidor.

Em movimento oposto, com vendas em alta, estão as lojas que têm público classe A, como as joalherias, que experimentam momento favorável de vendas, reflexo do que França chama de bolsões de riqueza, que cresceram durante a pandemia. Também as que comercializam produtos para casa, uma vez que o consumidor pegou gosto por este tipo de artigo.

On-line

A combinação de múltiplos canais de venda para atrair clientela tem sido a estratégia mais usada para melhorar resultados e possibilitar a manutenção do tíquete médio de consumo, que gira em torno de R$ 160,00. E pode-se dizer que esta é uma prática que veio para ficar. “O lojista de shopping center aprendeu muito nesta pandemia sobre o uso da rede social e a venda pelo WhatsApp. Um canal apoia o outro pois o cliente vê a mercadoria pela internet, se interessa e vai até a loja. Ou faz o contrário: vai na loja e compra pela internet. Esta é a estratégia mais forte”, explica Alexandre França.

Desafio

E haja tática para enfrentar tantos desafios, uma vez que o lojista precisa equilibrar receita, despesa e arcar com um custo operacional em que a conta não fecha. Se as receitas caíram, o mesmo não se pode dizer das despesas. Aluguel, condomínio e fundo de promoção dos shoppings estão mais caros do que antes da pandemia porque o reajuste desses valores é feito pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que bateu os 36%. “Vários lojistas estão conseguindo, na Justiça, retirar o reajuste pelo IGP-M de seus aluguéis. Mas este é um desafio muito grande e poucos shoppings estão fazendo esta negociação espontaneamente”, pontua França.

Proprietário das lojas Le Chemise e Cia. Do Terno, o empresário Pedro Paulo Drummond está no mercado há 36 anos e tem lojas em 23 estados. Para ele, o maior desafio, neste Natal, é terminar o ano com um caixa que permita arcar com salários, comissões, impostos, pagamento de fornecedores, absorver possíveis encalhes “e em alguns casos pagar o aluguel em duplicidade, pois ainda há shoppings que cobram assim nesta época do ano”, diz Drummond. O empresário aposta em uma grande liquidação entre janeiro e março e considera que somente em abril o comércio encontrará águas melhores para navegar.

Marcus Vinícius Ferreira Gonçalves é proprietário da Mardelle, marca de lingerie presente em 26 lojas espalhadas pelo Brasil. Em Minas Gerais ele tem lojas nos shoppings Boulevard, Cidade e Minas Shopping (Belo Horizonte) e Partage (Betim). Segundo o empresário, até o dia 15 deste mês seu faturamento estava igual ao de 2020, com tendência a ligeira perspectiva de alta – de 3% a 5% até o Natal.

“Não passa disso. E a única arma que o lojista tem é promocional. Ter preço competitivo em relação à concorrência”, diz. Para tanto ele aposta na venda por volume para fazer um feliz Natal: nas compras acima de R$ 1.000,00 o cliente tem desconto de 30% e pode parcelar a compra em até seis vezes no cartão de crédito. “Faz toda diferença para o consumidor.”

França destaca que as redes sociais são um aliado nos negócios | Crédito: Divulgação

Compras ficarão para a última hora em Minas

Um levantamento realizado pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais (FCDL-MG) apontou que 82,5% dos consumidores mineiros vão deixar para realizar as compras de Natal somente nesta semana, às vésperas da data. Outros 15,0% afirmaram terem realizado as compras no mês de novembro, aproveitando as ofertas da Black Friday, e 2,5% querem esperar as liquidações do mês de janeiro de 2022.

“Como a pesquisa foi realizada no período de 12 a 15 de dezembro, ficou claro que, mesmo deixando as compras para última hora, as pessoas querem presentear, pois o Natal é uma data com grande apelo emocional. Nesse sentido, há grandes oportunidades para o lojista que souber atrair esses consumidores, já que muitos pretendem gastar um ticket médio de cerca de R$ 170,00”, afirma o economista da FCDL-MG, Vinicius Carlos Silva.

A pesquisa também revelou que 92,5% dos mineiros irão comemorar as festas de fim de ano. Por outro lado, 7,5% dos entrevistados informaram que não irão comemorar pois estão com receio de novos surtos pandêmicos. “De modo geral, esses resultados demonstram os reflexos do avanço da vacinação e a melhora na percepção do cenário da crise sanitária como um todo”, ressalta Vinícius Silva.

Ainda de acordo com o levantamento, dentre as preferências de presentes 30,9% irão comprar produtos de vestuário; 19,1% calçados; 14,5% comprarão brinquedos; 8,2% vão focar suas compras em supermercados e hipermercados; e 7,3% querem comprar perfumes e cosméticos.

“Os dados mostraram uma grande diversidade de preferências, evidenciando que, além das lembrancinhas, há uma demanda reprimida de produtos à espera de oportunidades”, pontua o economista da FCDL-MG.

Compras híbridas -A pesquisa mostrou também que 40% dos consumidores mineiros realizarão suas compras de forma híbrida, tanto nas lojas físicas como nas virtuais. Já 35% irão comprar somente em lojas físicas e outros 25% somente pela internet.

Referente à utilização do 13º salário, somente 33,3% dos mineiros entrevistados informaram que irão utiliza-lo para comprar presentes. 35,9% disseram que irão quitar dívidas e outros 30,8% irão guardar o dinheiro.

Cautela Segundo o levantamento, para 2022 a perspectiva dos mineiros é de cautela e de expectativa de melhora do cenário. “A população espera um maior controle da inflação, queda da taxa de juros e mais oportunidades de emprego para o próximo ano”, finaliza Vinícius Silva.

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