2W Energia assegura recursos para expansão

São Paulo A comercializadora de eletricidade 2W Energia avançou em planos de expandir a atuação para o segmento de geração renovável, ao praticamente assegurar o financiamento para seus primeiros parques eólicos, disse à Reuters o presidente da companhia, que também revelou intenção de crescimento em tecnologia.
A empresa, que tem carteira de projetos eólicos e solares com cerca de 1 gigawatt em capacidade para implementação nos próximos anos, deve iniciar obras de duas usinas ainda em 2021.
A estratégia da 2W vem em meio a um forte crescimento do mercado livre de energia, onde consumidores com maior demanda como indústrias e empresas podem negociar o suprimento e preços com grupos de geração de energia ou comercializadoras.
“A 2W nasceu como comercializadora, mas a gente vem se tornando uma plataforma integrada que vai da geração até o consumidor final. Temos 1 GW em projetos para implantar até 2025”, disse o CEO, Claudio Ribeiro.
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A companhia prevê iniciar em 60 dias a mobilização para as obras do primeiro parque –Anemus, no Rio Grande do Norte, com 139 megawatts. A conclusão é prevista para setembro de 2022.
A segunda usina, Kairós, de 42 megawatts, no Ceará, tem previsão de construção a partir do final do segundo semestre, provavelmente dezembro, segundo Ribeiro.
Ele disse que a 2W obteve empréstimo mezanino de US$ 45 milhões da norte-americana Darby International Capital e que há compromisso de usar US$ 35 milhões dos recursos no projeto Anemus, para o qual a empresa ainda captará R$ 475 milhões com emissão de debêntures que será coordenada pelo BTG Pactual.
Já o projeto Kairós deve usar o valor restante levantado com a Darby, além de recursos da 2W, que encerrou março comR$ 29 milhões em caixa. A empresa ainda espera obter recursos do Banco do Nordeste (BNB) para as obras.
O investimento nos dois parques somará R$ 950 milhões.
O vice-presidente Comercial e de Marketing da 2W, Guilherme Moya, disse que a empresa também tem avançado na comercialização da produção futura de Anemus, com foco em empresas de pequeno e médio porte, consideradas clientes “de varejo” em meio aos grandes consumidores que operam no mercado livre.
“Nesse ritmo em que estamos indo, vamos vender toda energia do parque no varejo antes da operação comercial… nossa estratégia é sempre ter a energia dos próximos três anos do parque 100% vendida em contratos de até cinco anos”.
Tecnologia – A 2W também tem focado em tecnologia, visando desenvolver aplicações que possam agregar serviços para seus clientes.
Nesse sentido, a empresa anunciou em março acordo preliminar para comprar 100% da fornecedora de soluções tecnológicas em energia Way2, em uma transação de R$ 79 milhões.
O CEO da 2W espera concluir o negócio em 60 dias, após definição sobre como vai se dar o pagamento. “A ideia é fazer alguma operação estruturada, troca de ações, algo parecido.”
“De uma maneira macro, queremos cada vez mais nos aproximar de tecnologia… estamos olhando várias iniciativas”, acrescentou Ribeiro, ao apontar que a empresa não descarta outras futuras aquisições com esse objetivo.
A companhia também tem iniciativas de aceleração de startups de energia, que terão cerca de R$ 3 milhões por ano.
Resultados – A 2W, que se tornou companhia aberta em meados de 2020 mirando uma oferta inicial de ações (IPO), fechou o primeiro trimestre com lucro de R$ 7,4 milhões, enquanto a receita líquida subiu 58,3%, para R$ 258,8 milhões.
Questionado sobre os planos de IPO, Ribeiro disse que eles não foram abandonados, mas estão em avaliação no momento, após a empresa ter desistido de realizar a operação em outubro passado. “Estamos prontos para isso, mas não é uma meta.”
Ele explicou que o IPO pretendia levantar recursos para os projetos de geração e, como a companhia já avançou na estruturação de financiamentos, não há uma urgência na operação. (Reuters)
Isa Cteep tem lucro de R$ 308,1 milhões
São Paulo – A transmissora de energia Isa Cteep, controlada pelo grupo colombiano Isa, reportou ontem um lucro líquido de R$ 308,1 milhões no primeiro trimestre, praticamente estável frente ao mesmo período do ano anterior, embora com importante avanço nos ganhos operacionais.
Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia cresceram 16,7% na comparação anual, para R$ 696,8 milhões, enquanto o Ebitda ajustado registrou salto de 28,5%, para R$ 770,4 milhões.
“É um crescimento importante, alinhado com a estratégia”, disse à Reuters o presidente da elétrica, Rui Chammas, ao destacar o aumento de 4,8% nos investimentos durante o período, para R$ 290,9 milhões.
Os aportes em reforços e melhorias dispararam 726,8% frente a 2020, somando R$ 58,7 milhões, em meio a planos da Cteep de aumentar os recursos direcionados a esses empreendimentos, modernizando sua rede e trocando equipamentos antigos.
A expansão por meio de novos projetos recebeu R$ 232 milhões no trimestre, recuo de 14,2% ano a ano.
“Além de um projeto já energizado (IE Aguapeí), a gente tem expectativa de energizar de quatro a cinco projetos esse ano, quatro é uma expectativa realista”, disse o CEO.
Ele afirmou ainda que a companhia segue avaliando oportunidades de aquisição de empreendimentos, com análise para eventual participação em leilões programados pelos governos do Rio Grande do Sul e Goiás para privatização de ativos de transmissão das elétricas estaduais CEEE-GT e Celg-GT.
“Ainda não tem nada material nesses dois casos… mas é o tipo de ativo que merece ser avaliado”, comentou ele, ao destacar que ainda não há data para as licitações.
O governo de Goiás reagendou para o segundo semestre o leilão da Celg-GT, antes previsto para maio. Ao fazer o anúncio, a CelgPar, por meio da qual o governo controla a elétrica, disse que avalia separar ativos de transmissão da área de geração da empresa, o que poderia atrair mais interessados.
Em paralelo, a Cteep tem estudado alguns dos lotes de novos projetos de transmissão que serão oferecidos pelo governo e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) neste ano, em leilões programados para junho e dezembro.
Na preparação para as licitações, a Cteep está de olho na tendência de alta nos preços de diversos materiais, conforme diversos analistas apontam o início de um ciclo de commodities.
“Isso reforça nossa lógica de investimento de buscar sempre caminhar para o leilão com todos preços ‘hedgeados’, sem nenhuma exposição aventureira… para que possamos ser competitivos sem tomar riscos”, disse Chammas.
Balanço – A receita líquida da Isa Cteep aumentou 16,1% ano a ano, para R$ 852,8 milhões. O retorno sobre o patrimônio (ROE) da companhia no acumulado em 12 meses avançou para 20,2% ao final do trimestre, ante 18,4% no mesmo período de 2020.
O CEO da Cteep disse à Reuters que não deve haver impacto sobre os planos da elétrica após medidas da Aneel na semana passada para conter a escalada das tarifas de energia no Brasil, que incluíram postergação do pagamento de parte de indenizações bilionárias que empresas de transmissão de energia têm recebido pela renovação antecipada de seus contratos em 2012.
Para aliviar as contas de luz, que ainda assim devem subir quase 10% neste ano, a Aneel negociou a medida com empresas do setor, incluindo uma compensação posterior no fluxo de receitas.
“É neutro em valor econômico para a companhia”, disse Chammas, ao ser questionado sobre as medidas.
“Vimos como positivo, porque é uma medida que respeita os contratos existentes e que foi capaz de aliviar a pressão tarifária da Covid-19… não vemos, nesse fluxo, necessidade de alterar em nada nosso plano de investimentos… bem como de crescimento… ou mudar nossa prática de dividendos”, comentou.
A Cteep aprovou em fevereiro dividendos de R$ 531,2 milhões, ou R$ 0,80 por ação, com pagamento em 21 de maio. (Reuters)
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