Acordo com a UE deve incrementar o PIB em R$ 500 bi

Brasília – O acordo Mercosul-União Europeia vai gerar um incremento de R$ 500 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e trazer R$ 453 bilhões em investimentos adicionais ao País, em um intervalo de 15 anos.
A estimativa é do Ministério da Economia, que prevê também um impacto positivo sobre a corrente de comércio do Brasil (soma das exportações e das importações) da ordem de R$ 1 trilhão no mesmo período.
Ao comentar os dados, o secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, afirmou que o acordo representa uma “mudança de paradigma” para o Brasil, que por décadas teve, segundo ele, uma política comercial pautada pelo modelo de substituição de importações – na qual o país procura produzir a maior parcela dos bens que consome.
“Não há País que tenha ficado rico nos últimos 70 anos sem uma mola de propulsão muito vibrante no comércio exterior… e essa é uma lição particularmente importante para o Brasil”, disse Troyjo, acrescentando que Brasil e Argentina são os países do G20 que têm hoje a menor relação corrente de comércio/PIB.
Troyjo afirmou que o acordo com a UE, aliado à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – outra meta do governo Bolsonaro, permitirá que o Brasil passe a “desenvolver papel efetivo no comércio”.
O secretário destacou que o bloco também está em negociações com Canadá, Coreia do Sul e com os países do Efta (Associação Europeia de Livre Comércio, que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) e que as conversações devem ganhar força a partir de agora.
Apesar do impacto favorável, o acordo com a UE não é uma “panaceia”, disse Troyjo, salientando que a liberalização comercial está em sintonia com outras reformas do governo, como a previdenciária e a tributária.
O governo estima que o acordo levará de dois anos a dois anos e meio para entrar em vigor. Esse será o prazo necessário para que o pacto passe por uma revisão técnica e seja aprovado por todos os países europeus.
No caso do Mercosul, Troyjo disse que o bloco discute a possibilidade de autorizar que o acordo já entre em vigor para os primeiros países que aprovarem a internalização – sem a necessidade de aguardar a adesão dos demais membros.
Lucas Ferraz, adjunto do Troyjo, destacou as cotas acertadas com os europeus para as importações de frango, carne bovina, açúcar e etanol, afirmando que os valores são favoráveis para o Brasil.
No caso da carne bovina, segundo ele, a negociação vai permitir que o Mercosul passe a ser responsável por cerca de 82% do produto importado pela UE. (Reuters)
Livre comércio pode afetar a indústria siderúrgica
São Paulo – A indústria produtora de aço do Brasil criticou ontem o acordo preliminar de livre comércio assinado entre Mercosul e União Europeia, afirmando que o pacto não trará ganhos para o setor.
“Com o acordo, a indústria brasileira do aço perde a preferência em relação ao Mercosul e ainda corre o risco de ter material de países fora do bloco da União Europeia, entrando no mercado por meio de empresas da região travestido de material local”, disse o Instituto Aço Brasil (Aço Brasil).
Segundo a entidade, os produtores de aço do Brasil têm uma ociosidade de 34% na capacidade instalada devido à crise econômica do País e ao excesso de oferta mundial de aço.
“O Instituto Aço Brasil entende que as assimetrias competitivas têm que ser corrigidas o quanto antes para que a indústria brasileira do aço possa ter competitividade nessa guerra de mercado”, afirmou a entidade em comunicado.
Por assimetrias competitivas, a entidade costuma se referir a custos tributários elevados e infraestrutura deficitária que encarece a logística, entre outros fatores.
“Qualquer abertura sem corrigir assimetrias só agrava a situação da siderurgia, que já enfrenta mercado deprimido e excesso global de oferta de aço de 545 milhões de toneladas”, acrescentou a entidade.
A indústria siderúrgica brasileira tem atualmente alíquota de importação média de 12%, que será zerada após o período de transição do acordo. Segundo o IABr, a taxação atual representa proteção negativa, uma vez que “as assimetrias competitivas do país são muitas”.
De janeiro a maio, a produção brasileira de aço bruto caiu 1,5% sobre o mesmo período do ano passado, para 14 milhões de toneladas. Já as vendas de aço no País tiveram alta de 4,6%, para 7,4 milhões de toneladas.
No fim de abril, o Aço Brasil reduziu projeções de desempenho para 2019 após um primeiro trimestre abaixo do esperado, em meio à decepção com o ritmo da economia brasileira e aumentos de custos ligados ao desastre da mina da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em janeiro.
A projeção aponta crescimento de 2,2% na produção de aço bruto do país, a 36 milhões de toneladas, ante estimativa divulgada em dezembro de alta de 2,7%. A expectativa da entidade para as vendas no mercado interno é de alta de 4,1% este ano, a 19,6 milhões de toneladas de aço. No fim de 2018, a previsão do Aço Brasil era de avanço de 5,8% nas vendas internas.
No domingo, Bolsonaro afirmou que o acordo do Mercosul com a UE deverá entrar em vigor em até três anos. (Reuters)
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